95 anos de cultura e muita tradição no encontro de bois em homenagem a São Marçal

Evento reúne os mais tradicionais grupos de bumba meu boi do sotaque de matraca do Maranhão.

Fonte: Janaina Berredo

Ao som de muitas matracas, tambores e pandeirões aquecidos, e as vozes marcantes dos cantadores dos bois do sotaque de matraca, a tradicional Festa de São Marçal voltou a acontecer nessa quinta-feira (30), depois de dois anos suspensa por conta da pandemia da Covid-19. A programação teve início antes do sol raiar, por volta das 5h30, e seguiu até os últimos minutos do dia.

O evento acontece há 95 anos e reúne os mais tradicionais grupos de bumba meu boi do sotaque de matraca do Maranhão. Cerca de 30 brincadeiras passaram pela Avenida São Marçal, no bairro do João Paulo, nessa quinta-feira (30). Quem abriu a festança foi o Boi São Simão. Os batalhões pesados mais aguardados foram os de Maracanã e Maioba.

A coordenadora de comunicação do evento, Adriana Santos, falou com entusiasmo sobre o encontro de bois de matraca. “O sentimento que a gente tem é de alívio, com relação a nós que somos maranhenses e estávamos famintos de cultura. O governo do Estado pôde nos proporcionar dois meses de São João, que tem aliviado este vazio que tínhamos com relação ao nosso grandioso São João. A Festa de São Marçal já tem quase 100 anos de tradição, e esse ano a novidade é que nós, do Instituto Mão de Um Amigo, com a direção do vereador Antônio Garcez, estamos coordenando o evento”, frisou.

Os brincantes puderam repor as energias com o, também tradicional, caldo de feijão produzido pelo 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS), que já é distribuído há 50 anos. Foram mais de 600kg de feijão, doados pelos organizadores da Festa de São Marçal. O caldo de feijão começou a ser distribuído logo cedo, por volta das 7h30.

MOMENTO ESPECIAL

Washington de Jesus Lima, vaqueiro do Boi de Maracanã, não escondeu a emoção e a alegria por participar de mais uma edição da Festa de São Marçal. Com 50 anos de idade, e há 40 como integrante do batalhão pesado de Maracanã, ele comemorou a celebração.

“É um momento especial. O povo estava esperando. Ficamos dois anos sem este encontro presencial por causa da Covid-19. Estou muito feliz. Só tenho a agradecer a Deus e a São João Batista, por este momento e pela disposição para brincar todos os dias do nosso São João”, comemorou.

Para Késia Hellen, índia do Boi Itapera de Maracanã, é uma honra participar da festa. Com 24 anos de idade, ela participa do grupo há 15. “É uma emoção muito grande poder fazer parte deste momento, depois de dois anos parados. Este momento significa muito para mim”, pontuou.

O comprador Douglas dos Santos disse que prestigia a Festa de São Marçal há 20 anos. Ele marcou presença a caráter, com matraca, chapéu com fitas, camisa de grupo de bumba meu boi e sorriso no rosto. “Matando a saudade depois de dois anos. Trouxe a família. Meu filho mais novo, Davi (4), e o mais velho, Cauã (7), também vieram. Recomendo participar do nosso São João. Quem não conhece, tem que conhecer”, enfatizou.

A festança também atraiu muitos turistas, a exemplo da pernambucana Elisabete Barros, de 66 anos, que estava acompanhada da filha e da neta. “É a primeira vez que venho ao Maranhão. Sou amante da cultura brasileira, especialmente do Nordeste. Temos uma diversidade muito grande, inclusive no meu estado. O Maranhão era um dos estados do Nordeste que estava faltando eu conhecer. Estou achando maravilhoso. Atendeu todas as minhas expectativas. Tô curtindo o boi de matraca, e hoje à noite vou acompanhar o de orquestra. Aprovei e recomendo”, disse a aposentada.

A festa de São Marçal também é uma oportunidade de renda extra para muitas pessoas. A ambulante Hellen Gonçalves trabalha diariamente em uma lanchonete na Vila Embratel, mas há cinco anos aproveita a festa para ganhar um dinheiro a mais. “Fico sempre do dia 29 para o dia 30 de junho. Amanhecemos. Dá pra tirar uma renda legal e se divertir também. Vendo bebidas, caldo de ovos. O momento é bem propício”, disse.

ESTRUTURA

Por todo trajeto da Festa de São Marçal, havia policiais militares, bombeiros militares e civis, além de seguranças particulares. A equipe da organização informou que também havia equipe da área da saúde. O palco foi montado em frente à Praça de São Marçal e tinha muitos carros de som.

O guarnicê começou desde a rotatória, onde tem a estátua de São Marçal, e seguiu toda a extensão da avenida que leva o nome do santo.

TRÂNSITO

O trânsito foi interditado no local e no entorno entre às 22h da quarta-feira (29) e às 23h59 da quinta-feira (30). A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) informou que as intervenções ocorreram nas avenidas São Marçal, Getúlio Vargas (próximo ao Curso Wellington) e na Avenida Kennedy (próximo ao Colégio Gonçalves Dias).

O comércio, agências bancárias e escolas situadas na região não funcionaram na quinta-feira (30).

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