Grande Ilha registra 729 casos de violência contra idosos entre janeiro e setembro

Houve neste ano 198 registros de negligência (27%), 123 de violência doméstica (23%) e 111 de abuso financeiro (15%).

Fonte: Luciene Vieira

O Centro Integrado de Apoio e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa (Ciapvi), subordinado à Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE-MA), informou que entre janeiro e setembro de 2022 cerca de 729 idosos foram vítimas de violência, na região metropolitana de São Luís. Em 2021, foram 875 registros. A maioria dos crimes registrados é referente à negligência.

Nessa quinta-feira (6), houve comemorações no Sesc Deodoro, região central de São Luís, em alusão à Semana da Pessoa Idosa. Houve neste ano 198 registros de negligência (27%), 123 de violência doméstica (23%) e 111 de abuso financeiro (15%).

Apesar do aumento de registros, a subnotificação ainda é um dos maiores desafios no combate à violência contra a pessoa idosa, pois são crimes que acontecem no âmbito familiar, muitas vítimas acabam não denunciando.

De acordo com a coordenadora do Ciapvi, Isabel Lopzic, a violência ultrapassa os maustratos físicos. “Precisamos pensar no envelhecimento digno, saudável, com respeito. A família precisa entender que o envelhecimento é para todo mundo. Quem é jovem hoje vai envelhecer”, destacou Isabel.

PERFIL MAJORITÁRIO

De acordo com a Defensoria Pública do Estado do Maranhão, idosas com idade entre 60 e 70 anos, autodeclaradas pardas, alfabetizadas e com renda de até um salário mínimo, são as maiores vítimas de violência na região metropolitana de São Luís. A DPE informou que os dados fazem parte de uma pesquisa do Núcleo de Pesquisa Educação e Cuidado em Enfermagem (Nupece), da Universidade Federal do Maranhão (Ufma).

Foram analisadas 5.743 notificações de violência contra a pessoa idosa na Grande São Luís, recebidas pelo centro especializado da Defensoria, no período de 2015 a 2020.

AGRESSÕES

A negligência, caracterizada pela falta de cuidados básicos com o idoso, relacionados à higiene, saúde, medicamentos ou mesmo proteção contra frio ou calor, foi a violação mais cometida. Foram 31,2% dos casos de violência no período avaliado, seguidos de casos de violência psicológica (50%) e abuso financeiro (21%), que também tiveram uma prevalência. E quem mais se destacou dentre os agressores que cometeram violência contra pessoas idosas foram os próprios filhos (48,3%), que apresentaram um percentual significativo ao longo do período estudado.

COMEMORAÇÕES

No dia 1º de outubro, foi o Dia Internacional, Nacional e Estadual da Pessoa Idosa. Ontem, houve comemorações no Sesc Deodoro, com apresentação do Coral do Sesc, oficina de dança do ventre e ensaio fotográfico.

“Com este evento, estamos mostrando para a pessoa idosa que a idade não nos limita. Elas continuam na ativa, e elas podem fazer tudo, dentro das suas possibilidades”, ressaltou Isabel Lopzic.

Segundo Vinícius Goulart, que é defensor público do Núcleo de Defesa da Pessoa Idosa, há uma rede de proteção ao idoso muito articulada. “Qualquer demanda que chega com relação a idosos, várias instituições são acionadas. Isto é muito bom. Na PDE, estas demandas são atendidas pelo Centro Integrado de Apoio e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa. A pessoa que sofre qualquer tipo de violência, precisa procurar o Ministério Público, a Delegacia do Idoso ou o Ciapvi. Existem muitos casos de violência cometidos pelos familiares. As denúncias são feitas pelas próprias vítimas, ou parentes ou vizinhos”, declarou.

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