Você chegou naquele ponto da sua carreira que nada te motiva mais e parece que não há mais desafios profissionais? Essa necessidade de fugir da mesmice e vontade de fazer a transição de carreira é mais comum do que algumas pessoas imaginam.
Os motivos para mudar de área não surpreendem: vão desde os novos desafios impostos pela a pandemia às antigas queixas de trabalhadores – carreiras pouco atrativas, mal remuneradas e falta de perspectiva de crescimento.
Seja qual for o motivo, a transição de carreira exige planejamento por ser um momento complexo na vida de qualquer trabalhador. E mesmo quando essa transição não se dá por uma escolha, mas sim por necessidade, existem maneiras de tornar esse processo mais tranquilo.
1. Entenda o mercado de trabalho (e os seus motivos)
Diversos motivos podem levar alguém a decidir fazer a transição de carreira. Um dos mais comuns é a baixa remuneração ou atratividade da área em que o profissional está inserido.
Entre as principais justificativas apontadas pelos brasileiros para mudar de carreira estão:
Salários mais altos (57%);
Flexibilidade de horários (37%);
Potencial de aprendizado (34%);
Potencial de crescimento (33%);
Propósito da empresa alinhado aos propósitos pessoais (27%).
Ou seja, ao decidir mudar de profissão, é fundamental entender como esse novo mercado funciona e, principalmente, porque você quer fazer isso.
Outro problema que pode acontecer é imaginar que a área desejada é menos concorrida e se deparar com vagas extremamente disputadas e processos seletivos nos quais você não evolui.
Para minimizar a possibilidade de fazer uma escolha ruim, antes de fazer uma transição de carreira, pesquise absolutamente tudo sobre a área para a qual você deseja migrar. Isso quer dizer:
Saber qual é a média de salário;
Conversar com profissionais que já atuam na área;
Entender quais são os requisitos para se empregar na carreira;
Analisar o estilo de vida e trabalho na área;
Entender o que é exigido e valorizado nos profissionais dessa área;
Saber quais são as opções de crescimento de carreira;
Observar cultura, ambiente e estilo de gestão na área;
E, por fim, analisar se a mudança realmente faz sentido para o seu contexto como um todo.
2. Seja transparente
Profissionais que mudam de área precisam explicar nos processo seletivos o motivo da mudança. Em alguns casos, se essa história não for bem contada ou se parecer uma meia verdade, a percepção sobre o candidato pode ser comprometida. Uma dica é treinar como você descreve a sua mudança. Antes de ter qualquer conversa com o setor de recrutamento de uma empresa, converse com outras pessoas e analise a percepção delas.
3. O motivo da transição de carreira é desemprego? Deixe isso claro
Com a Pandemia de Covid-19, o país tem enfrentado os números mais negativos da história no que diz respeito a trabalho e emprego. Temos, atualmente, o maior número de desempregados desde o início da série histórica do IBGE – 14,7 milhões de brasileiros.
Dado o contexto, a corrida por uma vaga no mercado de trabalho está cada vez mais disputada – e, por vergonha, alguns candidatos escondem a situação de desemprego. Uma pesquisa do Linkedin mostrou que 45% dos entrevistados já esconderam o desemprego. Do total, 55% disseram ter mentido por vergonha e 27% por acreditarem que isso diminuiria as chances de conseguir um novo emprego.
Segundo Jessica Sadin, gestora de RH em um banco, estar desempregado é totalmente compreensível e o problema, na verdade, seria mentir sobre isso. “Muita gente está desempregada desde o começo da pandemia e não é por falta de vontade, mas porque estamos enfrentando a maior crise do século”, pontua.
Ainda segundo a diretora de RH, na hora de falar sobre o desemprego, é importante demonstrar a sua vontade de mudar essa situação. “Dizer, por exemplo: ‘perdi meu emprego no início da pandemia e estou na luta tentando me recolocar’, é algo positivo”, detalha.
4. Valorize os pontos que conectam você à futura área
Um dos principais dilemas enfrentados pelas pessoas que tentam fazer a transição de carreira é não ter experiência anterior na área desejada e, por isso, não conseguir ser reconhecido como um candidato em potencial.
Para a diretora de de RH do Nubank, entender os pontos de contato entre o que você já faz até hoje e o que você pretende fazer – e valorizar isso, pode te beneficiar.
Por exemplo: você é um profissional da área de comunicação e deseja migrar para a área de dados. O que existe na sua trajetória profissional tem relação com os dados? Seria um projeto? Sistemas que você já opera? Seria seu sonho pessoal? Seja qual for a resposta, valorize isso.
Ser claro sobre a sua vontade e demonstrar interesse sobre a nova área também é positivo. “Isso vai mostrar que, apesar de você não ter experiência ou conhecimento específico, a oportunidade te interessa como pessoa. Sua narrativa precisa ser mais sobre seu potencial do que sobre a sua experiência”, acrescenta.
5. Esteja preparado para dar alguns passos para trás
Quando iniciado o processo de transição de carreira, às vezes, é necessário regredir um pouco em relação à senioridade que você já tinha conquistado como profissional.
O que isso quer dizer?
Por exemplo: se hoje você é um profissional sênior na área de finanças e pretende migrar para a área de tecnologia, possivelmente a sua vaga de entrada será para iniciantes, e não pessoas experientes. E isso, em alguns casos, significa uma remuneração mais baixa também.
Essa preparação pode se refletir, inclusive, em criar uma reserva financeira ou reduzir seus gastos de forma coerente ao patamar na nova área.
Então, antes de decidir mudar de carreira, analise todos os prós e contras e estabeleça expectativas alinhadas à realidade para tomar uma decisão mais acertada.