A greve dos rodoviários, deflagrada na última quarta-feira (16), chega ao terceiro dia nesta sexta-feira (18), após o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema) permanecerem sem acordo. A paralisação total do transporte coletivo, além de afetar a rotina da população de modo geral, tem impactado diretamente nas atividades do setor comerciário.
Na manhã de ontem (17), a equipe de reportagem do Jornal Pequeno esteve na Rua Grande, o maior centro comercial da capital maranhense, e viu de perto os reflexos da falta de circulação dos ônibus. O local, que é sempre muito cheio e agitado, estava bem tranquilo. As lojas também sem muitos clientes e, obviamente, sem os lucros que normalmente possuem.
A mesma cena era possível verificar na Rua de Santana, outra via de fluxo bem intenso durante todo o dia. A gerente de uma loja de roupas, Aline Sousa, revelou que esses dois últimos dias foram bem complicados, tanto no quesito vendas como para chegar ao trabalho.
“Infelizmente, é algo que nos afeta em todos os sentidos, mas, principalmente, financeiramente. Eu moro na Cidade Operária e para chegar aqui tive que pagar uma moto. Gasto que não estava previsto. Algumas das vendedoras não vieram, porque não tiveram como pagar. Os clientes também quase não apareceram. É um prejuízo grande”, explicou.
A mesma reclamação partiu de um vendedor ambulante. José Martins, que vende produtos para celular, disse estar preocupado com a duração da greve. Ele lembrou a última paralisação, no ano passado, quando os ônibus ficaram sem sair das garagens por mais de dez dias.
“Deus ajude que tudo volte logo ao normal. As coisas já estão difíceis e não ter movimentação para que a gente possa vender só piora”, desabafou.
Vale lembrar que, alguns dias antes da greve ser iniciada, na quinta-feira (10), na sede do Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPTMA), ocorreu uma audiência de mediação entre o Sindicato dos Rodoviários e o Sindicato das Empresas de Transportes (SET). Na ocasião, os representantes dos trabalhadores definiram como pífia a proposta de apenas 5% de reajuste para o salário e tíquete alimentação que foi feita pelos patrões, além da demissão de todos os cobradores.
Os empregados do transporte coletivo pedem um aumento de 15%, tíquete alimentação no valor de R$ 800 e a inclusão de mais um dependente no plano de saúde da categoria.
NOVA AUDIÊNCIA MARCADA
Nesta sexta-feira (18), às 10h, após determinação da desembargadora Solange Cristina Passos de Castro, do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (Maranhão), ocorrerá uma audiência de conciliação entre representantes dos trabalhadores em transportes rodoviários no estado do Maranhão e dos empresários do setor de transportes de passageiros de São Luís.
A reunião, conforme o órgão, será telepresencial, em observância ao disposto no Ato GP/TRT16 nº 004/2022, que prorrogou a suspensão das atividades presenciais no prédio-sede do Tribunal, até o dia 18 do corrente mês, em virtude do atual cenário da Covid-19.
A desembargadora já deferiu nos últimos dias duas ações ajuizadas pelo SET e pela Prefeitura de São Luís referente à greve dos rodoviários. Ainda na terça-feira (15), ela determinou algumas obrigações que deveriam ser feitas pelo Sindicato dos Rodoviários, entre elas o funcionamento de, no mínimo, 80% da frota do transporte público de passageiro da Grande São Luís (capital, Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar), sob pena de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento. A decisão não foi obedecida e os ônibus seguem sem rodar.
Já na quarta-feira (16), a relatora reconheceu a abusividade e ilegalidade do movimento grevista deflagrado. A magistrada, fundamentada na Lei da Greve, determinou que sejam realizados os devidos descontos do dia parado para os trabalhadores que aderiram ao movimento paredista.
Por meio de nota, o Sindicato dos Rodoviários do Maranhão informou que a entidade segue a disposição da Justiça do Trabalho e do SET, para retornar o diálogo e chegar a um consenso entre as categorias.