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Maranhão tem 984 pessoas na fila por um transplante de órgão

A negativa familiar seria um dos principais motivos para que um órgão não seja doado no Brasil.

Fonte: Luciene Vieira

SÃO LUÍS – Cerca de 984 pessoas precisam da doação de órgãos no Maranhão, segundo a Central Estadual de Transplantes. Para conscientizar a população sobre a importância de doar órgãos, nessa segunda-feira (27), o Curso de Enfermagem, juntamente com outros cursos da área da saúde do Centro Universitário Estácio São Luís, em parceria com a Central Estadual de Transplantes, reuniu médicos das áreas de urologia, nefrologia e oftalmologia para discutir o tema.

Ontem, 27, foi o Dia do Doador de Órgãos e Tecidos para Transplante. De acordo com a Central, na lista de espera por córnea são aproximadamente 727 pessoas, de rim são 252 e de fígado, cinco. A Central também informou que, entre março de 2000 até este ano de 2021, já foram realizados 659 transplantes de rim, 2.351 de córnea, 8 de fígado e 16 de tecidos ósseos.

Em 2015, foram registrados 18 doadores. No ano seguinte, o número caiu para 16. Em 2017 e 2018, menos ainda. O registro foi de apenas 14 doações. Em 2019, somente dez pessoas, em todo o estado, se habilitaram a doar órgãos para salvar uma vida.

No primeiro semestre de 2021 foram realizados apenas três transplantes de rim, um de fígado e 77 transplantes de córnea. A Central informou que os dados, lamentavelmente, reduzem ano a ano.

A Central Estadual de Transplantes está instalada no Hospital Carlos Macieira, localizado na Avenida Jerônimo de Albuquerque, no Calhau. Já os processos cirúrgicos de transplantes são feitos em dois hospitais credenciados, o São Domingos e o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUfma).

FAMÍLIA TEM PALAVRA FINAL NA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

De acordo com as enfermeiras da Central Estadual de Transplantes, Janaína Câmara e Rafaelle Queiroz, que também são professoras do Curso de Enfermagem na Estácio, a maioria das famílias maranhenses recusa a doação de órgãos de seus parentes.

“Mesmo que alguém coloque nos seus documentos pessoais que é doador de órgãos, esta declaração não terá valor legal, apenas simbólico. Quem decide é a família”, destacou Janaína Câmara.

As enfermeiras informaram que, no caso de doação das córneas, é necessário que o transplante seja feito até seis horas depois da parada cardíaca. Já em relação ao doador de órgãos com diagnóstico de morte encefálica, a doação é possível devido à oxigenação deles, ou seja, os órgãos se mantem funcionando por um determinado tempo, mas a pessoa já está morta.

Janaína informou que, questões como aparência do corpo após retirada dos órgãos e a religiosidade, seriam os receios mais comuns de familiares que negam a doação. “Alguns associam a questão da religiosidade, mesmo que nenhuma religião seja contrária à doação de órgão. Outros se preocupam com a ‘integridade’. Acham que o corpo ficará deformado, após ser retirado dele os órgãos”.

COMO SER DOADOR DE ÓRGÃOS

Para ser um potencial doador de órgãos e tecidos, basta comunicar à família o desejo de doação. “É importante falar sobre a vontade de doar, conversar com familiares e amigos a respeito do assunto, pois ajuda na compreensão do tema. Um dos principais fatores que restringe a doação de órgãos é a baixa taxa de autorização da família do doador”, destacaram as enfermeiras Janaína Câmara e Rafaelle Queiroz.

A técnica de enfermagem Arleide de Lourdes Palhano Araújo, de 50 anos, contou ao Jornal Pequeno que o pai dela, Arnaldo dos Santos Araújo, foi doador de córnea, em 2006, quando faleceu aos 69 anos, após um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Minha família aceitou que as córneas do meu pai fossem doadas, mas houve resistências de duas tias minhas. Elas consideraram na época que meu pai ‘entraria cego’ no ‘céu’. As convenci da importância da doação com informações sobre a doação de órgãos. A doação é um processo de amor, eu permaneço muito feliz sabendo que outra pessoa teve a oportunidade de ter uma vida melhor com as córneas do meu pai”, declarou Arleide Palhano.

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