Neta do poeta Nascimento Morais Filhos lança o livro “Antologia Poética”

Obra será autografada na Academia Maranhense de Letras, nesta sexta-feira, 15.

Fonte: Luciene Vieira

Será lançado nesta sexta-feira (15) o livro Antologia Poética, uma obra que compreende poemas selecionados de quatro livros do escritor Nascimento Morais Filho. O lançamento será na Academia Maranhense de Letras, localizada na Rua da Paz, no centro de São Luís.

Nascimento Morais Filho nasceu em 1922 e faleceu em 2009. Os poemas de Antologia Poética foram retirados de “Pé de Conversa”, de 1957; “O que é, o que é”, de 1972; “Cancioneiro Geral do Maranhão”, publicado em 1976; e “Esfinge do Azul” (1972, reeditado em 1992), último livro de poemas autorais do escritor.

De acordo com a neta de Nascimento Morais Filho, Natércia Moraes Garrido, que é doutoranda em Literatura e Crítica Literária pela PUCSP, com Antologia Poética, o leitor poderá perceber Nascimento Morais Filho, tanto como poeta, quanto como pesquisador.

“Eu denomino uma pesquisa ‘hercúlea’, no tocante aos três primeiros livros mencionados porque o que meu avô fez foi algo difícil e extenso, complicado até para editar e publicar. É cansativo coletar, selecionar e confrontar as informações e material obtidos. E o meu avô foi um pesquisador concomitantemente à sua profissão oficial, o de Fiscal de Rendas do Estado, que o possibilitou realizar inúmeras viagens pelo interior do Maranhão, registrando toda essa cultura rica que nós temos”, declarou Natércia.

Segundo a neta do poeta, Pé de Conversa”, “O que é, o que é” e “Cancioneiro Geral do Maranhão” fazem parte de pesquisas coletadas “via oral”, ou seja, na explicação de Natércia, conversas gravadas em fitas cassetes e anotadas em inúmeros cadernos.

As gravações teriam sido feitas na capital maranhense, e no interior do estado, entre as décadas de 1950 e 1970. E nelas, haveriam registros de expressões de cada região, lendas, causos, enigmas, costumes, trovas.

Sobre o que é possível encontrar de novo em Antologia Poética, Natércia informou que ela incluiu dois sonetos da época em que Nascimento Morais começou sua carreira poética, por volta da década de 1940. A neta do escritor disse que fez isto para que as pessoas possam perceber a transição da escrita de Nascimento Morais.

“Também incluí uma biografia oficial e toda sua bibliografia, para que não só os leitores, mas também os pesquisadores em literatura maranhense pudessem ter ideia de todas as suas publicações e feitos literários. Optei também por acrescentar os prefácios de ‘Pé de Conversa’, ‘O que é, o que é’ e ‘Cancioneiro Geral do Maranhão’, e o posfácio de ‘Esfinge do Azul’, pois Nascimento Morais Filho gostava de explicar nesses textos todo o caminho percorrido – sempre árduo – para se chegar à publicação final de seus livros”, explicou.

Natércia disse que o foco do poema de Nascimento Morais é a linguagem popular, e os costumes descritos nas trovas e enigmas. Um exemplo seriam os seguintes versos: “Se viver, Chica, quiseres, em harmonia com Teju, escuta comadre, escuta, não queima em casa o caçu”. “Caçu” é uma forma sincopada de cauaçu, espécie de planta que a crendice, conforme ele escutou em Cajapió, diz possuir grande poder para provocar desarmonia no lar, entre o casal.

MODERNISMO

Segundo Natércia, o estilo literário Modernismo, no Maranhão, possui algumas facetas e transições que ocorrem a partir da década de 1940. Nascimento Morais Filhos contribuiu com este estilo literário devido à fundação do Centro Cultural Gonçalves Dias, em 1945, e à sua atuação nele como presidente e coordenador das inúmeras atividades que este grêmio literário promoveu. Dois cadernos literários chegaram a ser publicados, além de dirigirem o Suplemento Cultural do extinto jornal Diário de São Luiz.

“O Suplemento teve mais de 50 edições (entre 1948 e 1950) e mostra a produção literária. Fez parte do Centro muitos nomes conhecidos e outros nem tanto, como Ferreira Gullar, Lago Burnett, Dagmar Desterro, Myrlia de Alencar, Agnor Lincoln da Costa, VeraCruz Santana e vários outros. O Centro apoiou também a publicação dos livros de estreia de Gullar (‘Um pouco acima do chão’) e Burnett (‘Estrela do céu perdido’), ambos de 1949”, destacou Natércia.

A neta de Nascimento Morais Filho disse que, para a família do poeta, ele sempre foi marido, pai e avô cuidadoso e conselheiro. Um homem correto, íntegro e honesto, que deixou de ensinamento convicções fortes atreladas à ética e à moral.

Nascimento Morais Filho teve cinco filhos com a esposa Maria da Conceição. Seus filhos se chamam: Ana Sofia, José, Eleuses, Renan e Loreley. Todos teriam sido influenciados a gostar de ler por Nascimento de Morais Filho. O poeta também teve oito netos, sete mulheres e um homem. E duas bisnetas, que ele não as conheceu.

PESQUISAS

Nascimento Morais Filho fez pesquisas nos âmbitos literário, cultural e ecológico. Ele conseguiu descobrir e resgatar obras de conterrâneos como Maria Firmina dos Reis (publicando em 1975 seu livro-pesquisa Maria Firmina – fragmentos de uma vida, mas também republicando a posteriori toda a obra dela) e Estevão Rafael de Carvalho (A metafísica da contabilidade comercial, publicada originalmente em 1837 e reeditada por Morais Filho em 1987).

HOMENAGENS

A dedicação às letras e à cultura maranhenses rendeu à Nascimento Morais Filho uma cadeira na Academia Maranhense de Letras (cadeira de número 37), a cadeira de nº25 no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e uma honrosa homenagem em 2008, quando recebeu a Medalha da Ordem dos Timbiras, a mais alta comenda ofertada pelo poder executivo estadual.

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