Usuários do transporte público passam por dificuldades no primeiro dia de greve

Devido ao movimento paredista, os passageiros tiveram de buscar formas alternativas de transportes, como os “carrinhos”

Fonte: Luciene Vieira

Nessa quarta-feira (16), foi iniciada a greve dos rodoviários e a região metropolitana de São Luís amanheceu sem ônibus. Quem usa o sistema de transporte público para se locomover pelos quatro municípios da Grande Ilha e precisou ir ao trabalho ou escola, por exemplo, ficou prejudicado com o movimento paredista.

A greve foi decidida na terça-feira (15), em assembleia geral, realizada no Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema). A categoria quer alterações na Convenção Coletiva de Trabalho para 2022, que foram encaminhadas ao Sindicato das Empresas de Transporte (SET), em dezembro de 2021.

Ana Raquel de Oliveira é moradora do Anjo da Guarda e recorreu ao carro de lotação para chegar ao centro da cidade, onde trabalha em uma loja de roupas instalada na Rua Grande.

“Para quem vai até o Centro, é mais tranquilo, dá para usar os ‘carrinhos’. Porém, quem precisa ir a outros bairros, aí o coletivo faz falta”, informou Ana Raquel.

Outras opções seriam os serviços de transporte por aplicativo e mototáxi. “Eu estou indo para o São Cristóvão, trabalho em uma empresa de telemarketing, e não posso faltar. A companhia pagou o mototáxi de hoje (ontem)”, disse Carlos Eduardo Nogueira, de 23 anos, também morador do Anjo da Guarda.

“Eu não sabia que a greve seria geral, sou de Pinheiro, vim a São Luís para um tratamento médico, e eu estou indo para o Centro. Aqui na parada de ônibus, disseram que há os carros de lotação, vou pegar o próximo que aparecer”, disse Luiza Silva, de 53 anos, que estava na Avenida dos Portugueses.

“Eu não sei o que fazer, saí de casa sabendo da greve, mas com a esperança de passar algum conhecido me oferecendo carona, pois eu não tenho como pagar pelo carro de lotação, a empresa me dá carteira com vale transporte só usável nos coletivos”, informou Caio Fernandes, também na Avenida dos Portugueses.

O Sttrema reivindica um reajuste salarial de 15%, inclusão de um familiar no plano de saúde, e tíquete alimentação de R$ 800. Por essas mesmas reivindicações, o Sindicato entrou em greve há quatro meses, cuja duração foi de 12 dias.

O movimento paredista de 2021 encerrou no dia 1º de novembro, após acordo feito entre a Prefeitura de São Luís, o Sttrema e o SET. Na ocasião, os rodoviários receberam reajuste de 5% no salário e de 6% no tíquete alimentação, além de não terem descontos salariais por causa da paralisação.

De acordo com o Sttrema, a greve desencadeada ontem teve como motivo a falta de acordo entre empresários e rodoviários. Marcelo Brito, que é presidente do Sindicato dos Rodoviários, afirmou que nenhuma contraproposta foi apresentada pelos empresários.

“Encaminhamos para os patrões a proposta da nossa Convenção Coletiva de Trabalho, com vigência para 2022, desde o final do ano passado. Todas as vezes que fomos chamados para nos reunir com o SET, comparecemos em todos os encontros, mas em nenhum deles, os empresários apresentaram uma contraproposta”, afirmou Marcelo Brito.

VEREADORES PEDEM ESCLARECIMENTOS

A Câmara Municipal de São Luís aprovou ontem o requerimento de autoria do vereador Marquinhos Silva (DEM) convocando o secretário municipal de Trânsito e Transportes, Diego Baluz, a prestar esclarecimentos sobre a real situação da greve dos rodoviários.

O pedido de convocação teve apoio de outros 17 vereadores, e exige, ainda, a apresentação da planilha de custo da operação do transporte coletivo municipal, além de detalhes sobre a fonte de recurso destinado ao auxílio emergencial concedido ao transporte público de São Luís e informações sobre a tarifa da operação do transporte coletivo municipal. O secretário deve comparecer à sessão desta quinta-feira (17).

POSICIONAMENTO DA SMTT

À imprensa, e por meio de nota oficial, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes afirmou que “o Município de São Luís vem cumprindo o acordo firmado em novembro do ano passado com os sindicatos dos empresários e rodoviários, no repasse do auxílio emergencial ao sistema de transporte público, no valor de R$ 4 milhões mensais”. Além disso, a SMTT acrescentou que “o auxílio emergencial foi prorrogado por mais dois meses (fevereiro e março), totalizando R$ 20 milhões ao setor em cinco meses. Desse modo, espera-se o entendimento entre trabalhadores e empresários para o fim da paralisação”.

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