Novas ferrovias abrem caminho concreto para desenvolvimento do Maranhão, dizem especialistas

Investimentos devem alavancar produção, movimentar portos e fortalecer Terminal Portuário de Alcântara.

Fonte: Gil Maranhão

A autorização dada pelo Governo Federal a seis grupos empresarias para construção e operação de novas ferrovias no Distrito Federal e oito estados, entre eles o Maranhão, movimentou os meios político e empresarial do estado e foi recebida com entusiasmo e expectativas. Os contratos com a União, dentro programa federal Pro Trilhos, foram assinados na quinta-feira, 9, em solenidade no Ministério da Infraestrutura (MInfra), com a presença do ministro Tarcísio de Freitas, pelas empresas Bracell, Ferroeste, Grão Pará Multimodal, Macro Desenvolvimento, Petrocity e Planalto Piauí Participações.

No Maranhão, estão previstas a construção de duas novas ferrovias. O primeiro contrato, assinado pela Grão Pará Mmultimodal, que administra o Terminal Portuário de Alcântara (TPA), é para o projeto da ferrovia Alcântara a Açailândia, com 520 km de extensão.

A ferrovia será voltada ao transporte de carga geral estimada em 50 milhões de toneladas/ano: granéis sólidos, granéis líquidos e containers (carga geral). Estabelece a ligação entre o TPA e o município de Açailândia, que é um polo industrial exportador de ferro gusa e que detém um dos maiores rebanhos bovinos do Maranhão. Terá conexão com a Ferrovia Norte Sul (FNS) Tramo Norte e cruzamento com a Estrada de Ferro Carajás (EFC). Estão projetados R$ 5,2 bilhões em investimentos e quase 100 mil (99 mil e 519) postos de trabalho diretos, indiretos.

A reportagem do Jornal Pequeno, em Brasília, ouviu o diretor-executivo da Grão Pará Multimodal, Paulo Salvador; o engenheiro civil Urubatan Filho, especialista em ferrovias, e o coordenador da Bancada Federal do Maranhão no Congresso Nacional, Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA). Os dois empresários, dentro de uma visão empresarial, falando das propostas e objetivos – TPA e ferrovia Alcântara-Açailândia. Já Pedro Lucas, dentro de uma visão política, apontando expectativas e apoiamento dos congressistas maranhenses a projetos que venham fomentar o desenvolvimento econômico social do estado.

Com a ferrovia, o TPA será um dinamizador das exportações do Arco Norte brasileiro

O diretor-executivo da Grão Pará Multimodal, Paulo Salvador, explica que o Terminal Portuário de Alcântara (TPA) é uma infraestrutura privada autorizada ao abrigo de um contrato de adesão assinado com o Governo Federal. Foi objeto de um vasto conjunto de estudos e simulações que comprovaram as suas caraterísticas únicas no cenário dos portos brasileiros, existentes e planejados.

“Além de se situar num local abrigado da costa, a Baía de São Marcos com as suas águas profundas, tem uma conexão ferroviária de cerca de 520 quilômetros, que o ligará às maiores ferrovias da malha brasileira; a saber: Ferrovia Norte Sul e Estrada de Ferro de Carajás”, ressaltou.

O calado natural do TPA, de -25 metros, permitirá ao terminal operar os maiores navios graneleiros da atualidade, “notadamente os Capesize, para transporte de grãos, e os Valemax, para minério de ferro, e movimentar, no seu conjunto, cargas que podem exceder os 400 Mtpa, dadas as grandes dimensões das áreas off-shore e on-shore que o terminal possui”, informou o empresário.

Salvador avalia que “a competitividade internacional do Brasil depende do preço a que consegue colocar as suas exportações no destino final e não do preço a que os produtos chegam aos portos brasileiros para serem embarcados. O preço de transporte tem que ser competitivo no seu conjunto e não apenas dentro do território nacional”.

“É por esta razão que o TPA será um projeto essencial para reduzir os atuais custos de transportes, tanto dentro do território nacional, pela ligação direta às grandes ferrovias nacionais, como pela utilização de navios de grande porte, como os Capesize, para transporte de grãos, o que irá baixar significativamente o custo do frete marítimo; como tem sido bastante noticiado ultimamente, em até US$ 15/ton, conforme estudos da Esalq Log”, enfatizou.

Paulo Salvador destaca que estão já em andamento os processos “para tornar realidade importantes projetos que irão se conectar com a Ferrovia Norte Sul, que são a FICO, ligando a Água Boa- MT, e a EF-232, ligando a Balsas- MA… e praticamente entrando em operação o trecho central da FNS, com 1.500 quilômetros de extensão. Está previsto que estas ferrovias injetem cerca de 50 Mtpa de grãos na Ferrovia Norte Sul, e que pelo fato de se localizarem a norte do conhecido paralelo 16, fará sentido econômico serem transportados para um porto do Arco Norte”, finalizou.

Ferrovia Maranhão: mais desenvolvimento econômico e social

O JP ouviu, também, o engenheiro civil Urubatan Filho, especialista em ferrovias. Ele disse que “a Medida Provisória 1.065/2021 resgatou um modelo regulatório praticado no Brasil até o início do Século XX”.

Segundo Urubatan, “as autorizações ferroviárias permitiram a implantação da primeira ferrovia brasileira em 1854 e ao longo da história perdeu espaço para vias férreas nacionalizadas e concessionadas a partir de 1996 e 1997 como a Estrada de Ferro Carajás”.

“A EF-317 – Ferrovia Maranhão, fruto desse novo momento, induzirá mais desenvolvimento econômico e social ao Maranhão e nas cidades por onde percorrerá, como Peri Mirim, Governador Newton Belo e São Francisco do Brejão, entre outros. Essa via permanente necessitará de profissionais capacitados, familiarizados com os conceitos ferroviários e que surgirão das escolas técnicas e das universidades. Ferrovia será pauta cada vez mais estadual e necessitará da comunidade maranhense para ter o seu devido destaque junto com o Terminal Portuário de Alcântara”, observou.

“E não irá parar por aqui: há outras ferrovias a seguirem o mesmo caminho, como a EF-232, entre Porto Franco a Balsas; a parte do prolongamento Norte da Ferrovia Norte-Sul, entre Açailândia e Barcarena/PA; e também a possibilidade de aparecerem novas ferrovias (podendo ser para passageiros também) e novos terminais de transbordo de cargas. Seja bemvindo Estrada de Ferro Maranhão”, concluiu o engenheiro.

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