Um comunicado emitido na última semana pela Food and Drugs Administration (FDA), agência regulatória americana, acendeu alerta em médicos e pacientes. Segundo a FDA, próteses mamárias de silicone podem ter ligação com um tipo de câncer raro: o carcinoma de células escamosas (CEC).
O tumor pode ser encontrado no tecido ao redor dos implantes. O FDA afirma que recebeu 16 casos do carcinoma de entidades médicas — apesar de rara, a doença é altamente agressiva e invasiva, com metástase perto de tecidos dos músculos e ossos.
“Em alguns casos relatados, os pacientes foram diagnosticados anos após a colocação de implantes mamários e apresentaram queixas como inchaço, dor, caroços ou alterações na pele”, informou a agência, em nota.
Por isso, o FDA reforçou a importância de uma “comunicação contínua com pacientes, profissionais de saúde e fabricantes” sobre esses e demais riscos na implantação de próteses mamárias. Segundo o órgão, um terço das mulheres que fez a cirurgia apresenta assimetria na mama, dor ou perda de sensibilidade por conta de próteses. Outras podem ter rompimento ou vazamento do implante. Além disso, 60% dos indivíduos que fizeram o procedimento devem precisar de uma nova operação para resolver alguma falha.
Sinais de que a prótese pode estar com problema
O enrijecimento e a perda de volume da prótese são as falhas mais comuns relacionadas aos implantes mamários. Sintomas como inchaço e vermelhidão também podem sinalizar problemas na região do implante.
Os incômodos podem surgir de forma leve ou aguda, em qualquer momento após o procedimento. Para evitar o aparecimento ou agravamento do quadro, é necessário que o paciente realize consultas e exames pelo menos uma vez por ano. Indivíduos que têm implante há mais tempo devem redobrar os cuidados.
“Quanto maior o tempo que o paciente tem um implante mamário, maior é a chance de ele desenvolver algumas complicações, como por exemplo a contratura capsular, que ocorre em 10% em pacientes que tem próteses há mais de 10 anos e, muitas vezes, é motivo de troca ou remoção do silicone“, explica o cirurgião plástico Fernando Amato, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Outro ponto de atenção é a presença de linfonodos (caroços) nas axilas ou inchaço e dor no próprio seio, que podem indicar câncer de mama. Apesar de não ter relação com a prótese, é a principal doença que atinge a população feminina, com incidência muito maior do que os tumores alertados pela FDA. Só no Brasil, o risco estimado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) é 66 mil novos casos até o fim deste ano.
Problemas podem ocorrer com qualquer tipo de implante
Segundo Amato, carcinomas de células escamosas (CEC) podem ser provocados por uma reação exacerbada do organismo ao material da prótese. Por isso, não está relacionado a um tipo específico de implante, mas à própria presença de um “corpo estranho”.
“Qualquer material estranho ao organismo deve estimular uma resposta imunológica e inflamatória local. No caso do implante de silicone, essa resposta exagerada pode causar doenças, e a textura do implante e material, silicone ou solução salina, terão interferência apenas na intensidade dessa resposta. Ou seja, todas as próteses podem causar complicações”, completa.
O mesmo ocorre em relação ao linfoma anaplásico de grandes células (ALCL), que também já foi tema de um alerta do FDA, que pode se desenvolver ao redor dos implantes mamários, também de forma rara. No ano passado, a agência alterou os rótulos dos implantes mamários nos Estados Unidos alertando sobre a ligação a uma série de condições médicas crônicas, incluindo doenças autoimunes, dores nas articulações, confusão mental, dores musculares, fadiga crônica e linfoma.