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Os 70 anos de resistência do Jornal Pequeno

A longa caminhada completa sete décadas, com fôlego para ainda outras incontáveis estações.

Fonte: Redação

Entre alguns colóquios contemplativos que vagueavam por sua mente intrépida, Juahrez Alves recitou uma singela epígrafe que pode resumir o espírito embrionário do Jornal Pequeno: “Sem jornalismo não há revolução”. Há 70 anos, em plena efervescência da Ilha Rebelde, o Órgão das Multidões brotava com propósitos definidos, idealizado por um jovem cheio de sonhos, visão e coragem.

No Maranhão de 1951, quando a população se informava predominantemente pelos jornais da época, havia várias versões sobre um mesmo fato, pautadas pelos governistas e oposicionistas. E ainda tinha os que se pautavam ao sabor das ondas pecuniárias do momento!

Repórter da época, Ribamar Bogéa teve que engolir fatos, verdades que não podiam ser ditas. Certa vez, quando insistiu em publicar certas verdades, ouviu do dirigente de um jornal em que trabalhava: “Publique isso quando você tiver seu próprio jornal…”. Uma afronta que serviu como incentivo.

No início, páginas dedicadas amplamente ao esporte, escassas variedades; porém, sinceridade, ponto de equilíbrio, sem factoides, fatos tais como aconteciam. Postura que o fez crescer e se firmar perante a opinião pública.

“Jornal que diz verdades é o Pequeno / Jornal que tem coragem é o Pequeno / enfrenta os poderosos é o Pequeno / Jornal das Multidões é mesmo o Pequeno…”, diz um trecho hino do Órgão das Multidões, de autoria de Bogéa, eternizado por tantas gerações.

Ribamar Bogéa construiu os pilares do Jornal Pequeno projetando passos que definiriam o rumo da sua obra por muitos anos. O compromisso com a verdade era a sua lei e as páginas do matutino nunca permitiram que os fatos fossem burlados. Zé Pequeno e seus ideais. Ninguém seria capaz de deteriorá-los.

Anos que nunca foram fáceis. Deus e o povo do Maranhão como testemunhas. Empastelamentos, processos, ameaças de prisão… Podemos dizer que somos vencedores, mesmo sem termos um ponto de chegada, já que o futuro é longo, amplo e incerto.

70 anos depois, o Maranhão não tem mais um Vitorino Freire, nem José Sarney – mesmo com toda a sua influência pujante entre presidentes e ex-presidentes. Outra época.

Abriram-se alguns jornais, rádios e televisões, outros fecharam as portas. A era digital chegou como uma onda alucinante. Centenas de sites de notícias, blogs e blogueiros montaram a sua banca na internet, mas o Jornal Pequeno, do saudoso Ribamar Bogéa, ainda permanece de forma inexorável como trincheira da liberdade de imprensa no Maranhão.

São 70 anos. Muitos eventos históricos contados, incontáveis notícias escritas e tantas personalidades marcantes, que emprestaram suas linhas para ajudar, dia após dia, a narrar a epopeia do Jornal Pequeno ao longo dos anos.

Ribamar Bogéa não está mais entre nós, porém, seu ideal permanece vivo! A tocha-símbolo dessa luta continua circulando, carregada de mão em mão pelos que o sucederam.

Lutas internas foram travadas, mas o consenso precisava prevalecer, e Dona Hilda Bogéa esteve presente para pacificar os ânimos. A companheira do eterno Zé Pequeno surgiu como fio condutor para conscientizar a todos sobre a importância de preservar o legado do seu fundador. Fatos indeléveis de uma vida.

O processo de modernização do jornal, que resistiu, mas abandonou as placas de chumbo e linotipos para se adaptar à tecnologia vigente. A integração do impresso com o virtual foi inevitável, no entanto, a essência seguiu intacta, após lutas titânicas travadas, que culminaram com a luz de Ribamar Bogéa a clarear corações e mentes dos seus sucessores. Ensinamentos que prevaleceram.

A longa caminhada completa sete décadas, com fôlego para ainda outras incontáveis estações. Afinal, o caminho trilhado por Zé Pequeno, no longínquo 29 de maio de 1951, foi apenas o ponto de partida para uma inspiração que vislumbra mais 70 anos. Sua bênção, Bogéa!

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