Ao produzirem os próprios insumos, os fazendeiros também diminuem os custos de manejo
A fronteira agrícola do cerrado piauiense ganhou um novo aliado: a implantação das biofábricas ou on farm. Elas são estruturas implantadas nas fazendas que se assemelham a laboratórios e produzem micro-organismos em larga escala. O objetivo é o combate de doenças em suas culturas comerciais com controle biológico de pragas, indutores de resistência e estimuladores de plantas.
As biofábricas têm duas vantagens. Uma é que os micro-organismos produzidos nas fazendas são mais naturais e portanto, menos agressivos do que os agrotóxicos adquiridos no mercado tradicional. A outra é que o produtor economiza na compra desses agrotóxicos. Portanto, mais saúde para a planta e menor custo de manejo.
No Piauí, as biofábricas começaram a ser implantadas há pelo menos cinco anos. De acordo com Alzir Neto, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Piauí (Aprosoja Piauí), todo produtor já usa de alguma forma produtos biológicos no processo e manejo das lavouras. ”Seja inoculante, seja fertilizantes ou até mesmo no controle integrado de pragas”, disse. O produtor acredita que a prática veio para melhorar a performance das culturas. “É um tema que tem ganhado cada vez um protagonismo determinante, pois, além de ter um baixo custo, tem de fato trazido excelentes resultados”.
Sobre melhorias no plantio , ele revelou que o Brasil está na vanguarda da conservação de solo. ”O Brasil é um gigante na agricultura tropical e sustentável. Nenhum outro país o faz. Nosso principal rival, os Estados Unidos, detém práticas convencionais, sempre gradeando o solo, tanto lá só se tem uma safra por ano. O clima congela tudo. Bem diferente”, informou.
Adepta ao uso de soluções on farm, a administração da fazenda Chapada do Céu, em Sebastião Leal, a 410 km de Teresina, tem notado resultados positivos no uso de micro-organismos. Segundo Patrícia Dalto, administradora da fazenda, a produção é feita em ambiente controlado, semelhante às condições em laboratório. O que diferencia é a quantidade da produção, em grande escala. A defesa natural pode ser usada para tratar a semente ou as plantas já germinadas. “Tem gerado espaço para combater [pragas] com algo natural, que usa a própria natureza. O resultado é menor uso de defensivos agrícolas químicos, gerando economia na cadeia produtiva. Além de não agredir o meio-ambiente, conseguimos fazer na on farm, uma defesa mais barata que os defensivos”, finalizou.
A fazenda que produz soja e milho para exportação e milheto e arroz para o mercado interno, utiliza também rotação de cultura, análise periódica de solo, plantio direto e uso de compostagem e estrume de gado e aves.
Em junho de 2020, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) lançou o Programa Nacional de Bioinsumos, com foco no potencial de biodiversidade brasileira para reduzir a dependência dos produtores rurais em relação aos insumos importados e ampliar oferta de matéria-prima para setor. O programa foi instituído pelo Decreto 10.375. Dados do MAPA informam que até 31 de julho de 2020 havia 38 defensivos agrícolas disponíveis para uso dos agricultores, sendo que desses, 13 são produtos biológicos.