Quatro anos depois do assassinato do músico Davi de Souza Bugarin de Mello, em um imóvel, no bairro do Parque dos Nobres, em São Luís, os advogados da família da vítima entraram com recurso de apelação junto ao Tribunal de Justiça. A intenção é anular a sentença proferida pelo 4º Tribunal do Júri da capital, que absorveu o tenente coronel reformado da Polícia Militar Walber Pestana da Silva, autor confesso do crime.
O músico foi alvejado com um tiro na noite do dia 15 de fevereiro de 2018, dentro da casa do militar. Ele estava no local com a namorada, filha de Walber, que alegou ter agido para defender a filha, que supostamente estava sendo agredida pela vítima.
Durante o julgamento, ocorrido ainda em 2018, o PM foi absolvido das acusações por ausência de ilicitude e legítima defesa. Em agosto de 2020, advogados da família de Davi entraram com o pedido para anular ou revisar a sentença, visto que, conforme eles, um novo resultado de um parecer técnico apontou falhas na investigação.
Ao Jornal Pequeno, o advogado Sebastião Uchoa explicou que uma delas foi a de que várias pessoas estiveram no local do crime depois que o acusado se evadiu, além da incongruência de que a vítima estava armada no momento em que foi alvejada.
“Não caberia ao juiz absolver sumariamente pela tese de legítima defesa dele e da filha, quando na verdade a vítima não colocou em risco a vida dele, nem da filha, nem de ninguém, porque não estava armada”, pontuou Uchoa, ressaltando que no dia do crime nenhuma faca foi encontrada.
A suposta arma só foi localizada e apresentada após 30 dias, quando uma empregada da casa a teria achado debaixo de uma cama. Entretanto, o local já havia sido periciado e nada havia sido encontrado.
Uchoa também disse que a lesão da filha do PM só foi vista dois dias depois da morte de Davi. “A filha dele foi ouvida pelo delegado e atendida no Hospital Centro Médico e lá ninguém viu prova nenhuma. Ou seja, outra prova produzida para iludir o promotor, delegado e o juiz para absolvição por legítima defesa”.
Para o advogado, a série de erros e vícios no caso reiteram a necessidade de que a sentença seja anulada ou revista, para que o suspeito seja levado a júri popular.
Carolina Carvalho, tia de Davi, lamentou a forma como perdeu o sobrinho e como ele foi tratado depois de morto. “Uma vida foi interrompida de forma precoce. Perdemos nosso ente querido de uma forma bárbara e cruel. Nem respeitaram o corpo dele, jogaram na calçada como se fosse um lixo”, frisou, ressaltando que aguarda que a justiça seja realmente feita.
O CRIME
Na noite do dia 15 de fevereiro de 2018, Davi Sousa Bugarim de Melo, de 26 anos, foi morto, dentro de uma casa, no bairro Parque dos Nobres, em São Luís. O tenente-coronel reformado da PMMA Walber Pestana da Silva confessou ter atirado no músico, que era namorado da filha dele, após ver o casal discutindo e ele a agredindo.
Davi levou um único tiro que o atingiu na costela e atravessou o tórax. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Socorrão 1, mas não resistiu aos ferimentos. O disparo foi feito a uma distância de, no mínimo, um metro. Um segundo tiro acertou a parede da casa.
O militar fugiu depois do crime e se apresentou no dia seguinte na Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP).