A idosa Maria das Graças de Sousa Rodrigues, 74 anos, foi resgatada nessa terça-feira (13) após ser encontrada em situação de cárcere privado e sofrendo maus-tratos, segundo a polícia. Ela é maranhense e estava numa casa da rua Breno Acioli, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Seu município de origem não foi informado, até o momento.
A idosa só foi encontrada graças a uma sobrinha que a procurava e ligou para uma vizinha para saber sobre a tia.
A sobrinha denunciou o caso na 43ª DP, em Guaratiba, e, nesta terça, ajudou os policiais a localizarem o endereço – que fica a 900 metros da delegacia.
Maria das Graças de Sousa Rodrigues deixou o Maranhão em 1969, a procura de uma vida melhor e perdeu o contato com a família, que ainda vive no Maranhão.
Há dois anos, uma sobrinha dela deu início a uma longa busca, cujo desfecho provocou um misto de alegria e tristeza na moça. A idosa foi resgatada pela polícia vivendo em condições subumanas com outra mulher, numa casa em Guaratiba, junto a mais de 40 cachorros. Além de muitas fezes no quintal, havia até um pequeno cemitério de animais nos fundos do imóvel, com direito a lápides, onde foram encontradas algumas ossadas de bichos.
Segundo a polícia, a dona do imóvel vai responder por cárcere privado, entre outros crimes.
Vizinha ajudou na localização
Ao saber que o número não correspondia ao endereço que tinha, a sobrinha pediu para que a vizinha, Leandra da Costa, fosse até o local para tentar achar a idosa.
No local, Leandra encontrou uma senhora franzina, muito magra e debilitada, vestindo trapos e cercada de cachorros.
Ao perguntar se ela morava ali, ouviu que sim, mas ao pedir para que ela saísse para conversarem melhor, ouviu que não tinha acesso à chave e que “Dona Therezinha” não deixava ela sair, nem gostava que ela falasse com alguém.
Patroa não deixava falar
“Dona Therezinha” é Therezinha da Silva Moraes, de 82 anos, responsável por manter Maria das Graças presa em condições precárias.
Therezinha afirmou à reportagem que Maria estava bem e que os vizinhos preocupados com a situação da senhora estavam mentindo.
Segundo a polícia, ela deve ser indiciada por cárcere privado e maus-tratos.
“Eu recebi o telefonema da sobrinha dela, publiquei a história nas minhas redes sociais para ver se alguém sabia de algo no endereço e, como ninguém falou nada, fui lá pessoalmente. Até agora não sei o que me deu para insistir nessa história e ir atrás, mas estou muito feliz de ter conseguido tirar dona Maria daquele lugar”, contou Leandra.
A vizinha contou ainda que após a primeira abordagem na casa, a idosa disse que ia ver com a “patroa”, que também morava no mesmo endereço, se podia sair para conversar, mas não voltou mais.
“Eu insisti, mas ela não voltou. Depois, voltei à noitinha, insisti e ela veio. Perguntei se ela queria ajuda para sair dali e ela disse que sim”, disse.
Após o resgate, dona Maria das Graças reencontrou os parentes na delegacia.
“A alegria foi por ter encontrado a minha tia e a tristeza, por saber das condições em que ela se encontrava. Mas, pelo menos está viva. A ideia é trazer ela de volta para o Maranhão para poder aproveitar o final da velhice em paz ao lado das pessoas que gostam dela”, comemorou a enfermeira Raquel Rodrigues de Castro Belfort, de 46 anos.