No dia 25 de março de 2023, comemora-se o aniversário do Sampaio Corrêa Futebol Clube, 100 anos de glórias. Uma das maiores forças do futebol do Maranhão e do Brasil.
A história do Sampaio Corrêa, como clube de futebol, é uma das mais bonitas do futebol brasileiro. Além do mais, o fato e a inspiração para a denominação “Sampaio Corrêa”, também faz parte da história de São Luís, pois foi a primeira vez que um avião cruzou os céus das Américas, e São Luís esteve como palco para um dos pousos, mais precisamente na praia do Caju, na Beira-Mar, a baía de São Marcos. O hidroavião decolou dos Estados Unidos, Nova Yorque, em rota programada até o Rio de Janeiro.
A viagem da primeira aventura começou em 17 de agosto de 1922, e encerrada no dia 21 de agosto do mesmo ano, com o naufrágio da Aeronave do primeiro Hidroavião Sampaio Corrêa. A segunda aventura teve início em 04 de setembro de 1922 terminou em 08 de fevereiro de 1923, com achegada no Rio de Janeiro. O co-piloto do hidroavião era um Cearense de Camocim-CE. O Sr Euclides Pinto Martins, que no espaço brasileiro pilotava o avião cedido pelo colega Walter Hilton (americano).
Apaixonado desde a adolescência pelas aventuras marítimas, Pinto Martins, começou a fazer cursos nesta área. Depois se formou em Engenharia Mecânica (1911) na Filadélfia. Muito ambicioso, entrou num curso de aviação e consegui um “brevet” de piloto em 1921. Neste convívio conheceu Walter Hilton, instrutor de voo na Flórida. Aí, confidenciou ao amigo um velho sonho: Atravessar o Atlântico numa viagem de avião Nova Yorque-Rio de Janeiro.
Os dois conseguiram uma verba de patrocínio para o atrevido projeto. Contrataram da fábrica Curtis um Hidroavião biplano, com 28 metros de envergadura e dois motores “liberty” de 400 hp .cada um, com 8 toneladas .O avião foi batizado de “Sampaio Corrêa”, em homenagem ao Senador e Presidente do Aeroclube do Rio de Janeiro, o Sr José Mattoso de Sampaio Corrêa .O projeto estava pronto/ Tripulação : Piloto Walter Hilton , co-piloto Euclides Pinto Martins, Mecânico de bordo Jonh Edward Wilshusm da fábrica Curtis e um retratista- George Thomas Bye, que era jornalista do “ New Yorque Word”, jornal patrocinador do projeto.
No dia 17 de agosto de 1922, decolou do estuário do Rio Hudson (Nova Yorque), o majestoso “Sampaio Corrêa”, sob aplausos de mais de um milhão de pessoas, ostentava nos flancos as bandeiras consteladas das duas grandes repúblicas; EUA e Brasil. O início do percurso foi marcado por vários temporais, sendo a aeronave obrigada a pousar diversas vezes. Numa delas, perderam altitude e caíram no mar por volta de 20:00h, ao leste da ilha de Cuba, a maior ilha do caribe, que constitui uma região do continente Americano. Em pleno Atlântico, numa escuridão total, risco de tubarões e afogamento.
O Hidroavião ainda flutuava na escuridão, mesmo assim a tripulação localizou as pistolas sinalizadoras, mas estes sinais foram em vão. O desespero tomava conta. Aí, Pinto Martins, lembrou que tinha a bordo uma lanterna grande e passou a emitir sinais luminosos da parte mais alta da aeronave. Assim uma Canhoneira da Marinha Americana” Denver”, viu os sinais luminosos e apitou, e foram em direção ao local. Assim com a chegada de socorro, várias tentativas foram feitas para reboque do avião e não conseguiram. O Sampaio Corrêa, foi ao fundo do Mar, sob os olhares tristes dos tripulantes aventureiros. Daí a expressão nas literaturas de Sampaio Corrêa I;
O primeiro avião se foi, mas a vontade de cumprir a promessa, ou seja, o projeto de cruzar as Américas, ainda estava de pé. Novamente, eles conseguiram um financiamento com o mesmo jornal “New Yorque Word”. Em 04 de Setembro de 1922 receberam aeronave e batizaram de “Sampaio Corrêa II”.
