Casal com filha na UTI do Materno Infantil relata drama por alimentação

Pais são agricultores de Urbano Santos, não têm familiares em São Luís, e estão sem recursos para comprar comida.

Fonte: Luciene Vieira

No dia 12 de março deste ano, a pequena Emilly Cristina Martins Sombreira, de apenas dois anos de idade, foi internada no Materno Infantil – unidade que integra o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-Ufma). Tetraplégica, ela foi trazida para São Luís por seus pais, Cláudia Rêgo Martins, 28; e José Ribamar da Costa Sombeira, 32. Eles são agricultores, moram em Urbano Santos, e não têm recursos para pagar por comida e estadia na capital.

Por algum tempo, o hospital liberou refeições tanto para Cláudia, quanto para José. No entanto, a unidade médica cortou o benefício, com a justificativa de que somente um acompanhante tem este direito garantido.

Desesperado, o casal apela por ajuda, por meio de doações, para se manter durante o período em que a filha permanecer hospitalizada.

“Não temos dinheiro para ficarmos indo e voltando de Urbano Santos, pois cada viagem custa em torno de R$ 200. É exaustiva a rotina de um acompanhante de hospital, queremos apenas mantermos nossa família unida, nos apoiando, e isto significa Cláudia e eu juntos no hospital. Nossa Emilly está na UTI, apenas um de nós pode ficar com ela, então eu e minha esposa reversamos”, informou José Ribamar.

A mãe da criança disse que Emilly está internada há um mês e uma semana. Durante este período, os pais da paciente fizeram três trocas de revezamento entre eles, no acompanhamento da criança internada.

“Eu cheguei a ir em casa, devido ter tido um problema na minha garganta. Voltei para São Luís nessa quarta-feira (19), e, no horário de almoço, eu e Cláudia ficamos sabendo que não poderíamos mais os dois juntos fazermos as refeições no refeitório do hospital”, destacou José.

MÃE DORMIU NA RUA

Outra informação repassada por José foi que Cláudia chegou a dormir uma noite na rua. “Cláudia foi proibida de passar a noite dentro das dependências do hospital, na recepção. Noutro dia, minha esposa dormiu ‘no meio da rua’. No dia que fui a Urbano Santos, cheguei a ser expulso do hospital, pois só poderia ficar um acompanhante”, frisou José.

Na noite dessa quarta-feira, José disse que chegou a pedir uma embalagem descartável para que pudesse colocar o jantar fornecido pelo hospital para ele e levar para Cláudia, que permaneceria proibida de adentrar ao Materno Infantil.

“Eu ia ficar com fome, dar a refeição para a minha esposa, mas não pude sair com a comida, pois precisava de uma embalagem, que o hospital se negou a fornecer”, destacou José.

TRAQUEOSTOMIA

Os pais da criança disseram que Emilly passou por uma traqueostomia, que é um procedimento cirúrgico por meio do qual é criada uma comunicação da traqueia com o meio externo. José disse que a filha sangra pela boca, devido a isso.

“Minha filha foi diagnosticada com desnutrição e parada cardiorrespiratória, no Hospital da Criança, e depois foi encaminhada para o Materno Infantil. Emilly está tetraplégica desde o dia 26 de dezembro de 2022, quando desmaiou. Antes da data, ela andava”, informou Cláudia.

DOAÇÕES

O casal Cláudia e José disse que somente voltará para Urbano Santos quando Emilly receber alta. Devido às condições financeiras limitadas, os pais da paciente pedem colaborações, para que possam comprar refeições prontas, e, se possível, pagar uma estadia para Cláudia, em algum lugar próximo ao hospital, enquanto José permanece com a filha na UTI.

Durante a conversa com a reportagem do Jornal Pequeno, os pais da menina aproveitaram para fazer um apelo à presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputada Iracema Vale (PSB), que é ex-prefeita de Urbano Santos, terra natal do casal.

Eles pedem que a deputada se sensibilize com a situação pela qual estão passando e, de alguma forma, os ajude. “Gostaríamos de ter o auxílio da Prefeitura de Urbano Santos, que pode ser por meio da casa de apoio do município, aqui em São Luís. Se eu soubesse onde fica, já tinha ido lá, em busca de abrigo para mim ou minha esposa. E a deputada, que já foi prefeita da nossa cidade, pode ter um jeito de nos ajudar quanto a isso”, disse José Ribamar.

Para doar, é necessário entrar em contato com o casal, pelo telefone: (98) 98594-4847.

Posicionamento do Materno Infantil

Procurado pelo Jornal Pequeno, o Hospital Materno Infantil se manifestou por meio da nota a seguir.

“O Hospital Universitário da Ufma informa que a criança E.C.M.S, encontra-se internada em UTI pediátrica da Unidade Materno Infantil recebendo todos os cuidados necessários para sua recuperação. Seu quadro de saúde é grave e estável, que depende de assistência especializada, ainda sem previsão de alta hospitalar.

Informamos ainda que o hospital está atuando junto aos órgãos competentes para melhor condução da situação dentro dos parâmetros legais, apurando a informação recebida de que os pais não são detentores da guarda da criança. Esclarecemos que é garantido o fornecimento de refeição para o acompanhante legal de todas as crianças internadas e que as situações especiais são avaliadas caso a caso pelo serviço social.

Acrescentamos ainda, que especialmente em ambientes de terapia intensiva – UTI, que por natureza atendem pacientes com casos de maior complexidade, algumas normas são necessárias para garantir maior segurança e qualidade no atendimento, como: medidas sanitárias para controle de infecções, garantia da privacidade dos pacientes, organização do fluxo de pessoas, horário para troca de acompanhantes na unidade, não podendo garantir a permanência de mais de um familiar no ambiente de terapia intensiva.

O serviço social da unidade está acompanhando o caso em questão para condução da melhor maneira possível. Reforçamos aqui o compromisso do HU-Ufma em prestar o melhor atendimento, dentro do seu perfil de atuação, junto à população.
”.

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