Que matinho é esse? Tudo poderia ser só mato, até que a universitária de Biologia Rhuanda Saraiva Barbosa; sua coorientadora, a mestre Gabriela Amorim; e o professor pernambucano Eduardo Bezerra de Almeida Júnior, provaram o contrário. Juntos, eles buscam transformar o olhar de quem anda pela costa de dunas e restingas, quando catalogaram mais de 700 plantas do litoral do Maranhão.
A finalidade da pesquisa é divulgar para os maranhenses que “matos” espontâneos, que em determinados lugares são convencionais ao próprio meio ambiente, podem ter grande parcela de responsabilidade sobre as belezas naturais únicas do estado, e por isso precisam ser preservados.
“No primeiro ano de projeto, montamos um banco de dados sobre as 700 espécies. Para isto, recorri às ferramentas da internet, como Spacelink e o Google Scholar. São nestas plataformas que nós encontramos artigos sobre as espécies de plantas nativas do Maranhão. Nelas, há tabelas de plantas coletadas no litoral. Também, de que forma elas podem ser usadas, como: medicinal, tecnológica, alimentícia”, destacou Rhuanda.
Em 2017, o professor universitário Eduardo Bezerra já tinha feito o levantamento de 400 espécies em áreas de restingas, cuja pesquisa levou dez anos para ser concluída. Quando Rhuanda começou seu estudo em 2020, ela teve este trabalho de Eduardo como apoio, sendo que em dois anos, outras 300 plantas foram catalogadas.
“Todo este material do professor Eduardo já tinha sido compilado e Rhuanda usou como base. A partir de estudos que já foram desenvolvidos e publicados, ela está montando uma outra lista, atualizando o checklist de cinco anos atrás, com mais 300 espécies, dando o total de cerca de 700. Na pesquisa, Rhuanda verifica os domínios que estas espécies contribuem, e realiza, também, a divulgação delas”, informou Gabriela Amorim.
A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA PARA O MEIO AMBIENTE
“Uma vez que estas plantas se tornam conhecidas, elas podem, inclusive, serem utilizadas para diversos fins. Queremos que a preferência seja para espécies nativas. A proposta é divulgar a biodiversidade de flora no ecossistema de dunas e restingas. Dar informações às pessoas sobre a vegetação nativa em depósitos arenosos, explicar por que há plantas ali, e quais são suas funções. Porém, há também as situações em que, uma vez conhecidas, as pessoas possam optar por elas, como em casos de arborização, ornamentação. É a valorização de espécies nativas, e isto pode ser conquistado, divulgandoas”, declarou o professor Eduardo.
“Na área de restinga, costuma existir a substituição de muitas espécies nativas, quando deveria haver a recomposição delas. Quando tiram essas plantas, a areia se movimenta mais, podendo ir parar em estradas. A vegetação é um freio. Quando percebem que não era para terem tirado as plantas, colocam outras. E nem sempre há esta preocupação de repor por alguma espécie que nativa. Quando se muda a vegetação, todo o conjunto do ambiente sofre alterações”, destacou Gabriela Amorim.
DIVULGAÇÃO NAS MÍDIAS DIGITAIS
No segundo ano de trabalho acadêmico, Rhuanda, que já tinha investido o primeiro ano com a criação do banco de dados, iniciou a divulgação nas mídias digitais. De acordo com a universitária, há um canal no Youtube. E várias publicações referente ao projeto estão disponibilizadas no Instagram @lebufma. Em breve, conforme Rhuanda, devem ser produzidos podcasts.