A Agência Espacial Brasileira (AEB) vai intensificar nesta semana em escolas de comunidades do município de Alcântara, no Maranhão, as palestras educativas sobre experimentos científicos, microgravidade, pesquisas, carga útil e outros temas relacionados a uma operação de lançamento. A iniciativa visa preparar a comunidade para a Operação Santa Branca, que ocorrerá entre os dias 22 a 26 de outubro, a partir do Centro Espacial de Alcântara (CEA).
Nessa operação, será realizado o lançamento de um foguete VSB-30, a partir de uma Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM) e levará a bordo um conjunto de instrumentos para a avaliação do desempenho do voo e o experimento “Forno Multiusuários”, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A plataforma foi desenvolvida por meio de uma parceria entre a AEB, a empresa Orbital Engenharia, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). As palestras começaram no dia 4 deste mês, na Escola Inácio de Viveiros Raposo, e já foram realizadas em outras unidades, como as escolas Barão de Grajaú e Antônio Lobo (dia 5), José Wilson Bezerra de Farias (dia 7), Caminho das Estrelas (dia 11) e Dom Pedro II (dia 13).
Nesta semana vão envolver alunos das escolas Governador Newton Bello (dia 18), Eurico de Jesus e Marechal Castelo Branco (19) e Tereza Martins (21). A programação será encerrada na escola Joaquim Ribeiro (dia 25) e escola Dr. Facure (16).
INVESTIMENTOS EM CIÊNCIA
O presidente da Agência Espacial Brasileira, engenheiro Carlos Moura, acredita que o sucesso da Operação Santa Branca vai permitir ao Brasil “explorar este tipo de lançamento para os interessados na pesquisa científica e no desenvolvimento de tecnologias no ambiente de microgravidade.”
“O Brasil iniciou suas atividades espaciais fazendo ciência. Ao longo do tempo, primeiro com o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) e, a partir dos anos 90, temos nos valido do espaçoporto de Alcântara para continuar nesse caminho”, explicou Moura.
“Seja estudando a atmosfera e seus fenômenos; seja pesquisando processos biológicos, farmacotécnicos, metalúrgicos, seguimos investindo nas capacidades nacionais de fazer ciência e desenvolver processos e materiais tecnológicos em ambiente de microgravidade”, sublinhou.
Todos esses estudos, observou o presidente da AEB, têm levado a Agência a investir no Programa de Microgravidade, no Programa Uniespaço (em cooperação com o CNPq, o MCTi e as universidades) e no desenvolvimento e qualificação desse módulo de carga útil nacional, a Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM).
O FOGUETE VSB-30
“Alcântara pode vir a se tornar um polo mundial para desenvolvimento de experimentos com esse novo aparato nacional”, afirmou Carlos Moura, em tom otimista.
Ele lembrou que o último lançamento com o VSB-30, no Brasil, ocorreu em 2016, na Operação Rio Verde. O foguete foi desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR), e carregava a carga útil MICROG-2, que levou a bordo oito experimentos científicos e tecnológicos selecionados pelo Programa Microgravidade da AEB.