Misturar produtos de limpeza é risco à saúde

Água sanitária com sabão, por exemplo, pode levar a desmaio.

Fonte: Luciana Casemiro

Misturar água sanitária e sabão em pó na limpeza pode causar sensação de tontura, cansaço e dor de cabeça. Combinados, os dois produtos resultam em clorofórmio, substância pode causar esses sintomas. Pode haver se faltar ventilação no ambiente e o dia estiver quente.

Misturar produtos de limpeza é um risco à saúde e ao patrimônio, diz Rafael Almada, presidente do Conselho Regional de Química do Rio. Os inofensivos vinagre e bicarbonato de sódio, por exemplo, populares em postagens na internet como a solução para retirada de odores e manchas de gordura, quando colocados juntos num recipiente podem até causar uma explosão.

“Os produtos são planejados para um tipo de uso, com orientações sobre se é para diluir, usar direto na superfície, tudo na embalagem. Quando se misturam sem conhecimento químico, o resultado pode ser desastroso, com danos reais à saúde”, diz Almada.

Esclarecer influenciadores, jornalistas e profissionais do setor é o objetivo de campanha feita pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes (Abipla) e o Conselho Federal de Química. O workshop “Limpando conceitos, clareando ideias”, já realizado no Distrito Federal e em São Paulo, acontece nesta segunda-feira, 3, na Biblioteca Parque Estadual, no Rio.

A proliferação de posts na internet sobre produtos de limpeza caseiros e misturas, desde o início da pandemia, acendeu o sinal de alerta para o setor.

“Em 2021, apenas em uma rede social identificamos 18 mil postagens sobre produtos de limpeza. E na maioria das vezes as pessoas estavam sendo enganadas, o produto pode ficar cheiroso, fazer espuma, mas não sanitizar. Isso se refletiu nos SACs da indústria com pedidos de orientação. Ao investigar o que havia ocorrido, observamos que muitos casos, de intoxicação a manchas no piso, eram relativos a misturas”, conta Paulo Engler, diretor executivo da Abipla.

Os efeitos adversos não decorrem apenas da mistura de líquidos. Segundo Engler, passar seguidamente os produtos na superfície também provoca problemas. Ele chama atenção para outro risco no mercado: os produtos piratas, sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):

“Fizemos uma pesquisa em 2021, e 22% dos produtos de limpeza nas casas dos brasileiros eram piratas, sem qualquer controle ou segurança”.

A cientista social Erika Tonelli, da ONG Aldeias Infantis SOS Brasil, alerta para o risco maior para crianças:

“Produtos de limpeza em garrafas de refrigerante, por exemplo, podem atrair crianças a bebê-los e inalá-los. E, quando há intoxicação, a forma mais rápida de tratar é levar a embalagem para que o médico saiba qual a substância”, informou.

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