Uma das leis mais conhecidas na economia é a da oferta e procura. Quanto mais interesse tem um produto pelos consumidores, mais caro ele passará a custar. A Copa do Mundo, um dos eventos esportivos mais aguardados, poderá comprovar que a velha máxima continua firme e forte. As pessoas, ainda mais depois da pandemia, estão ávidas para curtir os jogos. E vão se preparar para isso.
De acordo com levantamento feito pela XP, os itens mais consumidos durante o mundial chegam a registrar aumentos de 100%, desde que aconteceu a última Copa. Estamos falando sobre cerveja, carne e aparelhos de TV, que tem muita procura e que registram inflação de dois dígitos desde 2018, quando aconteceram os jogos na Rússia.
Uma das maiores diversões dos torcedores, de todas as idades, são as figurinhas. Mas fazer a coleção, com o álbum oficial, está 16,5% mais caro, o que torna difícil ter figurinhas – que estão com preço dobrado -, completar o álbum e fazer inveja a todos os amigos.
Muitos torcedores têm a tradição de trocar a TV para assistir aos jogos – e os gols – em grande estilo. Afinal, fica mais barato do que ir ao Catar. Mesmo assim, eles terão que gastar 17% mais do que em 2018. “Curioso é que este é o único item a registrar quedas consistentes de preço desde 2006, por conta dos ganhos de produtividade e mudança rápida da tecnologia. Com os efeitos da pandemia, porém, o aumento da demanda e o setor severamente impactado pela disrupção da cadeia global de suprimentos, os preços passaram a subir.”, destaca Tatiana Nogueira, economista da XP.
Antes das partidas tem o esquenta, as conversas, as apostas e os bolões, ao redor de um belo churrasco. Mas tudo isso isso tem um preço que ficou muito salgado. O brasileiro vai gastar, em média, 80% mais para comprar a carne, 18% para levar a cerveja e 24% para gelar refrigerante e água em casa.
A alta da carne está ligada à maior demanda global, elevação dos custos de grãos e queda da área de pastagens, tudo provocado pela crise hídrica de 2020/2021. Já Cerveja e refrigerante tiveram alta relevante de custos (especialmente de embalagens, com cotação em dólares).
Desta forma, vem logo a ideia de reunir os amigos e torcer em um bar. Mas lá os preços também tiveram reajuste: aumento de 15% da cerveja e de 20% de água e de refrigerante.
Os adereços são igualmente indispensáveis. Uma camiseta da seleção, no site oficial da Nike, custa R$ 349,99, um valor 40% maior do que era cobrado há quatro anos. E bem acima da inflação do período, que foi de 26,8%.
É importante lembrar que o setor de vestuário, de acordo com Tatiana, vem batendo seus recordes para variação em 12 meses, a maior desde 1995, em meio ao Plano Real – e chegou a alcançar 16,66% em julho em decorrência de dois fatores. O primeiro são desajustes nas cadeias que fornecem matéria prima para o setor, que forçam o repasse do aumento de custos para os consumidores, além da retomada do consumo, com a reabertura da economia.
“Por fim, o aumento e volatilidade do câmbio têm parte nisso, dado que o produto é tabelado, ou seja, tem o mesmo valor em dólares para todo o mundo”, ressalta a economista.