Um garoto de 15 anos, que mora na cidade de Feira de Santana, cidade que fica a cerca de 100 quilômetros de Salvador, precisa fazer uma cirurgia na coluna, para corrigir uma escoliose. A família faz um apelo para que ele consiga o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O jovem, que se chama Gabriel West, também esclerose múltipla, e vai precisar esperar até alcançar a maioridade para fazer o procedimento. Ele ainda precisa usar medicamentos ofertados pelo SUS, que estão em falta.
A esclerose múltipla é uma doença neurológica, progressiva e autoimune. As células de defesa do corpo atacam o sistema imunológico da própria pessoa, causando lesões no cérebro e na medula.
“Um caso raro, ele que é um menino, descobrimos quando ele tinha 6 anos. Um menino e negro, um caso raro mesmo. A esclerose múltipla é comum para mulheres acima de 30 anos e branca”, disse a dona de casa, Josemary West, mãe de Gabriel.
Segundo especialistas, apesar de ser mais comum em adultos, crianças e adolescentes podem desenvolver a doença.
Para retardar o avanço da esclerose múltipla, Gabriel precisa de uma medicação que só é oferecida pelo SUS. Entretanto, a mãe do garoto afirma que enfrenta dificuldades para conseguir os remédios.
“É uma doença que a gente vence a cada dia, porque tem surtos. Ele já toma medicamentos pelo SUS, que por sinal estão em falta”, disse a mãe do garoto.
“O medicamento dele está programado para chegar em outubro. Pessoas que eu conheço que me doaram três caixas e consegui esperar. Mas as três caixas não vão dar até outubro”, revelou Josemary West.
Desde novembro do ano passado, Gabriel passou a lidar com uma deformidade na coluna, que vem se agravando com rapidez. A escoliose causa curvaturas em pontos da coluna com graus muito acentuados.
No caso de Gabriel, a curvatura já ultrapassa os 90°, o que tem comprometido a qualidade de vida do garoto. Neste caso, a cirurgia é o único meio possível para o tratamento. Entretanto, o procedimento que Gabriel precisa não é oferecido pelo SUS, em Feira de Santana.
“Em Salvador, para eu conseguir, ele precisa fazer 18 anos. Eu tenho que esperar ele completar 18 anos para fazer o procedimento lá. Só que eu não sei se em três anos ele vai estar vivo para fazer a cirurgia”, disse a mãe do menino.
Por causa da deformidade, o garoto já sente dificuldades para andar. Gabriel West tem esperança de que vai conseguir fazer a cirurgia antes de alcançar a maioridade e vai poder voltar a andar de bicicleta, um dos lazeres preferido dele.
“Sinto dor na coluna, na hora de dormir. Incomoda bastante”, disse o garoto.
Para o neurologista Paulo Machado, Gabriel West tem dois grandes problemas de saúde, que necessitam de cuidado e atendimentos permanentes, mas considera que o mais urgente é a cirurgia ortopédica. Ele entende que a curvatura na coluna já atingiu um nível muito grave e que se a curvatura ficar muito acentuada, o paciente pode ter outras sérias complicações.
“O foco agora tem que ser tratar a escoliose, porque ele tem uma escoliose grave, um grau altíssimo de curvatura, comprometendo vários órgãos, como coração e pulmão”, disse Paulo Machado.
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou à TV Subaé, afiliada da TV Bahia, que o procedimento está elegível, em fila única, administradas pelos municípios.
Já a Secretaria de Saúde de Feira de Santana informou que não há solicitação de cirurgia para Gabriel West no sistema e que o critério para o atendimento de pacientes é ter idade a partir de 18 anos.
Já sobre a falta de medicamentos para a esclerose múltipla, o Núcleo Regional de Saúde informou que apura a situação.