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Por um Maranhão de oportunidades. De como os arranjos produtivos locais podem impulsionar a economia

Com uma capital muito bem localizada, o estado é bastante favorável ao mercado externo.

Fonte: Inácio Melo

Sou natural do Ceará, mas já estou no Maranhão há mais de duas décadas. No Ceará, há imensas dificuldades geográficas e hídricas, em muitos locais a seca é um flagelo que causa muitos transtornos e que já proporcionou imensos êxodos de cearenses para outros estados. Graças a Deus não foi meu caso, minha família veio para o Maranhão por outros motivos, mas algumas lições cearenses podem ser bem úteis para o caso do Maranhão.

Não querendo “chover no molhado” o Maranhão é um estado com abundância hídrica, com rios por toda parte, não tem problemas de chuva e ainda possui uma capital muito bem localizada no que diz respeito ao mercado externo. Então, por que a economia maranhense ainda patina? Seria fácil culpar os governos e ainda mais fácil culpar o atual governador Flávio Dino, mas vejam; Dino assume o governo em 2015, no meio de uma recessão que até hoje o país não se recuperou. Além da recessão tínhamos uma crise política, crise esta que ainda não superamos. O impeachment da ex-presidente Dilma, o governo Temer com a Lava Jato e a eleição do atual presidente Jair Bolsonaro fazem parte do mesmo ciclo de crises políticas com impactos na economia. E, para terminar de criar a “tempestade perfeita” que afetou o período em que Flávio Dino governa o Maranhão, ainda tivemos a pior pandemia dos últimos 200 anos, que começou em 2020, e infelizmente dura até os dias atuais.

Por isso, apesar de ponderações aqui e acolá, vejo que o governador Flávio Dino tem conseguido atravessar todo esse mar revolto com grande destreza e habilidade, pois não é fácil o cidadão governar oito anos um estado que tinha características semifeudais no meio de uma crise sem precedentes e ainda conseguir entregar o que o governador entrega. Penso, como cidadão que veio para essa terra e já se considera filho daqui, que sem as crises externas que não foram responsabilidades do governador estaríamos bem melhor.

Pois bem, essas crises não vão durar para sempre, logo passarão (com fé em Deus) e o Maranhão precisará de um projeto de desenvolvimento. Aí que volto a minha terra natal, o Ceará. Lá, as A.P.L’s ou arranjos produtivos locais têm papel fundamental no desenvolvimento do estado. De forma geral, as APLs são aglomerações de empresas de vários portes que se localizam em um mesmo espaço geográfico e que em via de regra fazem parte da mesma cadeia produtiva; se articulando para desenvolver uma atuação baseada na cooperação e interação entre si e entre entidades locais, como governo, associações empresariais, instituições de crédito, sindicatos e qualquer outra união que vise potencializar a sua produção.

No caso do Maranhão, além de cinco polos turísticos fortíssimos (Lençóis Maranhenses, Chapada das mesas, Delta das Américas, Floresta dos Guarás, São Luís) estas regiões por si só podem gerar uma cadeia produtiva local em torno destes patrimônios naturais e históricos. Ainda temos algumas áreas que podemos incentivar a produção de gêneros que já são próprios da região e que de certa forma já geram algum valor. Vejamos o exemplo da baixada maranhense. Naquela região, o fomento da pesca sustentável e do associativismo pode tornar mais eficiente e sem interferir nas tradições e vocações locais, aumentar a produção de pescado e derivados. Isso, se feito como política pública, tem o poder de mudar a vida de toda uma região que hoje é dependente quase exclusivamente do poder público. Produção, criação, beneficiamento, agregar valor ao produto da pesca e a distribuição, essa cadeia produtiva tem o impacto de gerar independência na população que com o fomento dessa APL sairia do “guarda-chuva” econômico do estado e passaria a gerar sua própria sobrevivência.

Agora vamos pensar? O que cada região de nosso riquíssimo estado pode gerar? Pensem em todas as cadeias produtivas que podem surgir nas regiões de um estado tão rico e tão grande quanto o Maranhão? Sim, esse texto é muito mais uma provocação e reflexão do que a entrega de uma fórmula pronta. Vamos discutir o Maranhão com os maranhenses?

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