Linhas de energia sem sinalização contribuiram para acidente que matou Marília Mendonça

Segundo avaliação, a rede elétrica próxima ao aeroporto causou o acidente, mas não houve falha do piloto

Fonte: Da redação

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgou, na tarde desta segunda-feira (15), o relatório final das investigações do caso Marília Mendonça. A cantora e mais quatro pessoas morreram quando a aeronave em que estavam caiu, em 5 de novembro de 2021, em Piedade de Caratinga, na Região do Rio Doce.

Segundo avaliação, a rede elétrica próxima ao aeroporto causou o acidente, mas não houve falha do piloto. “Não há nenhuma falha do objeto, pane seca, nada nesse sentido. As decisões que foram tomadas por parte do piloto não demonstram nenhum erro”, disse Robson Cunha, advogado da família, em entrevista coletiva.

“De modo geral, o Cenipa entende que não houve, por parte das decisões do piloto, nenhum erro. Todas as decisões que foram tomadas pelo piloto na ocasião, ainda que fora de um plano de voo, elas não são equivocadas ou erradas”, disse.

Entretanto, o advogado ressaltou que será recomendado pelo órgão que sejam colocados identificadores no cabo de alta tensão em que o avião que transportava a cantora bateu. Segundo a polícia, as torres atingidas não estão no perímetro de segurança do aeródromo, não sendo obrigatória a sinalização visual.

A divulgação do relatório final da investigação acontece um ano e seis meses após o acidente. A FAB afirmou que os trabalhos de campo, bem como as coletas de dados e pesquisas referentes às condições que levaram ao acidente foram concluídos em novembro de 2022, mas restava confrontar representantes dos fabricantes da aeronave e dos motores questões do relatório.

A Cenipa informou, ainda, que “o único objetivo das investigações realizadas pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER) é a prevenção de futuros acidentes aeronáuticos”, não sendo propósito da atividade determinar culpa ou responsabilidade.

Veja abaixo a conclusão da investigação

os pilotos estavam com os Certificados Médicos Aeronáuticos (CMA) válidos;
os pilotos estavam com as habilitações de Avião Multimotor Terrestre (MLTE) e Voo por Instrumentos – Avião (IFRA) válidas;
os pilotos estavam qualificados e possuíam experiência no tipo de voo;
a aeronave estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido até 01JUL2022;
a aeronave estava dentro dos limites de peso e balanceamento;
as escriturações das cadernetas de célula, motores e hélices estavam atualizadas;
não se evidenciou qualquer condição de falha ou mau funcionamento de sistemas e/ou componentes da aeronave que pudesse ter afetado o desempenho ou o controle em voo;
não se evidenciaram alterações de ordem médica ou psicológica, no período anterior ao acidente, que pudessem ter afetado o desempenho dos pilotos em voo;
as condições meteorológicas eram propícias à realização do voo;
a situação do aeródromo de SNCT era regular, tanto com relação à inscrição no cadastro de aeródromos da ANAC, quanto com relação à aprovação do Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromo (PBZPA) junto ao DECEA;
o aeródromo de SNCT possuía Superfícies de Proteção ao Voo Visual (SPVV) para aeronaves críticas de “Categoria de Performance B”;
havia uma linha de transmissão de 69 kV fora dos limites de Zona de Proteção de Aeródromo (ZPA) de SNCT;
a linha de transmissão de 69 kV não se enquadrava nos requisitos que a qualificassem como um obstáculo ou objeto passível de ser sinalizado;
o cabo para-raios da linha de transmissão de 69 kV possuía baixo contraste em relação à vegetação ao fundo;
a aproximação do PT-ONJ foi iniciada a uma distância significativamente maior do que aquela esperada para uma aeronave de “Categoria de Performance B” e com uma separação em relação ao solo muito reduzida;
a colisão da aeronave contra o cabo para-raios resultou em esforços de tração que arrancaram o motor esquerdo de sua fixação, ainda em voo, e ocasionou a total perda de controle da aeronave;
a aeronave impactou o solo com elevada razão de afundamento, com grande inclinação lateral para a esquerda e atitude próxima à nivelada;
a aeronave teve danos substanciais;
todos os ocupantes sofreram lesões fatais.

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