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Casa FloreSer acolhe e dá assistência para população LGBT do Maranhão

O projeto existe desde fevereiro deste ano e abriga público em situação de vulnerabilidade.

Fonte: Luciene Vieira

Sidny Serra, que é dragqueen e cabeleireira, vive na Casa FloreSer, primeiro abrigo do Maranhão, mantido pelo Instituto Raissa Mendonça, para o acolhimento à população LGBT. A residência fica na Rua Fé em Deus, no bairro Bangalô, em São José de Ribamar. O local é também um centro cultural, que planeja oferecer oficinas diversas, aulas de língua estrangeira e encaminhamento ao mercado de trabalho. Atualmente, já oferece apoio jurídico, médico e psicológico.

Sidny informou que até a Casa FloreSer ser inaugurada, no dia 27 de fevereiro deste ano, ela morava em uma quitinete no bairro do Barreto, em São Luís. “A maioria da minha clientela é formada por senhoras idosas de até 80 anos. Em meio à pandemia de Covid-19, seria imprudência minha continuar indo a casa delas, ou recebendo-as no meu salão. Mas esta minha consciência sobre o isolamento social me trouxe consequências, eu fiquei desabastecida de alimentos e com contas para pagar. Eu não tinha mais dinheiro”, informou Sidny.

Atualmente, Sidny mora com outras duas pessoas na Casa FloreSer. O espaço está voltado, também, para a população LGBT expulsa de casa, que vaga pelas ruas, ou apenas que esteja se sentido excluída da sociedade, pela condição de ser gay, lésbica, bissexual ou transexual.

Um dos hóspedes, além de Sidny, é uma vítima de Acidente Vascular Cerebral (AVC), que perdeu a coordenação motora em um lado do seu corpo. “Esta pessoa nos procurou, devido suas limitações físicas, fazendo-a se sentir um ‘peso’ para sua própria família”, informou Lohanna Pausini Lopes, que é vice-presidente do Instituto Raissa Mendonça e secretária de Comunicação e Articulação Política da Associação Maranhense dos Travestis e Transexuais.

Há, ainda, o caso de uma profissional do sexo que, segundo Lohanna, foi espancada em uma via pública da região metropolitana de São Luís, e teve que ser internada em um hospital, mas recebendo assistência da Casa FloreSer.

“Quando a paciente tiver alta, ela virá morar na casa, pois ela não tem vínculos familiares, devido seu estilo de vida”, disse a vice-presidente.

Ainda segundo Lohanna Pausini, a Casa FloreSer é um estágio na vida dos hóspedes, um apoio para tirá-los de situações de vulnerabilidade. Ela não disse o período de permanência estabelecido na residência de acolhimento à população LGBT, mas deixou claro que o prazo é conforme a realidade de cada pessoa.

Para atender o público do projeto, a vice-presidente informou que há hoje uma rede de profissionais voluntários formada por dois advogados, uma assistente social, dois psicológico e três médicas, uma delas na especialidade de infectologista. Lohanna explicou que o projeto é para o Maranhão, mas ainda não existem parcerias, e custos para habitar o local são caros.

“Temos sete quartos, a maioria está vazio, pois não temos ainda como manter a capacidade máxima da residência. Falta em alguns dormitórios a mobília. Estou na correria por parcerias, pois além de mobiliar os quartos, precisamos ainda colocar em prática as oficinas de capacitação profissional, e cursos de cabeleireiro, maquiagem, cozinha e panificação”, pontuou Lohanna Pausini.

PADARIA COMUNITÁRIA

“As pessoas inscritas neste projeto, ainda na fase de idealização, vão se profissionalizar na fabricação de pães, que será feita no terreno ao lado da Casa FloreSer, onde construiremos um anexo. Se chamará padaria comunitária, pois doaremos a produção para a comunidade de Bangalô”, informou a vice-presidente.

“Oferecer perspectiva para os residentes é um dos nossos maiores objetivos. Acabamos de fechar uma parceria para dar formação continuada para mulheres trans. Mas a manutenção de tudo só é possível com a ajuda de voluntários e de doações”, disse.

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