Com mais de metade da população totalmente vacinada contra a Covid-19, Israel registrou nesta quarta-feira (7) a primeira infecção pela variante que vem sendo chamada de “Delta plus”. A nova cepa já está presente em diversos países e preocupa devido a uma suposta maior capacidade de transmissão.
A Delta plus apresentou uma mutação na proteína spike, que funciona como um gancho para se ligar às células humanas, chamada K417N. Isso a tornaria mais transmissível e com mais chances de evasão imunológica, embora não se possa afirmar que sejam mais letais, segundo Jairo Mendez-Rico, virologista da Organização Pan-Americana de Saúde, em entrevista à Efe.
Segundo a agência de saúde pública do Reino Unido, há registros desta pequena variação desde abril deste ano, o que levou o governo a proibir viagens internacionais em 4 de julho, já com indícios de transmissão comunitária. Hoje, a Delta plus já foi detectada no Canadá, Alemanha, Rússia, Suíça, Polônia, Portugal, Nepal, Japão, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a Delta plus como uma variante de preocupação, ou seja, uma linhagem de coronavírus que necessita de maior vigilância epidemiológica devido à maior capacidade de transmissão. O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) classifica as variantes do novo coronavírus em três categorias: interesse, preocupação e de alta sequência, mais resistentes a tratamentos e vacinas.
As vacinas disponíveis contra a Covid-19 demonstram proteção contra a variante delta original, apesar de serem menos eficazes, sobretudo em pessoas que apresentem resposta imunitária menor e tenham comorbidades. Uma dose da Pfizer ou AstraZeneca tem 33% de eficácia contra a doença sintomática provocada pela variante delta. Após duas doses, AstraZeneca revela eficácia de 60%, contra 88% da Pfizer. A da Janssen apresenta 66%.
O caso israelense é emblemático pois 57,1% da população está completamente vacinada – metade das infecções da variante delta ocorreram em pessoas totalmente imunizadas com a vacina da Pfizer.
Contudo, Priyamvada Acharya, imunologista do Instituto Duke de Vacina Humana (DHVI), diz não observar efeito significativo na evasão imunitária da Delta plus. “A mutação K417N, por si só, provavelmente não fará nada para tornar a variante Delta mais preocupante”, disse Acharya à National Geographic.
Ainda de acordo com a Public Health England, metade das infecções por Delta plus no Reino Unido ocorreu em pessoas que ainda não foram vacinadas. Nenhum desses infectados morreu. Entre as 97.374 variantes Delta sequenciadas até ao momento, só 400 foram identificadas como Delta Plus.
De qualquer maneira, a OMS enfatizou o pedido para seguir com o uso de máscaras, assim como Israel, Reino Unido, África do Sul e a Índia, países que sofrem com a terceira onda da pandemia, causada pela variante Delta, que chega aos poucos ao Brasil – a delta já infectou 16 brasileiros até o momento.
“Depois de estarmos completamente vacinados, devemos continuar a jogar pelo seguro, porque podemos acabar por fazer parte de uma cadeia de transmissão. Podemos não estar completamente protegidos. Por vezes, as vacinas não funcionam”, disse Bruce Aylward, conselheiro da OMS, em coletiva de imprensa em 25 de junho.