Construir uma reserva financeira não precisa ser um privilégio de quem é rico ou recebe um salário alto. É possível, sim, economizar mesmo ganhando pouco.
A prática de guardar dinheiro não é bem disseminada no Brasil, onde apenas um terço da população (32%) declarou que conseguiu poupar parte de sua renda no ano passado, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Veja quatro dicas imprescindíveis para quem quer contar com uma segurança financeira –e ainda continuar no azul no fim do mês.
Antes de começar, a primeira ideia que é importante ter em mente é que, assim como funciona com uma pessoa sedentária que acaba de se matricular na academia, os resultados chegam aos poucos e depois de algum trabalho. Por isso, tenha paciência.
1. Conheça a sua realidade
Não tem como fugir. O primeiro passo possível para construir um plano eficiente visando economizar é saber quanto entra e quanto sai de dinheiro da sua conta no mês.
Portanto, para começar, faça uma lista de todos os seus gastos mensais, desde as contas essenciais até a fatura do cartão de crédito.
“Quando falo ‘anote tudo’ é tudo mesmo: o dinheiro gasto com aquele corte de cabelo também tem que estar na lista. Até os pequenos gastos podem fazer toda a diferença no final do mês”, diz o contador Murilo Duarte, mais conhecido como Favelado Investidor, nome do seu canal de finanças do Youtube.
Depois de fazer essa lista, é hora de verificar o que pode ser cortado. Priorize o pagamento das contas essenciais e os parcelamentos. Se possível, tente adiantar o pagamento de algumas parcelas; dessa forma você evita uma bola de neve.
2. Priorize objetivos, crie metas e avise a família
Para gerenciar melhor o seu dinheiro, é essencial fazer planos para alcançar seus objetivos. Em seguida, coloque data de quando poderá realizá-los –isso ajuda a priorizar os mais importantes.
“Estabeleça prioridades entre os sonhos que pretende realizar, pois na vida tudo tem origem e destino. Por isso, é essencial traçar metas do destino que pretende dar ao seu dinheiro”, diz Dina Prates, educadora e consultora financeira.
Com objetivos e metas claras em mente, é importante avisar quem mora com você, sobretudo quando mais de uma pessoa depende da sua renda.
Segundo Prates, é necessário estabelecer diálogos com os filhos, por exemplo, sobre a situação financeira em que a família se encontra. Além de poder ter aliados na tarefa de construir reservas, essa atitude pode contribuir na construção de um adulto mais organizado com o próprio dinheiro no futuro.
“Se uma criança de quatro anos já sabe a função de um cartão de crédito, por que não falar sobre? Quanto mais cedo começar a falar sobre dinheiro e metas financeiras, mais fácil será para a criança entender o valor do dinheiro e, futuramente, saber administrá-lo”, diz Prates.
3. Respeite o seu ritmo
Para começar a guardar dinheiro não é preciso ter muito. A administradora e educadora de finanças Nathalia Rodrigues, popularmente chamada de Nath Finanças, defende que R$ 10 por mês já bastam. O importante é que o valor reservado não impacte nos pagamentos das contas essenciais.
Nath conta que levou três anos para montar sua reserva financeira. “Já passei por situações inesperadas em que pude recorrer à minha reserva de emergência, o que foi fundamental para que eu pudesse ter uma segurança financeira”, diz.
Para quem nunca fez um planejamento financeiro, abrir mão de uma quantia, ainda que pequena, pode ser mais difícil. Por isso, Nath ressalta que é possível adaptar os métodos tradicionais e pensar numa reserva para um prazo mais curto. “Você pode começar criando uma reserva de 15 dias ou de um mês, pois a construção de novos comportamentos financeiros pode ser feita aos poucos”, diz.
4. Invista seu dinheiro
Há investimentos para todos os tipos de perfis. Mas, para quem está começando, tem pouco dinheiro e, ainda assim, não quer deixar as economias paradas na conta corrente, um bom caminho é apostar na renda fixa, cujo risco é muito baixo.
“Para quem é iniciante, investimos em renda fixa, como títulos do Tesouro Direto, CDBs e CDI, são a melhor opção”, indica Amanda Dias, jornalista de economia e criadora do Grana Preta.
Com R$ 30 reais, já dá para investir em títulos do Tesouro, por exemplo. E a liquidez desses investimentos pode ser diária. Só não esqueça de verificar as taxas de cada um deles.
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