Contribuições do empreendedor Inácio Melo para o debate público e desenvolvimento econômico em tempos de crise – Segunda e última parte

É fundamental que o estado opere como grande incentivador do reaquecimento da economia.

Fonte: Inácio Melo

Queria iniciar agradecendo a tantas manifestações de carinho e apreço que recebi durante a semana, após a publicação do meu primeiro texto dessa minha nova jornada como colunista do Jornal Pequeno. Foram tantas mensagens de afeto, foram tantas críticas positivas e inclusive muitas ponderações construtivas que “mais pra frente” podem virar tema de outras colunas. Agradeço fraternalmente a cada um em especial, pois me tocou a manifestação de amigos empreendedores e empreendedoras.

Espero que minha presença aqui nestas páginas seja motivadora para que outros amigos e amigas da iniciativa privada se sintam convidados a vir a público expor nossas ideias e angústias. E, com isso, de forma clara, e de uma vez por todas mostrar que quem quer empreender nesse país não é e jamais será inimigo, e sim somos aliados prioritários do Brasil e do nosso Maranhão.

Dito isso, retomo à última parte do texto do sábado passado, em que falava da importância do estado como fio condutor da economia do país. Deixo claro, aqui, que vejo como um problema gravíssimo o fato de muitos jovens olharem a carreira no serviço público como a única ou principal saída para o mercado de trabalho. Todas as vezes que vejo milhares de jovens competindo por uma vaga no serviço público no país percebo ali uma falha, pois é impossível que a máquina estatal absorva toda essa mão de obra. É ruim que o estado brasileiro seja o maior contratante do país, é ruim que cidades vivam exclusivamente do “contracheque”, seja do governo do estado ou da prefeitura. Esse modelo tem limitações e problemas. Repito; a máquina estatal não tem como absorver toda essa mão de obra. Logo, é fundamental que o setor produtivo cresça; comércio, indústria, terceiro setor, agricultura, são estes segmentos que podem tornar o país mais rico.

Como Brasília pode ter renda per capita tão alta sem uma única fábrica? Bem, isso não quer dizer que não defendo o estado e sua ação forte sobre setores como saúde, educação e segurança, não se trata da velha disputa do “estado mínimo X estado máximo”. Quanto mais ágil e mais forte o estado, melhor ele será para quem quer gerar emprego e renda. Só tem uma questão que altera momentaneamente essa função da máquina estatal, e não é uma questão pequena; a pandemia. A maior provação que nossa geração enfrentou e provavelmente enfrentará. Nesse cenário, é fundamental que o estado opere como grande incentivador do reaquecimento da economia, e essa afirmação não é nem nova nem genial.

Os EUA devem gastar cerca de US$ 1,9 trilhão de dólares em estímulos para impulsionar a economia pós pandemia. Europa estima plano ousado para acelerar o setor produtivo, operando como bloco pela primeira vez em sua história. A União Europeia se endividará para financiar um estímulo econômico extraordinário com 390 bilhões de euros em subvenções e 360 bilhões em créditos, tudo com os estados nacionais sendo os grandes indutores do crescimento econômico. A China projeta crescimento de dois dígitos já a partir do ano que vem.
Imaginem o mundo inteiro crescendo de forma acelerada e o Brasil cambaleando em entraves fiscais, em dezenas de infindáveis e por vezes até duplicados tributos, insegurança jurídica e caos político? Imaginem o cidadão ter um dinheiro guardado, o mundo inteiro avançando, e o medo de investir no Brasil por que não se saber se amanhã a “jurisprudência” de tal imposto será a mesma de hoje? Temos que enfrentar esses problemas se quisermos subir na locomotiva do crescimento mundial, que vira após a brutal tempestade que está sendo o Covid-19.

Se não bastasse os muitos entraves que citei, ainda temos um problema; ao que tudo indica, muitos economistas brasileiros vão continuar defendendo o teto de gastos. Vejam os exemplos citados, no mundo inteiro os estados nacionais serão os grandes fomentadores da economia, de forma a dar um empurrão no setor produtivo. Não se trata de forma alguma de defender facilidades a empresários, estou me referindo ao estado brasileiro, olhar o pós Covid-19 e compreender que o momento não é de medidas econômicas acanhadas. Precisamos do estado como condutor de políticas públicas nacionais e que com grandes obras favoreçam a circulação de riquezas pelo país e, principalmente, que com esses investimentos passe segurança aos empresários, pois se após a maior pandemia do século e quiçá a maior da história da humanidade o governo não investir no próprio país, como os empresários vão ter confiança de investir se nem o próprio governo o faz?

Inácio Melo – empreendedor

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