A nova aventura começou decolando da Flórida em 07 de setembro/22, em pouco tempo já começava novos problemas com o avião, em Porto Príncipe no Haiti (problema de refrigeração), em seguida São domingos na República Dominicana, Port. Spain Capital de Trinidad e Tobago Guianas Holandesas, Guianas Francesas, e finalmente em 1º de dezembro de 1922, pousou no Brasil, Estado do Pará, no Rio Cunani, ao norte da foz do rio Amazonas.
Já nos ares brasileiros, tiveram que enfrentar temporais, passaram 3 dias em Bragança-PA. Depois prosseguiram voo até São Luís. Às 12:00h do dia 14 de dezembro de 1922, o Sampaio Corrêa II desce na Baía de São Marcos na praia do Caju, hoje compreendida na extensão da Beira-mar. Em 19 de dezembro, decolou para Camocim –CE, terra Natal de Pinto Martins. Em seguida foram para Recife, Alagoas Salvador, Vitória; A grande expectativa era chegar até o Rio de Janeiro. Partiram ansiosos à Cabo Frio. Finalmente às 11:32h do dia 08 de fevereiro de 1923, o Hidroavião Sampaio Corrêa II, é avistado sobrevoando a Baía da Guanabara. Ao pousar foram recebidos na lancha “independência”, da Marinha Brasileira, onde o primeiro a ser abraçado pelo Senador José Mattoso de Sampaio Corrêa, foi Pinto Martins, seguido por Hilton, o piloto.
A inspiração
Este fato é um marco histórico na aviação mundial, tratando-se de um percurso pioneiro. Assim com a concretização da aventura e a divulgação no mundo inteiro, não faltou motivo para homenagens aos atores envolvidos nesta façanha. Em Fortaleza, o aeroporto, Pinto Martins. No Maranhão, a homenagem é uma das mais marcantes e simbolizadas eternamente pelo clube de futebol mais querido do Estado do Maranhão, o “Sampaio Corrêa Futebol Clube”, que foi batizado com este nome, em função do sobrenome do Presidente do Aeroclube do Rio de Janeiro, o Sr José Mattoso de Sampaio Corrêa, que deu origem as aeronaves Sampaio Corrêa I e II. Em 12 de Abril de 1924, Pinto Martins foi encontrado morto, no seu quarto com um tiro na cabeça. Não sendo desvendada a causa por suicídio ou não.
No dia 25 de março de 1923, na residência de Inácio Coxo, localizada em uma das ruas do bairro do Lira, que dão acesso à Rua do Passeio, compreendendo o grande e famoso Bairro de São Pantaleão, um grupo de jovens peladeiros (sapateiros, estivadores, pedreiros etc.) sob o comando de Vital Freitas e Natalino Cruz, resolveu criar a Associação Sampaio Corrêa Futebol Clube, oriundos do antigo Remo F. Club (1920), formado por operários e jovens de pés descalços, sendo escolhido para ser o seu Presidente o desportista Abrahão Andrade. Como vice, Luís Vasconcelos e João Almeida e Plasco Moraes Rego, na primeira e segunda secretaria. Valdemar Zacarias Almeida como tesoureiro, Almir Vasconcelos (Pai de Robson Vasconcelos, ex-dirigente do MAC) como Diretor de Esportes e mais Manoel Brasil como auxiliar das diretorias.
Com relação às cores do clube
O uniforme oficial foi inspirado nas listras da camisa do Fluminense do Rio de Janeiro, e estilizado por Gervásio Sapateiro, nas cores amarela, verde e vermelho. (A inspiração para as três cores, veio em função das cores das vestes) dos pilotos.
O Americano, vermelho e branco e o Brasileiro de verde e amarelo, e ambos com polainas da cor cáqui (empoeirada, cor de terra), semelhante à farda do corpo de bombeiros maranhense). Primeiramente, o Sampaio foi alvirrubro, devido a camisa ser amarela com detalhes vermelhos. Posteriormente na junção das cores das duas nações (EUA e Brasil) surgiu o tricolor, ou seja, encarnado (enfatizado no hino), verde e amarelo, semelhante as cores da Bolívia (País) daí o apelido de Bolívia Querida. Depois, foram surgindo vários nomes, como: Tricolor de Aço, O mais Querido do Estado, Tricolor de São Pantaleão, Esquadrão de Aço, Bolivão, e mais recente, por TUBARÃO, em função da mascote.
