O abacaxi é uma fruta comumente consumida por milhares de brasileiros, e também é importante economicamente para o Brasil, terceiro maior produtor mundial da fruta. Os principais estados produtores do abacaxi são Pará, Paraíba, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins. No Maranhão, a abacaxicultura tem sido fonte de renda de muitas famílias, mesmo que a produtividade ainda não seja alta, se comparada a outros estados.
A produtividade de abacaxi no Maranhão tem o potencial para ser ampliada. Vale destacar que a fruta produzida no município de Turiaçu tem um sabor diferenciado das cultivadas de outras regiões do Brasil, por ser mais doce e de baixa acidez. No entanto, tecnologias para produção do abacaxi de Turiaçu ainda são incipientes, e podem ser aprimoradas.
As características químicas e morfológicas do abacaxizeiro “Turiaçu” despertaram pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), que recentemente estudaram alternativas biotecnológicas que podem proporcionar melhorias na produção de mudas em laboratório, para garantir qualidade genética e fitossanitária da planta, por meio da propagação in vitro.
A partir da pesquisa realizada pelo doutorando Givago Lopes Alves, com orientação dos professores Dr. Fabrício Oliveira Reis e Dra. Thais Roseli Corrêa, foi desenvolvido um protocolo de micropropagação para o abacaxi de Turiaçu.
“Nesse protocolo, escolhemos a planta com características fenotípicas mais adequadas. Retiramos uma gema lateral ou ápice da planta (explante), fizemos uma limpeza manual para desinfestação e depois inoculamos o explante no sistema in vitro. Após essa fase, é feita a multiplicação, na qual o pequeno explante, exposto a um meio de cultura específico (com balanço hormonal) e utilizando biorreatores de imersão temporária, torna-se possível propagar em várias outras plantas. Uma muda pode gerar até 20 explantes”, explica Givago Alves.
Segundo Givago Alves, no campo, um abacaxizeiro demanda muito tempo para se multiplicar em outras mudas. “Se fizermos um comparativo, uma planta leva cerca de um ano e seis meses no campo para gerar de 10 a 12 mudas. Já no cultivo in vitro, nesse mesmo período, é possível gerar aproximadamente 60 mil mudas por meio da clonagem do explante”, disse.
Para a professora Thais Corrêa, que é uma das coordenadoras do Laboratório de Cultura de Tecidos da UEMA, o protocolo proporciona plantas que podem ser livres de várias doenças, que são comuns nos abacaxizeiros em plantios convencionais, pois é realizado uma “seleção” e “limpeza” das plantas em processos de propagação em laboratório.
“Hoje é uma realidade no Brasil que os produtores adquiram mudas de plantas advindas de laboratórios, porque eles desejam propagar uma planta com sanidade e qualidade genética. Laboratórios comerciais com esse objetivo é uma realidade em muitos estados brasileiros, para diversas plantas, seja frutíferas, florestais ou ornamentais, e o Maranhão ainda é um dos estados que não apresenta laboratórios neste segmento, e nosso laboratório é pioneiro nessas pesquisas, e o primeiro a fazer esse tipo de trabalho com o abacaxizeiro de Turiaçu. Se há, aqui, o plantio comercial com mudas que vieram de laboratório, provavelmente foram adquiridas em outros estados”, comentou Thais Corrêa.
Além do protocolo de propagação, os pesquisadores trabalharam com a aclimatação das plantas no sistema ex vitro, ou seja, transferência das mudas para a casa de vegetação ou para o campo. Após o processo de adaptação no sistema ex vitro, as mudas podem ser cultivadas no campo novamente, e os frutos produzidos em escala comercial.
De acordo com Givago Alves, esse processo diminui a necessidade de insumos e pesticidas para tratar as plantas, pois as novas mudas estarão limpas e com qualidade superior. O protocolo pode servir como base para avanços em pesquisas relacionadas à biotecnologia do abacaxizeiro de Turiaçu.