Com o intuito de marcar o Dia Internacional para Acabar com a Impunidade dos Crimes contra Jornalistas, que ocorreu em 2 de novembro, a Unesco fez um apelo a respeito da impunidade em casos de jornalistas assassinados. Segundo a instituição, a taxa atual é de 86%.
A Unesco aponta que a porcentagem caiu apenas 9% na última década. Entre 2020 e 2021, foram 117 profissionais mortos ao redor do mundo.
“Quando um jornalista é assassinado, toda a sociedade sofre. Por isso, não fiquemos indiferentes. Sejamos firmes em deixar absolutamente claro que uma imprensa livre, independente, plural, operando em um ambiente seguro, é uma precondição para a consolidação democrática, para a proteção e promoção dos direitos humanos e para o desenvolvimento sustentável”, diz Guilherme Canela, chefe da área de Liberdade de Expressão e Segurança de Jornalistas da Unesco.
Federação quer Convenção da ONU para proteger mídia livre
Diante do fracasso de iniciativas para controlar a violência contra a imprensa no mundo, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) cobrou uma Convenção da ONU sobre segurança e independência da mídia.
A entidade sediada em Genebra, que reúne associações, sindicatos e federações em mais de 100 países (no Brasil é representada pela Fenaj), criticou o Plano de Ação das Nações Unidas sobre a Segurança de Jornalistas e a Impunidade, que está completando 10 anos, e “não foi capaz de oferecer o ambiente livre e seguro para jornalistas e trabalhadores da mídia que prometeu”.
Além de crimes não fatais como assédio online e offline e perseguições que levam jornalistas ao exílio ou a abandonar a profissão, pelo menos 59 já morreram este ano, segundo a FIJ.
A entidade salienta que jornalistas continuam a ser agredidos, espancados, detidos, perseguidos e ameaçados por fazerem o seu trabalho.
E ao mesmo tempo, ameaças à segurança digital dos profissionais, incluindo ataques cibernéticos, roubo de dados, hackers e assédio online, colocam em risco os profissionais de mídia, “tornando ainda mais urgente a adoção de um instrumento que forçaria os governos a enfrentar a impunidade da violência direcionada jornalistas e profissionais de imprensa”.
“Não temos um instrumento internacional vinculante que force os Estados que fazem parte da ONU a investigar e responder a ataques contra jornalistas”, diz a presidente da FIJ, Dominique Pradalie, condenando a impunidade.
Entre os países em que a situação é mais dramática estão o México, campeão absoluto de mortes, o Afeganistão, a República Democrática do Congo, o Haiti, a Índia, o Kosovo, o Paquistão, a Palestina, as Filipinas, a Rússia, a Turquia, a Ucrânia e o Iêmen. Neles, segundo a FIJ, a violência contra jornalistas permanece em seu nível mais alto.