SÃO LUÍS – Nascido na capital maranhense, Antonio Holanda Cavalcante, 39 anos, teve uma infância dentro dos parâmetros da normalidade. Cursou o ensino fundamental na Unidade Escolar Marly Sarney no conjunto Maiobão, no vizinho município de Paço do Lumiar, e o curso médio no então colégio Universitário, localizado na Vila Palmeira, nesta capital.
Em 2004, ao completar 22 anos, Antonio Holanda ingressou mediante vestibular no curso de Filosofia na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e ali teve os primeiros contatos com as drogas, se tornando usuário contumaz, ao ponto que o impediu de continuar frequentando a faculdade.
Após uma breve pausa no uso das drogas, retornou à UFMA para cursar Ciências Sociais, porém, em razão de uma “recaída” no uso da droga, Antonio não conseguiu concluir o curso.
Antonio Holanda, em entrevista à reportagem do Jornal do Pequeno online, declarou que o seu, pai certa vez, passando pela Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no conjunto da Cohab, procurou ajuda, e foi orientado a buscar auxílio no Centro de Acolhimento de Dependentes Químicos, localizado na comunidade.
O pai de Antônio o levou para a Unidade de Acolhimento, e posteriormente encaminhado para o Centro de Recuperação AD, localizado no bairro do Monte Castelo, onde passou a frequentar. O destino seguinte foi a Fazenda Esperança, localizada no município maranhense de Coroatá.
Após se recuperar do vício das drogas, Antonio Holanda voltou a estudar, e ingressou no curso de Direito da Faculdade Estácio São Luís, onde teve uma interrupção em razão de nova crise por uso de drogas. Porém, em 2016, procurou a Unidade de Acolhimento, tendo se recuperado e concluído os estudos jurídicos no ano de 2019.
No corrente ano de 2021, se submeteu ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil, e conseguiu aprovação. Agora, apenas aguarda a data para prestar o compromisso junto ao órgão de classe e receber sua carteira profissional.
Nessa sexta-feira, 24, Antonio retornou à Unidade de Acolhimento da Cohab, para agradecer o apoio e ajuda ali recebida, além de falar de sua trajetória para os acolhidos que se recuperam na UA.
“Não desistam. A droga é apenas a cereja do bolo, antes de a pessoa usar droga, ela já vem acompanhada de um monte de desvio de caráter, seja mentira, seja a enganação”, disse Antonio Holanda em mensagem dirigida aos dependentes químicos.
“Agora vou me dedicar à atividade da advocacia, estou estruturando um escritório e vou atuar na área previdenciária e criminal, são duas áreas que tenho muita afinidade”, concluiu o futuro advogado Antonio Holanda.
Daiane de Oliveira Costa, coordenadora da Unidade de Acolhimento Estadual e enfermeira de formação, foi quem convidou Antônio Holanda, por meio de parceria com o grupo religioso Shalom, para relatar o seu depoimento aos 14 internos da UA, seus familiares e à equipe multidisciplinar.
“Foi um depoimento exitoso. Após passar 30 dias em nossa Unidade de Acolhimento, no ano de 2016, o Antônio deu continuidade ao tratamento para dependência química na Fazenda da Esperança, onde permaneceu por 12 meses. Momento que nos trouxe bastante emoção e grande arrepio de satisfação pela garra e superação do ex-acolhido supracitado”, frisou Daiane, que completou.
“O Antônio abandonou o uso das SPA’s e foi reinserido na sociedade de forma digna e surpreendente. Atualmente, é advogado e conseguiu fortalecer seu vínculo familiar que na época era fragilizado. Seu depoimento foi lindo e com certeza trouxe um gás de esperança, fé e motivação para nossos internos e familiares. Todos aprenderam que nunca podem desistir de si mesmo”, frisou.
Daiane de Oliveira Costa ressaltou o trabalho realizado na UA, e como o depoimento de Antônio Holanda ajuda a fortalecer os serviços ali prestados: “As perspectivas de nosso serviço são de proporcionar ambientes que visem superar a dependência de substâncias psicoativas, através de resoluções religiosas, psicossocial, médica, psicológicas, entre outras. Por tanto, ver a evolução de forma exitosa do Antônio Holanda nos fortalece grandiosamente, para continuarmos oferecendo um serviço de qualidade”, concluiu.
A Unidade de Acolhimento é gerenciada pelo Instituto Vida e Saúde (Invisa) e funciona na Avenida 3, S/N, no bairro Cohab-Anil I, em São Luís.