Em pouco tempo, o Sampaio Corrêa tornou-se “Campeão Suburbano” ao bater pequenos clubes da periferia e desafiar o grande Luso Brasileiro, à época o Campeão Maranhense e maior potência do Estado. O primeiro compromisso oficial entre os dois clubes em 26 de abril de 1923, sendo que o Luso vinha de uma longa invencibilidade. A partida aconteceu no campo da Rua do Passeio com arbitragem de Antero Novais, e terminou com a vitória do Sampaio por 1×0, com gol de Lobo, feito aos quatro minutos do primeiro tempo. A primeira equipe do Sampaio foi a seguinte: Rato, Zé Novais, João Ferreira, Rói Bride, Chico Bola e Raiol, Turrubinga, Mundiquinho, Zezico, Lobo e João Macaco.
Sabendo-se da rica história e da tradição do Sampaio Corrêa, principalmente pelo fato de sua história fazer parte também da história de São Luís. Achamos que nessa vertente, seria gratificante para a cidade de São Luís, para o Clube e a população Ludovicense que a história do Sampaio Corrêa fosse inserida nas comemorações do aniversário da Cidade de São Luís.
O comitê de organização do aniversário de São Luís deve resgatar fatos pitorescos, como o da história do Sampaio Corrêa, para que a programação de aniversário conte com mais esse item engrandecendo as festividades, assim como outros fatos que com certeza vão ser evidenciados.
Para fomentar esta proeza um grupo de torcedores do Sampaio Corrêa, também do bairro do Lira, (onde tudo começou), tem sempre ideias no sentido de já engrandecer as festas do centenário do clube, comemorado neste sábado, 23 de março de 2023.
Como incluir para as festividades, como ideia; o resgate de um obelisco de autoria, (Governador Godofredo Viana e Prefeito Antônio Brício de Araújo), que à época homenageando o fato, onde nessa estrutura tinha uma “Águia”, esculpida em bronze na extremidade superior de asas abertas, como se tivesse voando, fazendo uma referência ao hidroavião Sampaio Corrêa II, no pouso em São Luís, sendo assim lembrando um voo.
Esse obelisco ficava nas proximidades da rampa do Palácio dos Leões. Quem sabe não poderíamos colocar este item como um presente para o clube e para a cidade de São Luís?
Este obelisco poderia ficar em uns dos locais, que estão sendo restaurados e construídos em parceria com o IPHAN, nas áreas do centro histórico, ou seja, como a construção da Praça das Mercês, ao fundo do convento de mesmo nome, na área do Anel Viário, assim como em outros lugares.
Com o obelisco resgatado com a Águia, o Sampaio poderá ser o único clube brasileiro com dois mascotes, um sendo a “Águia”, pela homenagem já citada, e o outro o “Tubarão”, com referência aos filmes hollywoodiano (Tubarão I, II e III) bem mais recente nos finais dos anos 80, como o grande triturador da década.
Temos duas versões, para a mascote (Tubarão) uma de uma charge de um jornal local “Pacotilha – O Globo”, ao colocar uma jangada representando o Vozão do Ceará, que era o terror do Nordeste, e a única alternativa de derrubá-la, era a presença do Tubarão se aproximando da jangada. O Sampaio realmente encarou o terror Vozão (1 x 1) com dois empates, no Santa Isabel em 1950. A outra dos anos 80, comparando o Sampaio como um tubarão (filmes hollywoodiano-tubarão I, II e III).
Outro desafio teria como meta reproduzir uma réplica da Aeronave (Hidroavião) Sampaio Corrêa II, para ser colocada em exposição em locais estratégicos por ocasião do centenário do clube. Onde esta poderia ser exposta na beira-mar, com possibilidade de colocá-la no mar, e posteriormente na sede do clube para ser visitada pela população maranhense, principalmente pela torcida Sampaína.
O projeto da réplica deverá ser apresentado aos órgãos da cultura e turismo tanto Estadual como Municipal, assim como instituições privadas, no sentido de garantir a execução do projeto e realizarmos uma grande solenidade na apresentação da réplica do Hidroavião Sampaio Corrêa II. E necessário também o apoio da diretoria do clube e da imprensa, para que a ideia tome força e vire realidade. Afinal de contas, o Sampaio Corrêa Futebol Clube, comprovadamente é também; Patrimônio (imaterial) Cultural do Estado, título este outorgado pelo Universo Tricolor.
