Estudo aponta que MA e PI registram um caso de violência contra mulher a cada 72 horas

O boletim corresponde aos resultados dos primeiros seis meses de monitoramento, entre agosto de 2021 e janeiro de 2022.

Fonte: Luciene Vieira

Um caso de violência contra mulheres é registrado no Maranhão e Piauí, a cada 24 horas. Essa é uma das conclusões existentes no boletim “Retratos da Violência: novos dados do Maranhão e Piauí”, da Rede de Observatórios da Segurança, divulgado na manhã dessa quinta-feira (24).

De acordo com a pesquisa, são 2.060 eventos violentos monitorados nos dois estados; só no Maranhão, foram 1.018. No levantamento, a Rede de Observatórios, que atua em outros cinco estados (Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo), identificou no total 142 registros de feminicídio e violência contra a mulher entre agosto de 2021 a janeiro de 2020, no Maranhão (67 casos) e Piauí (75 casos).

Feminicídios e tentativas de feminicídios correspondem a 69% das violências cometidas contra as mulheres. A maior parte dos crimes foi cometida por companheiros e ex-companheiros. Brigas e términos de relacionamento são as duas principais motivações quando desconsideramos o alto número de casos em que a motivação não é informada.

O estado do Piauí também se destacou no número de meninas vítimas de estupro. Esse é o tipo de violência contra crianças e adolescentes mais recorrente nos dois estados. No total, são 53 casos desse tipo de violência no Piauí contra 27 no Maranhão.

METODOLODIA

De acordo com Rede Observatórios da Segurança, os dados são “produzidos de maneira independente”, a partir de um monitoramento do que é publicado nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre violência e segurança.

Para chegar aos resultados, a instituição afirma que diariamente são conferidos veículos de imprensa e as informações coletadas alimentam um banco de dados, que depois é revisado.

POLICIAMENTO

Os dados mostram que 85% dos eventos de policiamento são operações policiais. Das 626 operações monitoradas no Maranhão, 461 foram realizadas pela Polícia Civil. A predominância da PC está relacionada à dinâmica local de divulgação de operações feita pela secretaria de segurança para os veículos de imprensa.

Já em relação à vitimização de agentes de segurança, o Maranhão registrou somente quatro vítimas, enquanto no Piauí foram monitorados 22 eventos de violência – incluindo um suicídio.

Segundo o estudo, o estado piauiense tem um dos menores contingentes policiais do país, com seis mil policiais e metade desse contingente está na capital Teresina.

JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS

O boletim da Rede de Observatórios da Segurança registrou, ainda, cinco casos de linchamento, ocorridos no Maranhão. “Quando as facções passaram a regular os territórios das ‘quebradas’ e periferias em 2017, as situações que poderiam motivar linchamentos passaram a ser julgadas pelos membros das facções. Com isso, os números desse tipo de violência no estado se mantiveram baixos”, informa o boletim.

Já o Piauí registrou 13 linchamentos, em seis meses – mesmo sendo menor e com metade da população. Segundo a Rede de Observatórios da Segurança, o que ocorre é que a população sente o impacto do baixo efetivo policial, do sistema de justiça que não consegue realizar seu trabalho e acaba tomando para si a responsabilidade de fazer justiça.

INDICADORES ABORDADOS NO BOLETIM

  • Feminicídio e violência contra mulher
  • Racismo e injúria racial
  • Violência contra LGBTQ+
  • Intolerância religiosa
  • Violência contra crianças e adolescentes
  • Linchamentos Violência armada
  • Ações e ataques de grupos criminais
  • Manifestação, greve e protesto
  • Violências por parte de agentes do Estado
  • Policiamento
  • Violência contra agentes do Estado
  • Corrupção policial
  • Chacinas
  • Sistema penitenciário
  • Sistema socioeducativo
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