Conheça a primeira empresa privada a realizar lançamentos em Alcântara

A empresa sul-coreana assinou um acordo com o Departamento Brasileiro de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) para lançar o Sistema de Navegação Inercial (SISNAV)

Fonte: Da redação com Agências

A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), e a empresa sul-coreana Innospace assinaram, no início de 2022, um acordo de parceria com o objetivo de realizar o lançamento do foguete HANBIT-TLV e o ensaio em voo da carga útil SISNAV, operação que demonstra a capacidade nacional em desenvolver tecnologias espaciais e lançar foguetes, endossando o compromisso do Brasil com a manutenção da soberania do espaço aéreo.

O foguete da empresa sul-coreana Innospace  foi trazido por meio aéreo desde a Ásia.

O HANBIT-TLV é um lançador de satélites que mede 16,5 metros e pesa 8,4 toneladas. O foguete utiliza um sistema patenteado de alimentação por bomba elétrica, além de tecnologia híbrida, ou seja, com propulsores à base de oxigênio líquido e uma mistura de parafinas, o que proporciona composição química estável, fabricação mais rápida e de menor custo.

O veículo é equipado com a carga útil denominada Sistema de Navegação Inercial (SISNAV), desenvolvida pelos militares e profissionais civis do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o qual faz parte do DCTA.

O SISNAV é um experimento tecnológico brasileiro essencial para a navegação autônoma de foguetes, que permitirá ao Brasil um grande passo em direção à independência no desenvolvimento de veículos para lançamentos de satélites de todos os tipos. O Projeto SISNAV está inserido dentro do Sistema de Navegação e Controle (SISNAC), previsto para o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM) da FAB, focado em órbitas baixas no chamado New Space.

Antigamente, os satélites eram maiores e, ao serem lançados, ficavam em órbitas altas durante longos períodos. A chegada do New Space revolucionou o mercado espacial. Trata-se de um conceito que prioriza o lançamento de satélites menores e mais leves, planejados para orbitarem por períodos mais curtos em órbitas mais baixas, o que diminui a necessidade de grandes áreas e ainda permite o uso de foguetes menores para realizar a operação. Neste sentido, o CLA emerge com um grande potencial, tendo sua agenda à disposição das empresas do mundo todo.

Outra vantagem do New Space é a participação de pequenas empresas de inovação, sendo muitas startups, potencializando o desenvolvimento de pesquisas espaciais devido à constante atualização das tecnologias envolvidas e o seu baixo custo.

“A Operação Astrolábio é o resultado de uma integração inédita extremamente relevante para o nosso país e para o mundo. Por meio dessa parceria, fortaleceremos e capacitaremos a indústria nacional em tecnologias aeroespaciais e de defesa com valor agregado e de alto nível”, explicou o Diretor do DCTA, Tenente-Brigadeiro do Ar, Maurício Augusto Silveira de Medeiros.

No que se refere à segurança da Operação, o Diretor do CLA, Coronel Engenheiro Fernando Benitez Leal, reforça que a trajetória do veículo não passará por áreas habitadas e os pontos de impacto do propulsor e da carga útil, que caem no Oceano Atlântico, ocorrerão a mais de 50 km da costa, não oferecendo perigo à população ou prejuízos ambientais.

Quem é a Innospace

A Innospace foi fundada em 2017 na Coreia do Sul pelo engenheiro aeroespacial Soo Jong Kim na cidade de Sejong, localizada a menos de três horas da capital Seul. É também lá onde fica o Centro Aeroespacial de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa. A outra instalação da companhia está em Cheongjiu, onde ocorrem os testes com os veículos e motores.

A startup nasceu na esteira do crescimento do mercado de pequenos satélites e com o objetivo de baratear o acesso ao espaço, com serviços de lançamento confiáveis de baixa latência.

Antes de fundar a Innospace, Soo Jong Kim trabalhou como pesquisador em algumas empresas sul-coreanas ligadas ao mercado aeroespacial, além de ter passado pela Technion-IIT Rocket Propulsion Center, de Israel, concentrado especialmente em sistemas de propulsão para foguetes.

Em 2020, três anos após a fundação, a Innospace completou uma rodada A de investimento, o que permitiu à empresa avançar com testes dos sistemas de propulsão e abrir uma subsidiária no Brasil, já vislumbrando as atividades de lançamento a partir de Alcântara. No ano seguinte, passou por uma rodada B para seguir com a fabricação dos veículos lançadores.

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