O Maranhão precisa de mais “Karolícias”, aponta o empreendedor Inácio Melo 

O poder público tem que incentivar negócios como este, ter uma tributação mais simples e quiçá até subsidiar empresas nesse formato.

Fonte: Inácio Melo

Na última segunda-feira, passando pelo Bairro da Cohama, a caminho da casa de uma família de amigos queridos, que eu não via desde o início dessa provação que é a pandemia de COVID-19, parei em uma “lanchonete”, um empreendimento bonito, limpo, agradável e comprei um “salgado”. Pedi para o produto ser embalado para viagem e saí.

O lugar chamou a minha atenção pelo atendimento e qualidade do produto. Fiquei curioso e fui buscar informações para saber mais sobre aquela empresa, e nessa “pesquisa” eu fiquei ainda mais surpreendido. Tudo nas redes e no modelo desse negócio parece perfeito. Lógico que deve enfrentar problemas e dificuldades, porém ainda assim a forma do negócio, o conteúdo nas redes e a qualidade do produto formam uma união que impressiona.

Aqui registro que não conheço a proprietária e nem nenhum funcionário, de forma que este não é um texto de publicidade do negócio em si, mas um relato de um consumidor que também é empreendedor e por isso torce e faz coro com aqueles que ficam felizes quando negócios como este prosperam.

Nas redes sociais, a empresa e sua proprietária dão show de leveza, interação e muito bom humor que fazem você ficar preso nas páginas do empreendimento. São vídeos de receita até “couver” de cantoras famosas. Nos relatos dos funcionários dá para perceber a integração e o apego com a proposta da empresa.

Eu imagino a quantidade de desafios que uma empresa desse porte e principalmente desse segmento deve enfrentar, ainda assim o “show de bola” que o estabelecimento apresenta nas redes sociais dá aula em muita empresa grande e com mais estrutura.

Há também uma questão que vislumbro como a maior contribuição da “Karolícias” a São Luís e ao estado do Maranhão, e essa contribuição é o exemplo e inspiração. Vamos pensar nas seguidoras dessa empresa que veem uma jovem que não tem berço de ouro, que começou uma empresa pequena na cozinha de familiares e hoje, com seu esforço, ostenta um respeitável sucesso e já opera algumas lojas. Jovens podem olhar para esse exemplo e se espelhar. Isso não tem preço! Centenas de seguidores dessa empresa e de sua proprietária podem olhar, tê-la como referência e pensar: “Eu também posso”.

Esse modelo de negócio é inspirador. O poder público tem que incentivar negócios como este, ter uma tributação mais simples e quiçá até subsidiar empresas nesse formato. Um jovem e uma jovem que pretendem empreender devem ser amparados pelo estado, pois desse empreendimento surgem diversas oportunidades, não só de emprego e renda, o que por si só já bastaria o incentivo, mas além disso a mudança de mentalidade da população, principalmente dos mais jovens que olhando a “Karolícias” deixaram de lado a ideia de que o sucesso só vem com concurso público ou se tornando um servidor do estado.  Como afirmei nesta coluna nos dois últimos sábados, esse modelo voltado apenas para o funcionalismo público não é sustentável e muitas vezes torna a pessoa dependente.

Eu não tenho a menor dúvida que o poder público deve ser o grande indutor do crescimento econômico e não ele como grande contratante de mão de obra, mas como “fomentador”, incentivando, apoiando, facilitando a vida e até financiando empreendimentos como este dessa jovem empresária maranhense.

No Brasil surgem milhares de novas empresas a cada ano. Entretanto, segundo o IBGE, 21 % delas fecham após o primeiro ano e 60% encerram suas atividades com menos de cinco anos de vida, ou seja, ser uma “Karolícias” no Brasil não é fácil.

A importância de exemplos como o da Karolicias para o Maranhão em especial para São Luís é ainda mais importante como mostram dados da Data Sebrae que afirma que 93% dos negócios formais existentes em São Luís são micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais. Segundo pesquisas, existem cerca de 87,9 mil empresas ativas na capital maranhense, sendo que desse total, 82,1 mil são micro e pequenas empresas. Esses números mostram que temos sim um povo que quer empreender, inovar e com seu próprio esforço gerar seu sustento e garantia de emprego e renda para outras pessoas. Porém, o que falta? Sem dúvida já temos alguns incentivos estatais para quem quer empreender, o SEBRAE e o próprio governo do estado já têm iniciativas nesse sentido. Precisamos ser mais ousados. Nosso estado precisa incentivar ainda mais a vida das “Karolícias” em potencial que devem estar por aí por todo o Maranhão sonhando e lutando para crescer, pois precisamos de mais Karolícias.

Inácio Melo, Empreendedor

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