O amor e a coragem de uma irmã impulsionaram uma grande corrente do bem pela vida do universitário Geovane Ferreira da Silva, de 27 anos. Ele estava internado desde novembro de 2022, no Hospital Universitário da Ufma, com um quadro de saúde delicado de suspeita de encefalite necrotizante, que fez com que sua vida tivesse uma grande reviravolta.
Como morava sozinho em São Luís, a irmã Vera Lúcia Ferreira teve que largar tudo em São Paulo para lhe acompanhar ao longo dos últimos meses. Por isso, contou com uma rede de colaboração formada por muitas mãos para tentar levar seu irmão para perto da família.
Ela conseguiu. E foi além; ele vai voltar como o mais novo licenciado em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Maranhão (Ufma). O auditório central da Unidade Presidente Dutra marcou um momento singular na trajetória de Geovane. Foi palco de uma colação de grau especial do segundo semestre de 2022 do Curso de Licenciatura de Ciência Biológicas da Universidade Federal do Maranhão, na tarde dessa quarta-feira, 11.
O momento contou com a participação dos amigos de curso, dos profissionais que o acompanharam até agora e de professores. Ele recebeu a outorga de grau da coordenadora em exercício do Curso de Biologia, Fernanda Fernandes, representando o reitor da Ufma, Natalino Salgado Filho.
Logo em seguida, ele seguiu para o aeroporto, e foi transferido em uma UTI aérea para o Hospital Mário Covas, em Hortolândia (SP).
A irmã de Geovane, Vera Lúcia Ferreira, muito emocionada, fez o juramento em nome do irmão e na ocasião agradeceu tanto o empenho de todos para ajudá-la na vaquinha, que inicialmente seria para a transferência na UTI móvel, como agradeceu a possibilidade da cerimônia especial.
“Não tenho nem palavras para agradecer, a toda equipe do hospital pela forma que eles cuidaram do meu irmão. O meu agradecimento vai para muita gente. Eu fiz uma vaquinha para poder fazer o transporte de Geovane, mas não precisamos usar. Agora, temos mais um meio para poder cuidar da recuperação dele. E queria agradecer por esse momento também. O sonho dele era a formatura. Eu tenho uma mensagem dele em que dizia que eu tinha que dar um jeito de vir na formatura dele. O sonho dele era esse dia chegar. Quando ele ficou doente e eu vi que era muito grave, o meu medo era esse momento não acontecer. Agora vamos focar na recuperação dele perto da família e quando ele tiver bom, ele vai poder exercer a sua profissão”, declarou.
A coordenadora em exercício do Curso de Biologia, Fernanda Fernandes, enfatizou o quão dedicado ele foi durante a sua trajetória no curso. “Ele é uma pessoa de coração enorme. Quando eu vim transferida em 2019, ele cursou uma disciplina comigo e ao final dela ele me enviou uma mensagem muito linda de reconhecimento e de acolhimento. Esse é o Geovane. Essa pessoa de coração bom, estudioso e muito querido no curso de Biologia. Estamos felizes em poder realizar hoje o seu sonho, de colar grau e continuamos torcendo muito por ele”, frisou.
A superintendente do HUUfma, Joyce Santos Lages, fez um agradecimento especial a todos que se mobilizaram e contribuíram de alguma forma para que pudessem se concretizar dois sonhos da família, a transferência e a formação acadêmica.
“Agradecemos a toda a sociedade e em especial a toda a equipe de saúde do HU-Ufma que ao longo desse período cuidou do nosso aluno e jovem Geovane. Agradecer as instituições da Secretaria de Saúde de Hortolândia que foi proativa na liberação da vaga do leito para recebê-lo, da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão que proporcionou o transporte aéreo para que ele retornasse, toda a equipe de docentes e pró-reitores da Universidade que ao longo desse período acompanharam o Geovane e que possibilitaram esse momento de formatura, que era o objetivo dele de estar aqui no Maranhão, que era ser um biólogo”, disse.
A história
Geovane morava em São Luís desde 2017, quando ingressou na Universidade Federal do Maranhão, pelo curso de Ciências Biológicas. É natural de Zé Doca, interior do Maranhão, localizado a 302 km da capital maranhense. Entretanto, sua irmã Vera Lúcia e demais irmãos moram na cidade de Hortolândia, em São Paulo; por isso, foi solicitado a pedido da família a sua transferência para que pudessem revezar entre eles os cuidados.