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Nina é, Nina boi, Nina sempre será: 33 anos

O grupo vem, ao longo destas mais de três décadas, desenvolvendo junto ao povo maranhense o resgate cultural através da música, poesia e da arte.

Fonte: Boi de Nina Rodrigues

O Boi de Nina Rodrigues “Brilho da Balaiada” ou, carinhosamente, Nina, foi criado por Concita Braga em 28 de março de 1990, na cidade que carrega o seu nome, e que foi marcada pela Guerra da Bailada, um dos movimentos revolucionários mais marcantes do Brasil, ocorrida em 13 de dezembro de 1838.

Este ano, o Nina, completa 33 anos de história. O grupo vem, ao longo destas mais de três décadas, desenvolvendo junto ao povo maranhense o resgate cultural através da música, poesia e da arte, na perspectiva de não deixar morrer a história e a cultura popular.

São 5 vinis e 22 CDs, além de ter entrado para as plataformas digitais de stream musical com músicas inéditas. Em toda sua trajetória musical o Boi de Nina Rodrigues convida artistas maranhenses para participar na produção musical de seus discos, dentre eles estão: Josias Sobrinho, César Nascimento, Mano Borges, Papete, Rogeryo du Maranhão, Djalma Chaves, Beto Pereira e o já saudosos, Papete e Humberto de Maracanã, entre outros.

O Nina é considerado como inspiração e modelo para os demais grupos culturais em suas coreografias harmônicas e ritmadas dos vaqueiros e o bailado na ponta dos pés das índias, consideradas as mais bonitas dos grupos de bumba meu boi do Maranhão. O grupo também é conhecido como pioneiro na introdução de novos instrumentos não utilizados até então em no sotaque de orquestra, sem perder, no entanto, suas raízes preservando suas características regionais.

A história que se conta sobre o sotaque de orquestra é que, por volta das décadas de 1920 e 1930, uma orquestra de bordel de Rosário, após realizar apresentação, saiu tocando pelas ruas e encontrou um boi de Zabumba. A parceria teria então formado a nova – e mais diferente – forma de tocar bumba meu boi. Junção que dá espaço às tradicionais zabumbas e agrega instrumentos de sopro e corda, o boi de Orquestra é caracterizado também pela presença dos tambores-onça e taróis.

Entre os personagens do sotaque estão os vaqueiros campeadores, vaqueiros de fita, índias e índios e o boizinho que rodopia e flutua entre as fileiras dos brincantes. As indumentárias são muito luxuosas, carregadas de miçangas, canutilhos, bordados de todos os tipos. E, não podia faltar a irreverencia com muito humor dos donos da festa, Pai Francisco e Mãe Catirina.

Sobre esse aspecto da tradição, a índia destaque do Nina, Rennya Tajra, que mora em Curitiba, mas vem todos os anos dançar, mesmo grávida (como foi na temporada passada), contou: “Eu tenho um amor por TUDO que o envolve! E tenho muito orgulho da cultura secular que nosso estado apresenta todos os anos majestosamente, nem preciso dizer que pra mim o São João é energia, alegria e celebração do nosso povo e dos nossos ancestrais”.

Tanta originalidade rendeu vários convites para festivais e apresentações em todo Brasil, com destaque para: participação no festival do Folclore da Estância Turística de Olímpia – SP, em 2019; composição de ala na escola de samba Beija-Flor de Nilópolis – RJ, em 2012; e a gravação do São João do Nordeste com a rede Record ocorrida no ano de 2012 na Praça Maria Aragão com transmissão pra todo o país e demais filiais no exterior.

E o que falar da música “Nordeste brasileiro”?! Considerado como um dos hinos da cultura popular maranhense e que levou a Rede Globo a pleitear os direitos de concessão da música para divulgação por destacar-se como a melhor representante da cultura nordestina.

Concitinha, está preparando uma temporada cheia de novidades com coreografias novas, indumentárias luxuosas e cheias de cores, além de um repertório musical marcante com grandes clássicos da cultura popular e de sua autoria. Ela afirma que a emoção é grande e que 33 anos é muito simbólico pois representa a idade de Cristo, um simbolismo marcado pela fé e devoção. Segundo a fundadora do grupo, o festejo de aniversário já começa com os ensaios nos bairros e alguns lugares privados de São Luís, a partir desse mês de abril: “Vamos nos apresentar na feirinha de São Luís, dia 02 de abril dando largada em nossas comemorações”, afirmou.

E por falar em novidades, Tallita França, que é cadeirante e ativista das causas de inclusão, estará no elenco de 2023, pela primeira vez, dançando com o grupo, como vaqueira. Ela promete mostrar para o público que pessoas com necessidades específicas não tem limitações para dançar. E abriu o coração: “sempre fui fã e admiradora do bumba-meu-boi de Nina Rodrigues devido às suas toadas, animação e indumentárias, portanto, senti uma vontade imensa de participar da brincadeira, até que surgiu o convite por parte da diretoria e eu prontamente aceitei com maior prazer e felicidade!”

Sobre o jubileu do Nina, um dos vaqueiros campeadores mais experientes, Carlos Rodrigues, mais conhecido como Kabuzão, com 28 anos de casa, dançando e colaborando na construção das coreografias na ala dos campeadores relata emocionado que o sentimento é de gratidão: “quando chega a época dos ensaios a emoção fala alto, a gente trabalha muito forte para levar um espetáculo lindo pro público, e ver a devolutiva deles em aplausos e elogios é gratificante. Nina é educação cultural, nina é arte!”.

Outra experiente brincante do Nina, Írismar, índia guerreira, diz: “Estou inserida nos festejos juninos desde criança, minha mãe sempre gostou muito e sempre me incentivou a dançar, a festa é algo intrínseco a mim. São 20 anos de dedicação, passei por algumas brincadeiras e no boi de Nina Rodrigues encontrei a minha essência”.

E com as bençãos dos santos Juninos e de São Benedito, veremos a alegria dos brincantes do Boi de Nina Rodrigues apresentando um espetáculo de “de frevo, forró, baião, índio, caboclo, artesão, de reggae, matraca, zabumba, de maracatu, capoeira, de um povo livre e rebelde, de crenças, raças e peles”. Que batem no peito e gritam: sou Nina de coração! Nordeste é meu Maranhão!

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