A empresa americana Space X, do bilionário Elon Musk, vai colocar em órbita o Visiona CUB (VCUB), primeiro nanossatélite criado integralmente pela indústria brasileira para validar tecnologias de aplicação agrícola. A primeira missão do equipamento será monitorar a estimativa de produção de soja e milho do Maranhão. O equipamento tem o tamanho aproximado de uma caixa de sapatos e deve começar a operar no início de 2023, conforme comunicado oficial.
O acordo de cooperação técnica e financeira foi fechado entre a empresa Visiona Tecnologia Espacial (uma joint-venture da Embraer Defesa & Segurança com a Telebras, criada em 2012 para a integração de sistemas espaciais), a Embrapa Agricultura Digital e a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped). A parceria começou em 2018 com o objetivo de desenvolver nanossatélites para uso agrícola.
Pelo acordo, caberá à Embrapa validar as informações, imagens espaciais e mapas dos cultivos agrícolas cedidos pela Visiona, que também prestará informações técnicas referentes à execução e ao desenvolvimento do sistema. A Faped será responsável pela gestão administrativa, gerenciamento dos recursos financeiros em conformidade com o cronograma e o plano de trabalho e pela prestação de contas.
João Antunes, pesquisador da Embrapa e gestor técnico do acordo, avalia que a iniciativa conjunta, denominada Estimativa de Produtividade Agrícola por meio de Modelo Agrometeorológico-Espectral, representará uma evolução da API Agritec (interface de programação voltada ao agro), viabilizando maior assertividade nas previsões de produtividade das culturas da soja e milho no estado do Maranhão. “A solução tecnológica deve ser aperfeiçoada com a incorporação futura de dados obtidos das imagens do VCUB.”
Atualmente, o monitoramento da safra agrícola brasileira é feito por satélites governamentais americanos e europeus. Os dados são obtidos de forma gratuita pelas instituições, porém, o serviço carecia de aperfeiçoamento na visualização de alvos agrícolas, localizados no solo, abaixo das nuvens.
Por isso, os especialistas acreditam que as tecnologias modernas embarcadas no VCUB são uma solução inédita para se obter estimativas com maior precisão, aumentando a quantidade e qualidade das imagens destinadas ao mapeamento e monitoramento das áreas em produção e de conservação.
O nanossatélite vai passar 14 vezes por dia em órbita quase polar (sentido norte-sul, aproximadamente), girando em direção oposta à da Terra. É programado para operar por três anos, mas existem satélites que têm a vida útil planejada para cerca de cinco anos e operam há mais de 15 anos.
Estará equipado com câmera de alta resolução espacial especificamente projetada para captar alvos agrícolas com maior detalhamento. A inovação permite ao satélite apontar com precisão sua câmera para o local desejado ou realizar uma correção de órbita, entre outras aplicações.
Para o presidente da Visiona, João Paulo Campos, o VCUB é um marco para o avanço e autonomia da indústria aeroespacial brasileira, que ganha significado ainda maior por ter como primeira missão atender ao agronegócio, setor fundamental para o país. “A possibilidade de conjugar imagens com alta qualidade e coletar dados de sensores no campo faz do VCUB uma plataforma poderosa para aplicações agrícolas, e a parceria com a Embrapa será fundamental para transformar esse potencial em soluções concretas voltadas para o mercado brasileiro.”