Estados reduzem intervalo entre doses da vacina AstraZeneca

Bula do imunizante recomenda intervalo de 4 a 12 semanas, e ministério ainda adota 12, mas estados já começam a encurtar o prazo.

Fonte: Carolina Dantas

O intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina AstraZeneca foi reduzido em cidades de ao menos sete estados no Brasil. O Ministério da Saúde atualmente recomenda 12 semanas (três meses), mas o prazo foi encurtado por gestores que buscam ampliar a proteção da população contra a variante delta do coronavírus.

Em resumo, o que está em jogo:

  • Ministério da Saúde escolheu o maior prazo previsto em bula para aumentar o total de pessoas vacinadas com ao menos 1 dose, já que a AstraZeneca oferece proteção parcial de 76% já 21 dias após a primeira aplicação;
  • Estados encurtam o prazo para aumentar a proteção contra a variante delta mesmo sem orientação do governo federal: estudos apontam que somente a vacinação completa protege contra a variante;
  • O ministério chegou a estudar a redução do prazo, mas reunião da Câmara Técnica manteve as 12 semanas;
    Já divulgaram a redução do intervalo cidades dos seguintes estados: Pernambuco, Acre, Santa Catarina, Tocantins, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Piauí.
  • Houve ainda mudanças pontuais para grupos ou faixas etárias: Ceará, Alagoas e Sergipe. O estado de São Paulo também manifestou a intenção de encurtar o prazo, mas disse ainda depender de aval da Anvisa.

Previsão em bula

A bula da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção e importação da tecnologia da AstraZeneca, já informa que “a segunda injeção pode ser administrada entre 4 e 12 semanas após a primeira”.

A AstraZeneca reafirmou em nota que “os estudos realizados até o momento demonstram que a vacina é eficaz na prevenção da Covid-19 sintomática quando aplicada neste intervalo de tempo”, de 4 a 12 semanas. A farmacêutica disse, ainda, que a vacinação com a segunda dose após 60 dias “foi avaliada em estudos clínicos – e, por isso, está aprovada”.

Já o Ministério da Saúde informou que “acompanha a evolução das diferentes variantes do Sars CoV-2 no território nacional e está atento à possibilidade de alterações no intervalo recomendado”. A pasta também disse que “o tema foi, inclusive, discutido amplamente na Câmara Técnica Assessora em Imunizações, em reunião realizada no dia 2 de julho deste ano, sendo que o parecer (…) foi a de manutenção deste intervalo”.

Avanço da variante delta

Até o momento, a variante gama é a dominante no país, mas, no último mês, foram confirmados casos da delta inclusive na cidade de São Paulo. Enquanto isso, menos de 14% da população brasileira recebeu as duas doses contra a Covid-19.

A baixa taxa de adesão à segunda aplicação é um risco para o combate a todas as versões do vírus, já que garante um índice maior de proteção contra a versão grave da doença. A necessidade do ciclo completo da vacinação se torna ainda maior quando a delta chega ao Brasil: estudos indicam que apenas com a aplicação do reforço é possível barrar a nova variante.

Proteção só com duas doses

Nesta quinta-feira (8), a revista científica “Nature” apresentou em estudo assinado por cientistas do Instituto Pasteur e do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS, na sigla em francês). Os resultados mostram que a delta é parcialmente resistente a alguns tipos de anticorpos, mas que duas doses da vacina da Pfizer ou da AstraZeneca/Oxford são capazes de neutralizá-la.

Ao G1, a AstraZeneca apontou outra pesquisa feita pelo governo do Reino Unido que demonstra a eficácia da vacina. O documento sobre o artigo publicado pela farmacêutica diz que “duas doses da vacina COVID-19 AstraZeneca são 92% eficazes contra a hospitalização devido à variante delta e não mostraram mortes entre os vacinados”, dados divulgados com base nos estudos.

Fechar