Um homem, identificado como Pedro Gil Fonseca Duarte, 30 anos, dono da Pedro Intermediação de Negócios Eireli (2P Trader), teria causado prejuízo a mais de 30 PMs. A investigação está sob responsabilidade da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Pedro, que é filho de um militar da reserva remunerada do DF, agia juntamente com o pai. Segundo relato das vítimas, o policial aposentado garantia que o filho tinha a qualificação para atuar no mercado financeiro e assegurava que o lucro era certo.
Os PMs fizeram aplicações que variam de R$ 55 mil a R$ 77 mil. Além de transferências em dinheiro, os militares também passaram bens, como automóveis, para o nome do trader. Estima-se que, apenas em um batalhão, Pedro Duarte tenha lucrado mais de R$ 1 milhão com a promessa de ganhos de até 20% ao mês.
Um policial militar detalha que, em 26 de fevereiro de 2021, firmou contrato com Pedro Duarte. Segundo o acordo, o PM investiria R$ 20 mil em operações na bolsa de valores. A quantia seria administrada pela empresa 2P Investimentos.
O contrato também estabelecia que, após seis meses da assinatura, a empresa pagaria 20% do capital investido, além do valor inicial. Após receber os rendimentos nos primeiros meses, o militar decidiu depositar mais R$ 40 mil. Interessado nos lucros, outro PM investiu R$ 30 mil, sob as mesmas condições contratuais.
Segundo as vítimas, o suspeito prometia a devolução de R$ 206 mil reais, em setembro de 2021. O valor seria dividido entre os dois investidores.
Após o vencimento do prazo, entretanto, o empresário não pagou os valores e, desde então, protela o pagamento. Sempre que as vítimas cobravam, Pedro Duarte estabelecia nova data para cumprimento do acordo, afirmando que venderia bens para quitar a dívida.
Um outro policial ressaltou que conheceu o suspeito em uma visita que ele fez ao batalhão em que o oficial trabalha. Na ocasião, o rapaz lhe ofereceu uma oportunidade de investimento.
“Ele é filho de um subtenente da reserva da PMDF e, por isso, conseguiu livre trânsito na unidade. Diante da oferta de negócio, entrei em contato para formalização do contrato de R$ 10 mil. Cerca de um mês depois, soube que ele não vinha honrando com seus contratos e, por vezes, atrasava o pagamento de valores”, disse o PM.
O militar se reuniu com outras vítimas e foi até o escritório da financeira, localizado em Planaltina. Ocasião em que Pedro Duarte informou que tinha tido suas contas bloqueadas devido a saques altos. Contudo, diante dos questionamentos, acabou admitindo que não possuía o dinheiro para saldar os acordos.
Golpe no batalhão
Em julho do ano passado, um grupo formado por integrantes do 20º Batalhão decidiu procurar a Polícia Civil para denunciar o golpe. Eles informaram que assinaram contratos com a empresa 2P, nos valores de R$ 22 mil, R$ 30 mil, R$ 77 mil, R$ 29 mil, R$ 13 mil, R$ 16 mil, R$ 33 mil e R$ 55 mil.
Os policiais alegaram que não receberam os rendimentos prometidos nem conseguiram o ressarcimento do valor. As vítimas também apontam que a irmã de Pedro Duarte, Isabela Fonseca Duarte, diretora da empresa, também estaria envolvida no esquema. A mulher, inclusive, foi vista circulando em uma Mercedes C180, que custa aproximadamente R$ 237.900, em Planaltina.
Em um grupo montado no WhatsApp, funcionárias da 2P chegaram a prometer pagar os valores de forma parcelada e deram instruções pedindo para que os policiais não ligassem para Pedro Duarte, pois atrapalharia a atuação dele na bolsa de valores – tarefa, segundo elas, estressante e que exige muita concentração.