Redução de leitos exclusivos para Covid-19 pode dar falsa impressão de aumento nos casos

Há um ano, o governo do Estado desativou acomodações prioritárias para pessoas com o novo coronavírus, justamente pela baixa de infectados.

Fonte: Luciene Vieira

A partir de julho de 2021, o governo do Maranhão começou a reduzir a quantidade de leitos clínicos e de UTI destinados exclusivamente a pacientes com Covid-19. No mês seguinte, a quantidade de leitos também foi reduzida na rede pública municipal, pela Prefeitura de São Luís. Quando as reduções começaram a ser feitas, no dia 10 de julho do ano passado, na região metropolitana de São Luís, existiam 269 leitos de UTI exclusivos para coronavírus, além de outros 500 clínicos. No total, 585 estavam ocupados, e outros 184 desocupados. A taxa de ocupação variava de 73% para 81,78%. Os dados fazem parte dos boletins diários epidemiológicos da Secretaria Estadual da Saúde (SES), que podem ser consultados no site da Secretaria.

Exato um ano após, no dia 10 de julho de 2022, também por meio do boletim epidemiológico SES, é possível conferir que haviam apenas 38 pessoas internas em acomodações de Unidades de Tratamento Intensivo ou de enfermarias, com sintomas de Covid-19. Porém, por ter havido a redução de leitos, de 269 de UTI para 25, e 500 clínicos para 13, a taxa de ocupação permaneceu alta, com variação entre 62,86% a 64%. Isto significa mais da metade de camas hospitalares exclusivas para pacientes com coronavírus ocupadas. Mas está muito longe de significar “alta” no número de casos.

Se no dia 10 de julho de 2021, quando ainda não tinha havido as reduções dos leitos, existiam 585 pacientes infectados com a nova doença internados na rede pública estadual, no dia 10 de julho deste ano, o número de internações caiu para 38 pessoas em UTIs e enfermarias. Isto significa também que houve uma redução 93,50% de pessoas com Covid-19 internadas em hospitais administrados pelo governo do Estado.

Toda essa matemática reforça que a região metropolitana, formada pelas cidades de Raposa, São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, não registrou “alta de casos de coronavírus”, mas que as infecções ainda ocorrem, mesmo que sob controle.

REDUÇÕES DE LEITOS

No mesmo período do ano passado, até o dia 13 de julho, o governo do Maranhão anunciou que reduziu de 279 para 259 leitos de UTI, e 532 para 470 leitos de enfermarias. Isto, na região metropolitana de São Luís. Naquela época, houve o anuncio também de redução de 20 leitos clínicos, em Imperatriz. E ainda em julho do ano passado, nas demais regiões do estado, o número de leitos exclusivos para o coronavírus caiu de 243 para 211 UTIs, e 548 para 502 em enfermarias.

Quando houve as primeiras reduções de leitos, a SES disparou uma nota à imprensa afirmando que a redução de leitos ocorreu por conta da queda na ocupação.

“Semana após semana, o número de pacientes em leitos apresenta quedas sucessivas. A queda em duas semanas foi de 17,84%. Este comportamento permitiu o redirecionamento de leitos de UTI e clínicos para pacientes com outras patologias”, dizia a nota de julho de 2021.

Já a Prefeitura de São Luís, na primeira semana de agosto do ano passado, desativou 30 do total de 120 leitos exclusivos disponíveis pelo Município, entre de enfermaria e suporte avançado, destinados para o tratamento de pacientes com a doença. Os leitos são da Unidade Mista do Bequimão.

Na época, os hospitais da Mulher e Universitário Presidente Dutra (HU-Ufma) mantiveram em funcionamento os 90 leitos criados pela atual gestão.

NÚMEROS ATUAIS

De acordo com o boletim epidemiológico da SES mais recente, o dessa quinta-feira (21), o Maranhão tem 6.128 casos de pessoas com coronavírus. Cerca de 41 pacientes estão internados em enfermarias, 29 em públicas e 12 em privadas. E, há 44 internações em UTIs, 25 em públicas e 19 em privadas.

Na Grande Ilha, existiam até quinta-feira o total de 60 leitos exclusivos para Covid-19, entre UTI e enfermaria, 34 deles estavam livres e 26 ocupados. A taxa de ocupação variou entre 42,86% para 44%.

Em Imperatriz, 20 leitos, e apenas três ocupados: um em UTI e dois em espaços clínicos. Taxa de variação entre 20% a 10%. Nas demais regiões, existem 60 leitos exclusivos, sendo 30 de UTI (21 desocupados) e 30 de enfermaria (oito desocupados). Taxa de ocupação de UTI 30% e de enfermaria 40%.

Fechar