Além dos impactos sociais e econômicos, a pandemia da Covid-19 trouxe repercussões na saúde mental da população como um todo e, de forma especial, nas mulheres.
Em entrevista nessa quarta-feira (5) à Agência Brasil, a psiquiatra Ritele Hernandez da Silva, membro da Comissão de Saúde Mental da Mulher, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), informou que estudos serão feitos para dimensionar a extensão do impacto porque, na verdade, a pandemia não acabou.
A médica destacou que os sintomas da chamada Covid longa, por outro lado, podem estar vinculados com outros indícios existentes previamente.
Outro ponto importante que a Covid trouxe foi o aumento do estresse negativo para a mulher, proveniente do excesso do trabalho, com a tripla jornada, a questão da exigência não só das tarefas externas mas em casa, para cuidar das crianças.
Na parte econômica, a médica lembrou que algumas mulheres tiveram uma exposição maior, principalmente aquelas de nível socioeconômico mais baixo.
“Isso é bem importante. Tudo isso colaborou de forma negativa e o transtorno depressivo se utiliza dessas situações para aparecer”, frisou.
De acordo com a especialista, popularmente pode-se dizer que “é um prato cheio” para desenvolver os transtornos depressivos. Por outro lado, Ritele comentou que se esperava que o impacto fosse ainda maior, mas se impuseram a resiliência humana, a capacidade de a pessoa se reinventar, a capacidade neuronal.
Há ainda outros fatores de proteção que podem auxiliar nesse processo. “O que vem por aí, entretanto, ainda é uma incógnita”, disse.