Pacientes com Covid-19 pioram se tiverem um alto nível de açúcar no sangue, indica estudo

Mesmo indivíduos que não têm diabetes podem correr mais risco de intubação e de morte caso não tenham sua glicemia controlada.

Fonte: Revista Galileu

Pessoas hospitalizadas devido à Covid-19 podem ter um quadro mais grave da doença e até mesmo chegar a óbito caso tenham um alto nível de açúcar no sangue, independentemente de serem diabéticas ou não. Essa é a conclusão de um novo estudo do Centro Médico da Universidade do Estado de Nova York (SUNY, na sigla em inglês) cujos resultados serão detalhados na conferência anual ENDO 2021, da organização médica americana Endocrine Society.

A pesquisa se destaca por contar com uma maioria de participantes negros. De acordo com Samara Skwiersky, médica da Universidade do Estado de Nova York e autora principal do estudo, análises anteriores sobre a relação entre a hiperglicemia e a Covid-19 não haviam focado nesse grupo, apesar da pandemia tê-lo afetado desproporcionalmente – um relatório da amfAR publicado em maio de 2020 apontou que 52% dos casos e 58% das mortes por Covid-19 nos Estados Unidos foram de pacientes negros, e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país aponta que o risco de infecção, hospitalização e óbito para esses indivíduos é maior do que aquele que pessoas brancas enfrentam.

O novo estudo acompanhou 708 adultos com Covid-19 que foram internados no hospital da SUNY, sendo que 89% deles eram negros. Aproximadamente metade dos pacientes eram homens, e 54% deles tinham um histórico de diabetes do tipo 1 ou do tipo 2.

Como é recomendado que diabéticos mantenham os níveis de glicose no sangue entre 140 e 180 miligramas por decilitro (mg/dL) durante sua hospitalização, os pesquisadores dividiram os participantes da pesquisa em dois grupos: um com aqueles que tinham níveis de glicose inferiores a 140 mg/dL e outro com os indivíduos que apresentavam números inferiores a 180 mg/dL.

Assim, os médicos perceberam que os pacientes com diabetes cujos valores de glicose no sangue ultrapassaram os 140 mg/dL ao serem internados tiveram uma chance 2,4 vezes maior de ficar em uma unidade de terapia intensiva (UTI) e de precisar de intubação quando comparados àqueles cujos níveis de glicose eram mais baixos. Além disso, pacientes com diabetes cujos níveis de glicose eram superiores a 180 mg/dL ao chegarem no hospital tinham uma chance aproximadamente duas vezes maior de óbito hospitalar.

Porém, o risco de morte também aumentou duas vezes para os pacientes que não tinham diabetes, mas cujos valores de glicose ultrapassavam 140 mg/dL. Esses indivíduos ainda tinham uma chance 3,5 vezes maior de admissão na UTI e um risco 2,3 vezes maior de intubação e de lesão renal aguda.

Skwiersky também apontou que os pacientes não-diabéticos cujos níveis de glicose no sangue ultrapassavam 180 mg/dL tinham um risco de morte quatro vezes maior, uma chance quase três vezes maior de transferência para UTI e perigo 2,7 vezes maior de intubação.

Segundo a autora principal do estudo, ainda não está claro se a hiperglicemia é um resultado ou é a causa de um quadro grave da doença causada pelo novo coronavírus. No entanto, ela reforça que pacientes com Covid-19 precisam de um cuidado especial em relação a esse aspecto enquanto estiverem hospitalizados. “Os resultados do nosso estudo reiteram a importância de monitorar regularmente a glicose no sangue em pacientes hospitalizados com Covid-19, mesmo sem um diagnóstico prévio de diabetes”, ela alertou em um comunicado.

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