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Delegado revela trechos do depoimento de Lucas Porto após ser preso pela morte de Mariana Costa em 2016

Julgamento aconteceu durante todo o dia de ontem, entrou pela noite, e prossegue neste domingo.

Fonte: Aidê Rocha

O quarto dia de julgamento do empresário Lucas Leite Porto, nesse sábado (3), revelou vários detalhes do que teria dito o réu em depoimento prestado à Polícia Civil, dois dias depois de ser preso pela morte da publicitária Mariana Costa, ocorrido no dia 13 de novembro de 2016.

Durante seu interrogatório, o delegado Lúcio Reis revelou alguns
trechos do depoimento de Lucas Porto, feito à Polícia Civil em 2016 (Foto: Gilson Ferreira)

A sessão, que iniciou na última quarta-feira (30), acontece no 4º Tribunal do Júri de São Luís, no Fórum Desembargador Sarney Costa, no bairro do Calhau, e é presidida pelo juiz José Ribamar Goulart Heluy Júnior, durou o dia inteiro e prossegue neste domingo (4).

Na manhã de ontem, durante depoimento da 16ª testemunha, o delegado Lúcio Rogério Reis, arrolado pela acusação, o promotor Marco Aurélio narrou trechos do processo nos quais Porto teria confessado o crime e dito sobre o que o havia motivado a cometê-lo.

“Ele disse que há algum tempo nutria um sentimento de admiração pela cunhada Mariana, em razão de a mesma ser uma pessoa alegre e de bem com a vida, apesar de vários problemas familiares que enfrentava. Em razão dessa admiração, chegava a se masturbar várias vezes pensando em Mariana, o que fazia com que momentaneamente a esquecesse”, narrou Marco Aurélio.

O delegado confirmou os fatos narrados pelo promotor acrescentando, ainda, que o mesmo chegou a mencionar que no dia do crime, após deixar a então cunhada e a ex-sogra, em seus respectivos apartamentos, sentiu uma espécie de descarga pelo corpo ao imaginar Mariana sozinha em casa.

Sobre os fatos ocorridos dentro do apartamento da vítima, Lucas relatou, conforme consta no processo lido pelo promotor, não se recordar se ocorreu sexo consentido ou não com a vítima, mas que chegou a beijá-la e a ejacular sem penetração. Na ocasião, o empresário disse que voltou ao apartamento para revelar sobre os sentimentos que nutria por Mariana e há tempos alimentava.

“Ele diz que adentrou ao apartamento e não havia ninguém, apenas Mariana, e ainda passou um determinado tempo para entrar no quarto. Alguns momentos, ele não sabe dizer o que aconteceu. A gente percebia muita evasão e sempre que chegávamos em pontos determinantes, Lucas não conseguia esclarecer e perdia um pouco a consciência”, revelou Lúcio Reis.

Ele também pontuou que antes deste dia, quando depôs com a presença dos advogados, na sede da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), Lucas Porto não havia confessado o crime. “O pedido para a realização do depoimento foi feito pelos próprios advogados do réu”, destacou o delegado.

MAIS UMA IRMÃ DA VÍTIMA DEPÕE

A primeira testemunha ouvida nesse sábado (3), por volta das 10h, foi a outra irmã da vítima, a arquiteta Juliana Costa, que foi convocada pela defesa. Foi ela quem localizou, três dias depois, as roupas que Lucas aparece vestido no dia do crime, após deixar o apartamento de Mariana, que ficava no 9º andar, pelas escadas do prédio e visivelmente nervoso.

Juliana contou que começou a busca pela roupa com ajuda de um primo e da empregada de Carolina. Ela explicou ter ido até um apartamento, usado como depósito, no 12º andar do condomínio onde moravam Carolina e o réu, onde achou o saco preto com as roupas. As vestimentas encontradas foram entregues à polícia logo depois, segundo a testemunha.

A irmã da vítima foi questionada pelo promotor sobre uma possível relação entre Mariana e o réu, como a defesa dele tenta sugerir. “Isso não existe, isso é mais uma mentira que eles tentam implantar para tirar o acusado daqui. Lucas já confessou o crime. Ele chegou a dizer que se masturbava pensando na minha irmã. Mariana tinha princípios e jamais se relacionaria com ele. Minha irmã amava o marido dela”, respondeu.

15 PESSOAS OUVIDAS EM TRÊS DIAS

Até o fim do terceiro dia de julgamento, 15 pessoas já haviam sido ouvidas. Duas delas, na sexta-feira (2), cabe destacar, foram Carolina Costa e Flor de Liz Costa, irmã e mãe da vítima. Em ambos os depoimentos, que eram bastante aguardados no plenário, muitos pedidos pela preservação da imagem da vítima que não estava mais presente para se defender de suposições acerca de um relacionamento com o acusado.

“É um constrangimento para a família ter que escutar esse tipo de pergunta. Uma aberração jurídica de vocês. Mariana jamais teve um caso extraconjungal com Lucas”, desabafou a irmã da vítima, que também é ex-mulher do réu.

No primeiro dia de julgamento, quatro pessoas prestaram depoimento. Foram eles: o médico psiquiatra Hamilton Raposo de Miranda e José Ribamar Wanderlei de Sousa Júnior, que é médico legista e diretor do Instituto Médico Legal (IML), do Maranhão; arrolados pela acusação; e, ainda, João Batista Teófilo Silva, médico cardiologista; e um morador do Garvey Park, Ivaldo Correia Prado Filho, convocados pela defesa.

No segundo dia, a vizinha que socorreu Mariana, Leila Cortez da Silva de Azevedo, foi ouvida durante toda a manhã. Ela deu detalhes de todo o processo ocorrido desde quando encontrou Mariana despida na cama até a retirada do local para o hospital.

Pela tarde, ainda na quarta-feira (30), o especialista em audiovisual, Ricardo Caires; o médico psiquiatra Antônio José Eça; e a psicóloga Evelyn Ribeiro Lindholm, testemunhas que integram os assistentes técnicos da defesa foram ouvidas.

RELEMBRE O CASO

A publicitária Mariana Menezes de Araújo Costa Pinto, de 33 anos, sobrinha-neta do ex-presidente da República José Sarney, foi achada morta no quarto do apartamento em que morava, no bairro do Turu, em São Luís, no dia 13 de novembro de 2016.

Lucas Porto é acusado de matar a cunhada Mariana Costa (Foto: Divulgação)

Conforme a Polícia Civil, ela foi vítima de estupro e asfixiada até a morte. O cunhado Lucas Porto figurou desde o começo das investigações como principal suspeito do crime. Câmeras de segurança do condomínio o flagraram deixando o imóvel pelas escadas bastante nervoso.

Inicialmente ele negou, mas depois acabou confessando e alegando ter sido motivado por uma forte atração que sentia por Mariana, de acordo com a polícia. O acusado, indiciado por estupro e feminicídio, segue custodiado no Complexo Penitenciário de Pedrinhas desde o dia seguinte ao crime, quando foi preso em flagrante.

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