Ainda que em ritmo lento e muitas vezes prejudicada pela falta de insumos e doses, a vacinação em massa de sua população é mesmo a grande saída para o Maranhão superar a grave crise de saúde pública e os prejuízos à economia causados pela Covid-19 que, em março deste ano, registrou o maior índice de mortes no estado e, em abril, já supera o número de nascimentos na região.
Este é o caminho que apontam os dados de óbitos contabilizados pelos Cartórios de Registro Civil do Maranhão, que mostram uma redução de 48% nas mortes de pessoas entre 90 e 99 anos; de 55% entre aquelas de 80 a 89 anos e de 7% entre os que possuem entre 70 e 79 anos – este último grupo ainda em período de quarentena entre as aplicações de doses e efeito da vacina -, na comparação entre a média de óbitos destes grupos desde o início da pandemia e os primeiros 15 dias do mês de abril deste ano.
Os idosos da faixa etária entre 90 e 99 anos representavam, em média, 4,3% do total de mortos pela Covid-19 desde o início da pandemia. Em março, já com os primeiros reflexos da vacinação para esta idade, passaram a representar 2,7% dos óbitos e, nos primeiros dias de abril, 2,2% do total de falecimentos. A faixa entre 80 e 89 anos, passou de uma média de 23,8% do total de mortos para 13,4% em março, e para 10,7% em abril, dando início a uma redução nessa faixa etária. Já os óbitos entre a população de 70 a 79 anos que, em muitos Estados, acabou de receber a 2ª dose da vacina, teve uma redução de 7%, passando de uma média 26,3% do total de óbitos para 24,5% em abril.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Mais jovens estão morrendo
Se no começo da pandemia, a faixa etária de pessoas com idades entre 60 e 89 anos eram aquelas que proporcionalmente mais vinham a óbito causado pelo novo coronavírus no Maranhão, este cenário começa a se alterar, com o aumento proporcional de mortes entre pessoas de faixa etária mais jovem, que vão dos 20 aos 59 anos. A mudança teve início em fevereiro, com aumento em março, que se mantém nos primeiros dias de abril.
Os óbitos de pessoas com idades entre 20 e 29 anos, que até o mês de março representavam, em média, 1,52% dos falecimentos por Covid, passaram a ser quase 2,6% em abril, o que representa um crescimento de 76% no número de mortes. Já a quantidade de óbitos de pessoas entre 30 e 39 anos, que representavam, em média, 3,85% das mortes, subiram em abril para 8,4%, crescimento de 120% no número de mortes por Covi-19.
A faixa de pessoas entre 40 e 49 anos foi um pouco menos afetada pelo aumento no número de falecimentos causados pela nova fase da pandemia. Em janeiro de 2021, representavam 8% dos óbitos causados pela doença. Em fevereiro passaram a representar 9,37%, em março subiu para 10,3% e, nos primeiros dias de abril, representam 8,4% do total de mortos pela doença no Estado. Em relação à média de óbitos desde o início da pandemia, esta faixa etária, que representava 7,1% dos óbitos, registrando aumento de 19% do número de mortes nos primeiros dias de abril.
As pessoas com idade entre 50 e 59 anos representavam, em média, 11,1% do total de mortes pelo novo coronavírus no primeiro ano completo da pandemia. Em fevereiro passou a representar 12,9%, em março para 16,7% e, nos primeiros dias de abril se manteve no mesmo patamar de 16%, porém o número continua elevado, já que representam um total de 44% do total de mortes pela Covid-19.
Em contrapartida, a população com idade entre 60 e 69 anos, que começa agora a entrar no calendário de vacinação no estado, segue sendo bastante afetada pela Covid-19 nesta 2ª onda da pandemia. Em abril de 2020 representavam, em média, 21,1% dos óbitos por Covid no Maranhão. Este número vem subindo nos últimos meses, passando para 26,3% em março deste ano, mantendo-se em 26% na primeira quinzena de abril, o que representa um aumento de 30% nos óbitos causados pela doença em relação à média desde o início da pandemia.