O preço do etanol voltou a subir depois de meses de queda devido aos movimentos internacionais dos preços dos combustíveis e do clima no Brasil. O valor médio no país variou de janeiro a outubro 26,5%. Depois de atingir R$ 3,48 em agosto, o litro do combustível aumentou pela sexta semana consecutiva e atingiu R$ 3,79, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado na última sexta-feira (11).
“No Brasil, o preço do etanol tem seus movimentos determinados pelo preço da gasolina, e a gasolina voltou a subir (no cenário internacional) recentemente. Há um progressivo aumento da gasolina, que puxa o etanol na mesma proporção”, explica Robson Gonçalves, professor de MBAs da FGV.
“É importante ressaltar que o preço de bomba não depende apenas do preço do produtor, mas também da margem de distribuição, da margem de postos e preço do transporte”, detalha Luciano Rodrigues, diretor de Economia e Inteligência Setorial da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia).
A queda acentuada ocorreu a partir de maio de 2022, quando caiu até outubro deste ano.
“No preço do produtor, estamos vendo uma elevação, que é um movimento rotineiro, porque estamos no final do período de moagem na principal área produtora do país”, explica Rodrigues.
Ele garante, porém, que o Brasil não corre risco de ficar desabastecido do combustível, já que a quantidade de etanol é suficiente para passar o período de entre safras sem maiores problemas.
Sobre a rentabilidade dos combustíveis, Gonçalves explica que existe a “regra dos 70%”, ou seja, vale a pena para o consumidor colocar álcool no carro quando o preço está até 70% o da gasolina. Acima disso, passa a ser mais vantajosa a gasolina por causa do rendimento do motor.
O etanol ficou mais competitivo ante a gasolina somente em dois estados: Mato Grosso e Paraíba. Para valer a pena a utilização do combustível, os critérios consideram que o etanol de cana ou de milho, por ter menor poder calorífico, tenha um preço limite de 70% do derivado de petróleo nos postos.
Na semana passada, segundo levantamento da ANS, a paridade ficou em 69,5% no Mato Grosse e em 69,1% na Paraíbas. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol está bem acima da paridade, portanto menos favorável do que o derivado do petróleo.
Desde junho, existe a possibilidade da venda direta do etanol, mas essa forma é responsável por apenas 1% do total e, portanto, não tem relação com a queda dos preços observados no último mês, segundo o diretor de Economia e Inteligência Setorial da Única.
Além disso, afirma Gonçalves que “a venda direta favorece a margem dos distribuidores, e a ideia é garantir uma certa competitividade, mas está sendo transformada em margem”.