Conheça as novas tecnologias para pessoas com diabetes

Uma das principais temáticas do e.diabetes2021 foi sobre a eficácia da injeção semanal de insulina

Fonte: Da redação com GBR Comunicação

Uma das principais temáticas do e.diabetes2021 – o 23º Congresso da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) foi sobre a eficácia da injeção semanal de insulina. Atualmente na fase 3 de testes, a Icodec (da farmacêutica Novo Nordisk) é a nova versão do hormônio, que dispensa as aplicações diárias. A nova medicação já foi aprovada em estudos de fase 2, coordenados pela Universidade do Texas (EUA) com 350 voluntários de sete países, por cinco meses. Agora passa por avaliação em questões de segurança e eficácia num número maior de pessoas, antes de chegar ao mercado.

“Os grandes desafios para os pacientes no manuseio da glicemia são todos os dias ter que lembrar da dose, escolher a dose pré-refeição, contar carboidratos de forma mais precisa e a administração correta do bolus para evitar a hiper e a hipoglicemia. Tais desafios são para pacientes e médicos também”, explica Denise Reis Franco, diretora-coordenadora do Departamento de Educação da ADJ (Associação Diabetes Brasil) e educadora em diabetes pela IDF (International Diabetes Federation).

A Icodec, quando da primeira aplicação, fica acoplada à albumina (uma proteína presente no sangue), sendo liberada gradualmente. Quando se faz uma nova aplicação, sete dias depois, esta vai também se acoplar à albumina, de certa forma repondo a reserva que havia, e passa também a ser liberada aos poucos.

O congresso acontece no ano em que a descoberta da insulina completa um século. O endocrinologista canadense Daniel Drucker, que abriu o evento com uma aula sobre as origens da insulina, destacou que considera uma “grave falha moral” que ainda haja pessoas no mundo sem acesso à insulina, cem anos depois desta ter surgido. “É muito importante que não nos esquecemos jamais de que é preciso tornar insulina disponível para todos que precisem. No mundo, há países com imensas lacunas em suas cadeias de produção. Mas mesmo nos EUA ainda há pessoas que morrem porque não podem pagar pelo acesso à insulina. Seria um grave fracasso moral de nossa sociedade se, depois de cem anos, não formos capazes de fornecer insulina a quem precisa”, disse.

Drucker afirmou ainda que a introdução das “insulinas inteligentes” – que, apesar de ainda dependerem de alguns testes clínicos mais críticos, devem se tornar comuns dentro de oito ou dez anos. “Estou otimista e convencido de que elas são promissoras”, disse.

Mas os avanços em insulina incluem outros produtos, como a Afrezza e a Fiasp, que já estão à disposição no mercado brasileiro. A Afrezza tem o grande diferencial de ser inalável. Segundo Denise, ela traz um benefício principalmente para aqueles pacientes que têm dificuldade de aplicar a insulina em si mesmos, ou para aqueles que estejam em um pico glicêmico, por exemplo. Isso porque ela é de ação rápida: o tempo de ação e o pico de efeito são de 2 a 3 vezes mais rápidos na forma inalável do que na injetável.

Já a Fiasp está no mercado brasileiro há cerca de um ano, e dados recentes (de mundo real) mostram que, em pacientes com diabetes tipo 1, os pacientes que a utilizaram ficaram mais tempo dentro do alvo glicêmico estabelecido (cerca de 1h25 min a mais).

Canetas inteligentes e pâncreas artificial

Ainda nas novidades tecnológicas, o coordenador do Departamento de Tecnologia, Saúde Digital e Telemedicina da SBD, Marcio Krakauer, apresentou as novidades em termos de canetas inteligentes, que já se conectam por bluetooth a celulares e funcionam ligadas a apps.

Em 2022, diz Krakauer, deve chegar ao Brasil a InPen, da Medtronic. Nela, é possível fazer a gestão do tratamento do paciente – como alertas para a hora de aplicar a insulina, calcular a dosagem, histórico de aplicações e compartilhar as informações até com smartwatches. “As canetas já ajudam muito, tanto paciente como médico, mas ainda são dependentes: é preciso inserir alguns dados à mão. Com a inteligência artificial, deveremos ver sistemas muito mais autônomos. Quando as coisas forem mais automáticas, a ajuda aos pacientes será muito maior”, disse Krakauer.

Outra novidade apresentada foi o Medtronic 780G, chamado de “pâncreas artificial híbrido avançado”. Segundo André Vianna, médico, pesquisador e coordenador do departamento de Novas Terapias da SBD, o sistema depende de um sensor, conectado a uma bomba de insulina, e entre um e outro há um algoritmo que toma as decisões sobre a dosagem com base no valor do sensor e nas tendências de glicose.

“Ele também se conecta ao smartphone – ou seja, não é preciso ficar operando a bomba para conferir os dados. Com esse sistema, o paciente vai precisar lembrar menos ao longo do dia que tem diabetes”, disse.

Outro dispositivo apresentado foi a bomba Solo Accu-Chek, da Roche, que é extremamente compacta, ficando presa ao corpo por um adesivo. O reservatório da bomba comporta reserva para quatro dias de suprimento de insulina e usa bateria de zinco (não requer descarte especial, portanto). Ela pode ser operada por um controlador – que se parece com um telefone celular, que tem porta USB (para que os dados sejam descarregados na plataforma da Roche).

 

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