Assim neste breve histórico relembramos a bonita história do Sampaio Corrêa. Tirando-se quaisquer dúvidas por parte de alguns, que pensavam na existência de dois times do Sampaio ao longo dos seus 100 anos. Na verdade, foram duas aeronaves. Sampaio Corrêa I e II. Sendo assim, para o centenário, com relação essas duas mascotes, e mais a réplica do Hidroavião, poderiam estar inseridas na área de visitação da sede. Um grande presente para o clube. Outro item, seria no ano do centenário (2023), realizar através de concurso, a ideia mais original e representativa do “selo” do centenário do Sampaio, onde este “selo” ficaria para a posteridade e seria usado em todo Brasil pelos correios, inclusive com promoções por parte da diretoria de marketing, e nas mãos de colecionadores/filatelia.
Pesquisando e escrevendo este artigo lembrei-me do meu Pai, Haroldo Pinheiro da Silva Martins, falecido em 18 de março de 2010. Boliviano e Vascaíno até debaixo d’água, e Ferroviário pela vinculação, pois sua vida toda prestou serviço à Rede Ferroviária (RFFSA). Os filhos, (08) oito irmãos (Luís Carlos, Marco Aurélio, Júlio César, João Carlos, José Orlando, Raimundo César, Ana Lourdes e Ana Cristina, todos Souza Martins), brincávamos entre nós, quando ele nos levava ao Nhozinho Santos, para assistir jogos do Ferrin que; Éramos “Ferroviário de obrigação e Sampaio de Coração”.
Assim ficamos, até acostumados a ir aos jogos do Ferrin, inclusive, eu ainda guardo de lembrança uma carteirinha do saudoso Ferrin da Rua do Pespontão, próximo à Beira-Mar. Também muito marcante, a nossa Mãe Valdina Olga de Souza Martins (93 anos),prestes a completar 94 anos , ainda entre nós, graças a Deus , tricolor desde a fase jovem, guarda até hoje na memória times memoráveis da Bolívia querida, como: Baltazar, Cido, Cerejo, Reginaldo, Gegeca e Decadela, Bodinho, Duó, Giovane, Albano, e Zé Pequeno, no final da década de 40 pra 50.
Oito irmãos, orgulhosos dos Pais, pela bravura de luta, revertendo situações adversas e promovendo com muita competência o crescimento do nível social, onde hoje a maioria com curso superior, e vivendo honestamente, o grande legado deixado pelos Pais. Mais orgulhosos ainda guando da lembrança dos avós, um por parte do Pai, o Sr “João Inácio Martins”, ex-prefeito de São Luís na década de 40. E por parte da Mãe, Benedito Amâncio de Souza (compositor e autor teatral). Um dos mais famosos na época, o saudoso “Bibi Geraldino, juntamente com Cecílio Sá, as maiores personagens do teatro popular de rua, à época, final do século XIX e, início do século XX. Assim, fechando nossas lembranças com chave de Ouro tricolor e toda família Martins sendo Sampaio Corrêa. Muitas lembranças e muitas saudades.
Hoje, 25 de março de 2023, dia de todos os Maranhenses se orgulharem de um clube das tradições do Sampaio Corrêa Futebol Clube, com uma bela história, que faz parte dos anais de São Luís. Uma diretoria, com o presidente Sérgio Barbosa Frota, brilhante, incansável e competente, que vem se empenhando e mudando a estrutura do clube, mostrando resultados, um belo currículo de títulos, inclusive sendo campeão da Série “D” em 2012 invicto, Copa do Nordeste /2018. E vários títulos Estaduais. E o clube em si, com 36 títulos Estaduais. Série “B” -1972, Série “C” em 97, invicto, Copa Norte em 1998, 3º da Conmebol em 1998. Parabéns a nossa Bolívia querida, “Time de Escol, Maior Torcida Tradição e Futebol”. De uma gênese espetacular. Num percurso extraordinário do HIDROAVIÃO ao TUBARÃO.
Saudações Bolivianas!!!!
São Luís, Ma, 24 de fevereiro de 2023
José Orlando de Souza Martins, (Médico Veterinário/Técnico /Sec.Est. Saúde-MA)
[email protected]/ ( 98) 989200615
Fontes: História do Futebol Maranhense, 2013, Manoel Martins-2013, São Luis, Maranhão, Brasil; História do Campeonato Maranhense-1918-2018 – Júlio Bovi Diogo, Manoel Raimundo do Amaral, São Paulo, São Paulo -Brasil, 2018
Sampaio Corrêa, “Uma Paixão dos Maranhenses”- Hugo José Saraiva Ribeiro-2011
Pesquisa: Biblioteca Municipal de Camocim-CE, “In, Crônica de uma Vida”, Pág. 108’
Ref.: Theófilo G.de Oliveira, A Saga de Euclides Pinto Martins e Seus Amigos.
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