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‘Eu não sei por onde recomeçar’, relata viúva de maranhense morto em chacina no Mato Grosso

Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, e outras seis pessoas foram executadas em um bar na cidade de Sinop, no último dia 21.

Fonte: Redação / Gustavo Nolasco e João Carlos Morandi

Kelma Silva Santos Andrade, esposa do maranhense Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, natural de Pio XII, que está entre as sete vítimas da chacina dentro do próprio bar que adminstrava em Sinop, ao norte do Mato Grosso, contou à TV Centro América que não sabe por onde recomeçar após perder o marido. Ela também disse que o clima no estabelecimento sempre foi tranquilo e alegre, e nunca esperava que algo assim pudesse acontecer.

“Tudo era ele, desde comer até a conta de água e luz era ele. Ele é o alicerce da casa. Quanto para a mãe dele, quanto para mim, estamos sem chão. Eu não sei por onde vou recomeçar. Eu trabalho, mas é difícil. Tudo era ele. Minha sorte é que minha família está do meu lado”, contou.

Na terça-feira (21), no dia em que aconteceu a chacina, Kelma disse que foi trabalhar no mercado e deixou os dois filhos em casa, porque estavam sem aula. Ao ver a irmã entrando no comércio, às lágrimas, ela pensou que algo tivesse acontecido com os filhos.

“Quando ela [irmã] disse que era com Bruno, aí eu desabei. Eu saí correndo daquele mercado, gritando, parecendo uma louca. Todo mundo correndo atrás de mim porque ninguém estava entendendo nada. Ela me disse que era verdade, que tinha acabado de assassinar o Bruno, e eu falei que era mentira, que ele conhece todo mundo e seria impossível alguém matar ele”, lembrou.

Na frente dos filhos, Kelma disse que se mostra forte diante da situação. “Eu não posso desanimar. Uma coisa que ele me falava todo dia era de que me admirava, dizia que eu era guerreira, que sou forte. Ele me admirava muito como mãe e que se ele tivesse que escolher mil vezes, seria eu para ser a mãe dos filhos dele. Então, perto deles eu estou forte”, afirmou.

Os jogos de sinuca no bar, segundo ela, aconteciam a cada cinco meses. O clima no estabelecimento era tranquilo e nunca teve qualquer discussão, inclusive no dia da chacina não houve qualquer discussão, de acordo com ela.

Um dos autores dos assassinatos, Edgar, que está preso, frequentava o mesmo lugar que Bruno, mas não andavam juntos. Já Ezequias, que morreu em confronto com a polícia, Kelma disse que não o via pelo estabelecimento.

“Se tinha algum problema, ficava lá [no bar]. Ele não me trazia essas coisas. De vez em quando, o Edgar e ele iam participar de torneios em Alta Floresta e Cuiabá. Os dois gostavam de jogar, mas não andavam juntos. Ele falava que Edgar era um jogador”, disse.

O CRIME

Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos, a filha Larissa Frasão de Almeida, de 12 anos, maranhenses de Governador Nunes Freire, e Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, natural de Pio XII, estão entre os mortos de uma chacina que aconteceu na terça-feira, 21 de fevereiro, na cidade de Sinop, no norte de Mato Grosso.

Das 11 pessoas que estavam no estabelecimento Bruno Snooker Bar, sete foram mortas por dois homens. O bar era de propriedade de Maciel Bruno.

Segundo informações preliminares, os assassinatos ocorreram após uma partida de sinuca. De acordo com a polícia, os homens perderam uma primeira partida, foram buscar mais dinheiro, voltaram ao bar e perderam novamente. Depois de serem alvo de piadas das pessoas que participavam do jogo, foram até o carro e pegaram duas armas.

Um deles, com uma arma curta, rendeu as pessoas e as colocou na parede. Enquanto o outro chegou com uma espingarda e atirou nas vítimas. Os assassinos foram identificados como Edgar Ricardo de Oliveira, 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, 27.

Dois sobreviventes da chacina também são maranhenses. Eles foram identificados como Raquel Gomes de Almeida, que era esposa de Getúlio e mãe de Larissa, e o sobrinho dele, Luiz Carlos Souza Barbosa.

Getúlio Rodrigues morava há três anos no Mato Grosso, onde trabalhava como pedreiro. Já Larissa, junto coma mãe, tinha ido a pouco tempo para Sinop onde ficaria para estudar.

“A Larissa foi lá para onde o pai dela agora em janeiro, que foi quando ela já foi mesmo pra ficar, pra estudar, pra ficar mesmo morando lá com ele. Porque antes ela ia mais a mãe dela passava um tempo lá e depois elas voltavam. Agora elas estavam decididas mesmo a ficar em Sinop”, contou Marli Almeida de Sousa, irmã do maranhense Getúlio Rodrigues e tia de Larissa.

De acordo com os familiares, os corpos de pai e filha deve sair do Mato Grosso para o Maranhão no começo da manhã desta quinta-feira (23). Os corpos vão ser velados e sepultados em Governador Nunes Freire.

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