Estudantes mantêm ocupação na Universidade Estadual do Maranhão

O ato é uma forma de protesto contra suposta fraude no resultado das eleições para reitor e vice-reitor da Universidade.

Fonte: Luciene Vieira

Os alunos da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) devem permanecer ocupando o prédio da Informática, no Campus São Luís, na Cidade Operária, até que as suas reivindicações sejam atendidas.

Eles iniciaram a ocupação como forma de anular a eleição para reitor e vice-reitor, mas outras exigências foram impostas pelos manifestantes, como igualdade de votos nos pleitos para reitoria, representação estudantil nos conselhos superiores da Uema, prorrogação imediata dos contratos dos professores substitutos, funcionamento do Restaurante Universitário no período da noite, criação de uma creche universitária no Campus Paulo VI, criação do complexo poliesportivo e construção de um programa de assistência estudantil.

Na segunda-feira (19), houve uma reunião entre os estudantes e o reitor Gustavo Pereira. O objetivo foi discutir as reivindicações dos manifestantes que estão ocupando a Uema desde o dia 13 deste mês, uma terça-feira.

Os estudantes disseram que a reunião teve um caráter mais de encaminhar do que deliberar, e que em momento algum foi conversado sobre data de desocupação do CTIC.

Ainda na segunda-feira, a reitoria publicou uma nota no site da Uema, relativa à reunião, que desagradou os estudantes. Eles alegaram que as informações “não condizem integralmente com o que foi acordado em reunião entre as partes”.

Na nota, a reitoria afirma que editará Portaria Normativa, contendo orientações sobre o acesso ao Restaurante Universitário e fornecimento de alimentação a estudantes com filhos até a idade de cinco anos. Também, a pró-reitoria de Infraestrutura visitará o prédio do DCE para levantar, junto aos estudantes, as necessidades de reforma do espaço, e em seguida dar início à elaboração do projeto da obra, que deve será autorizada logo após a conclusão da regularização da entidade.

A reitoria disse que dará conhecimento aos estudantes do relatório de segurança do sistema das eleições para reitor e vice-reitor a ser elaborado pela UFRN, conforme deliberação do próprio Conselho Universitário.

Segundo a nota, foi esclarecido ainda que o sistema utilizado nas eleições está à disposição dos órgãos externos de controle, que vêm acompanhando desde o início todo o processo.

Já movimento “Ocupa Uema” disse que enviará ao gabinete da reitoria, ainda nesta semana, os nomes dos estudantes devidamente matriculados que irão compor as comissões para discutir e encaminhar propostas ao Conselho de Administração CAD, referente à pauta de funcionamento do Restaurante Universitário no período noturno.

Ainda sobre essa temática, segundo os estudantes, durante a reunião o reitor Gustavo garantiu que forneceria orçamentos detalhados do Restaurante Universitário, inclusive com informações que comprovem a fragilidade orçamentária argumentada como impossibilitante do funcionamento no período noturno.

CRECHE

Em relação às reivindicações de creche, os manifestantes afirmaram que foram apresentadas sugestões para solucionar de forma imediata esta demanda do campus.

Enquanto a comunidade aguarda a construção de um espaço físico definitivo no Campus Paulo VI, membros do movimento Ocupa Uema indicaram um local, dentro do Cecen, onde poderia funcionar, temporariamente, espaço de atividades infantil recreativas com acompanhamento pedagógico.

Tal iniciativa visa também possibilitar que estudantes do curso de Pedagogia possam estagiar e atender às necessidades de dezenas de famílias da comunidade acadêmica.

CASA DO ESTUDANTE

Com referência à construção da casa do estudante dentro e da sede do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no Campus Paulo VI, o movimento Ocupa Uema disse que apresentará os nomes dos estudantes que irão compor as comissões que irão discutir e encaminhar as propostas dos projetos para o Conselho de Administração. A reunião com a Pró-Reitoria de Infraestrutura deve ser agendada ainda esta semana.

Ficou acordado, também, entre as partes a participação dos estudantes em todo o processo de obras, da definição do projeto arquitetônico à execução da obra. Garantindo o direito à moradia como política de assistência da universidade aos estudantes e espaço de organização políticas estudantis.

CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES

Após a pressão do movimento estudantil, o reitor disse que daria uma resposta à pauta de contratação de professores. A Pró-reitora de Graduação Fabíola Santana teria dito que os atuais problemas de contratação foram motivados por uma falha de comunicação junto aos departamentos quanto às regras do período eleitoral.

Segundo o reitor, os departamentos não enviaram os documentos de renovação do contrato dos professores substitutos em tempo hábil para sua assinatura e aprovação, que era dois de julho. Após o período eleitoral, segundo a pró-reitoria de Graduação, as contratações serão retomadas.

ELEIÇÃO

Em relação a exigência de transparência sobre as eleições, segundo os alunos, a reitoria afirmou que, pelo fato de a empresa responsável pelo sistema ser uma terceirizada, a Uema não possui relatórios com informações detalhadas sobre os dados da votação.

Os manifestantes informaram que a reitoria e o conselho universitário afirmam, por meio de notas e declarações oficiais, que o processo eleitoral se deu com lisura e transparência, mesmo sem nunca terem lido uma linha do relatório das eleições.

“Essas declarações só contribuem para que as suspeitas de que o processo possa ter sido fraudado por terceiros permaneçam. Fato que coloca em xeque a seriedade das declarações da reitoria”, declarou o movimento Ocupa Uema.

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