Em 2019, cerca de 4,3 milhões de estudantes em todo o país não tinham acesso à internet, seja por razões econômicas ou indisponibilidade do serviço na área em que vivem. Desse total, 4,1 milhões são alunos da rede pública. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad), que investigou no último trimestre de 2019 o acesso à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
Entre os principais motivos para alunos da rede pública não possuírem internet em casa estão o custo do serviço, falta de conhecimento sobre como usar e indisponibilidade do produto. “Considerando a rede de ensino, vimos algumas diferenças importantes. Enquanto os estudantes da rede privada, 98,4% utilizaram internet, entre os estudantes da rede pública o percentual era menor, 83.7%”, avaliou a analista da Pnad Contínua TIC do IBGE, Alessandra Brito.
As diferenças regionais no uso da Internet são mais marcadas entre os estudantes da rede pública. Assim, enquanto nas regiões Norte e Nordeste o percentual de estudantes da rede pública que utilizaram a internet foi de 68,4% e 77%, respectivamente, nas demais regiões este percentual variou de 88,6% a 91,3%.
Quando são considerados apenas os estudantes de ensino privado, o percentual ficou acima de 95% em todas as grandes regiões, alcançando praticamente a totalidade dos estudantes nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
No início da pandemia de coronavírus no Brasil, as desigualdades sociais e de ensino foram evidenciadas. Professor de ensino fundamental em uma escola pública do Distrito Federal, Bruno Rodrigues, pontuou que os alunos sem acesso à internet são os mais prejudicados na modalidade de ensino virtual.
“Infelizmente tenho alguns alunos que por falta de aparelho celular ou computador não tem acesso às aulas online e, infelizmente, só tem à disposição atividades e conteúdo impresso sem a intermediação do profissional especializado [professor]”, frisou.
94,7% dos alunos utilizam o celular para estudar A pesquisa do IBGE observou que entre os equipamentos com internet utilizados pelos estudantes estão o microcomputador (56,0%), televisão (35,0%) e tablet (13,4%). Esses percentuais para não estudantes ficaram em 43,4%, 31,0% e 10,1%, respectivamente. O telefone móvel celular foi usado pelas duas categorias, estudantes e não estudantes, totalizando 97,4% e 98,9%, nesta ordem.