Empresa norte-americana vai utilizar a Base de Alcântara para lançar veículos espaciais

A previsão é que o primeiro voo orbital seja lançado em território brasileiro no primeiro semestre de 2022.

Fonte: Aquiles Emir / Aero Magazine

A empresa norte-americana Virgin Orbit está entre as selecionadas para realizar lançamento de veículos espaciais a partir de Alcântara, no Maranhão. O projeto faz parte da iniciativa do Governo Federal em viabilizar economicamente a instalação ligada a Agência Espacial Brasileira (AEB).

A Virgin Orbit poderá assim realizar o lançamento de veículos espaciais não governamentais do tipo orbital e suborbital no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), a principal instalação brasileira destinada a missões espaciais.

A previsão é que o primeiro voo orbital seja lançado em território brasileiro no primeiro semestre de 2022.

Curiosamente, a Virgin Orbit utiliza um Boeing 747-400 modificado, empregando o sistema LauncherOne, que serve como um avião de lançamento. O objetivo principal é a redução de custos no lançamento espacial, já que exige menor volume de combustível no foguete que é lançado em grandes altitudes e com maior velocidade.

O lançamento ocorre através de um suporte instalado no ponto de ancoragem do quinto motor do 747, originalmente projetado para transporte de motor sobressalente, que faz o lançamento similar ao empregado em mísseis.

Além disso, o uso de aeronave como principal plataforma de lançamento oferece a possibilidade do sobrevoo em uma infinidade de pontos do planeta, buscando a melhor posição geográfica para atender as necessidades da missão.

“Não há lugar melhor no planeta do que Alcântara para um local de lançamento equatorial. E com centenas de quilômetros de alcance cruzado em nossa plataforma de lançamento voadora, o potencial é ilimitado. Estamos ansiosos para trabalhar com nossos colegas da AEB e da FAB para trazer essa nova capacidade vital para Alcântara”, disse Dan Hart, CEO da Virgin Orbit.

A além da Virgin Orbit, outras empresas como a canadense C6 Launch e as norte-americanas Hyperion e Orion AST também irão atuar em Alcântara, e seguem para a fase de negociação contratual junto à Aeronáutica.

A plataforma de lançamento de Alcântara também servirá para a realização de missões com a finalidade de coleta de lixo espacial operados pelas empresas C6 Lauch e a Orion AST. Um dos maiores desafios das empresas que atuam no segmento espacial é o acumulo cada vez maior de lixo orbitando o Planeta. O projeto de recolhimento de detritos, que variam de poucos centímetros até satélites completos, poderá abrir um novo mercado para diversos operadores e para o Brasil.

Saiba mais

Localizado a cerca de 100 quilômetros de São Luís, no município de Alcântara, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) foi inaugurado em 1º de março de 1983 com a finalidade da criação de um apoio logístico e de infraestrutura local como alternativa ao Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), localizado no Rio Grande do Norte, em decorrência do avanço urbano em suas proximidades, o que limitava a realização dos trabalhos e ampliações da base.

Considerada umas das melhores localizações do mundo por conta da sua posição 2° abaixo da linha do equador, o Centro de Lançamento de Alcântara favorece o menor consumo de combustível para o lançamento de satélites, que pode chegar em até 30% se comparado com bases de lançamentos em localizações com latitudes maiores.

Outra característica é que sua disposição favorece lançamentos em todos os tipos de órbita, desde equatoriais até polares. Além disso, o clima estável, com médias aceitáveis na velocidade de ventos, permite lançamentos em praticamente todos os dias do ano.

Apesar de tantos pontos favoráveis, em 22 de agosto de 2003, o Centro de Lançamento de Alcântara protagonizou o capítulo mais triste de sua história com a explosão do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1 V03) por volta das 13h30, três dias antes do seu lançamento, matando 21 técnicos. Após um ano de investigações, foi constatado um acionamento prematuro como a principal causa.

Desde então o Brasil retirou grande parte dos seus investimentos no programa espacial, ainda que tenha tentado alguns acordos internacionais, todos sem sucesso e de elevado custo.

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