Um exame de sangue capaz de detectar, de maneira precoce, mais de 50 tipos de câncer será testado em 165 mil pessoas no Reino Unido.
Chamado de Galleri, o exame já demonstrou ter precisão para verificar alterações moleculares, permitindo a identificação de muitos tipos de câncer de difícil diagnóstico precoce, como de cabeça e pescoço, ovário, pancreático, esofágico e alguns de sangue.
Os testes vão submeter 140 mil britânicos de 50 a 79 anos que não apresentam qualquer sintoma de doença a exames de sangue anuais por três anos.
Qualquer um que tenha o exame positivo será encaminhado para avaliação do NHS (Serviço Nacional de Saúde).
Os demais 25 mil serão pessoas com possíveis sintomas de câncer, mas que farão o exame para acelerar o diagnóstico.
Os resultados desses estudos são esperados até 2023 e, se forem positivos, a pesquisa será expandida para envolver cerca de 1 milhão de participantes em 2024 e 2025.
Segundo o jornal britânico The Guardian, o teste utiliza inteligência artificial para examinar as alterações químicas do DNA eliminado por tumores (padrões de metilação).
Em um teste com 2.823 pessoas, a ferramenta detectou corretamente o câncer em 51,5% dos casos, em todas as fases da doença. A taxa de detecção imprecisa foi de apenas 0,5%.
Em tumores sólidos que não têm opções de rastreamento — como câncer de esôfago, fígado e pâncreas — a capacidade de gerar um resultado de teste positivo foi duas vezes maior (65,6%) do que para tumores sólidos que têm opções de rastreamento, como mama, cancros do intestino, do colo do útero e da próstata, diz o periódico.
O médico oncologista Luís Henrique de Carvalho explica que já se sabe há algum tempo que tumores “expressam mutações distintas e proteínas diferenciadas”, resultado da própria atividade cancerígena.
Ter uma ferramenta que consegue levar isso a termos práticos é, na avaliação dele, mais uma forma de haver diagnóstico e tratamento precoce, o que aumenta significativamente a chance de sobrevida dos pacientes.
“Não há dúvidas de que esse será o futuro da oncologia em um futuro muito próximo: testes que detectam a doença de forma mais precoce e que possibilitam também os tratamentos de maneira mais direcionada, específica, com melhor resposta à doença, melhor controle e também com menos sintomas relacionados ao próprio tratamento que nós temos atualmente. São caminhos muito positivos para o tratamento e controle do câncer no futuro”, afirma o oncologista.