Um levantamento realizado pela KBB para a Exame Invest mostrou que os carros usados podem alcançar até 50% de valorização se levado em conta o ranking geral de vendas, que inclui modelos de marcas de luxo.
Quem comprou um carro zero em março de 2020 pode revendê-lo agora por um valor até 28% maior do que pagou, caso o modelo esteja entre os mais vendidos do país.
Um Jeep Renegade Crossover (versão 4P 1.8 16V FLEX 4×2 Automático) que no início da pandemia estava sendo vendido por R$ 68.000 pode agora ser revendido por R$ 87.400. Ou seja, 30% a mais do que pagou em valores nominais, sem considerar o efeito da inflação.
O Volkswagen Gol (versão Hatchback 4P 1.0 12V Flex 4P 4×2 Mecânico), há décadas um dos modelos mais populares do mercado automotivo nacional, fica em segundo lugar na lista dos modelos que mais valorizaram entre março de 2020 e setembro de 2021 — no grupo dos mais vendidos do país. Quem comprou a versão em março do ano passado por R$ 43.300 pode agora revendê-la por R$ 51.200. Ou seja, irá ganhar 18% a mais do que pagou.
Já no ranking geral, que considera todos os modelos à venda, o seminovo que mais se valorizou foi o elétrico importado Chevrolet Bolt (versão Hatchback 4P Premier 4×2 Automático), com alta de 49,31% no seu preço de revenda. Quem comprou o modelo 0 km por R$ 175.000 em março do ano passado pode revendê-lo agora por R$ 261.300.
O modelo foi seguido pela picape Chevrolet S-10 (2P CS CHASSI 4X4 2.8 TB 16V MT6 4×4 Mecânico), que se valorizou 43% na revenda. O veículo, comprado novo por R$ 88.000 em março de 2020, pode ser revendido agora por R$ 126.500.
Somente as versões que mais valorizaram (ou que menos desvalorizaram) de cada modelo foram incluídas nas tabelas: ou seja, não entram dois modelos diferentes do Gol, por exemplo. Foram excluídos da lista os veículos comerciais do tipo van e picapes chassi. O preço de revendedor se refere ao preço que os lojistas praticam ao revender o veículo para o consumidor pessoa física.
No mesmo período imediatamente anterior, de março de 2018 a setembro de 2019, apenas quatro modelos haviam registrado valorizações, e bem mais modestas: entre 2,11% e 11,54%. O restantes dos modelos teve depreciação no período.
O que explica a forte valorização?
Quando a pandemia estourou, a indústria automotiva suspendeu a fabricação de veículos. Já era esperado que, algum tempo depois, haveria uma escassez de modelos à venda. Mas a pandemia tornou a escassez maior do que a esperada. Isso porque, com medo, muitas pessoas que já haviam desistido de ter um carro voltaram atrás, buscando a segurança do transporte privado. “Esse novo público buscou veículos mais acessíveis, como os usados, já que o intuito é só ter segurança”, explica Ana Renata Navas, da Cox Automotive.
Há também uma escassez de componentes, dos quais os principais são os semicondutores. A escalada da demanda global para outros setores, como os segmentos de games, de smartphones e de notebooks, também contribuiu para a crise na cadeia de suprimentos de montadoras.
A escassez de modelos novos e a alta da demanda levaram consequentemente à escassez de modelos seminovos e usados. Consequentemente, modelos que já estavam no mercado tiveram uma forte valorização. Atualmente, quem quer ter um carro 0 km precisa esperar meses para poder comprá-lo. Muitos consumidores que comprariam novos optaram por seminovos ou usados.